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Vacina para COVID-19 afeta a fertilidade?

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Com a pandemia do COVID-19 surgiram muitas dúvidas e um dos questionamentos levantados é sobre a vacina afetar a fertilidade. No post de hoje, nosso colunista, o ginecologista Dr. Roberto de Azevedo, esclarece sobre este tema. Confira!

Vacina para COVID-19 afeta a fertilidade?

O súbito surgimento da pandemia do COVID-19, associado ao expressivo número de óbitos e casos graves de insuficiência respiratória que vieram atrelados a ela, demandou uma rápida resposta da sociedade em seu combate.

Pela primeira vez na história, em um esforço mundial conjunto, diversas vacinas contra o COVID-19 foram desenvolvidas em um intervalo de tempo recorde.

Diversas tecnologias foram empregadas na confecção das vacinas. Desde a utilização de partículas virais inativas, vírus vivos atenuados, até aquela que gerou mais polêmica, o uso de RNA viral. Vacinas criadas com base no RNA de vírus existem a pouco tempo. Embora sua técnica seja segura e eficaz, diversos questionamentos surgiram sobre possíveis efeitos associados a fertilidade que pudessem ser causados por elas.

Assim sendo, para entendermos o motivo pelo qual questionaram um eventual comprometimento da fertilidade em função de vacinas para o COVID 19, é importante levantarmos o que se sabe da infecção pelo COVID 19 no sistema reprodutor. Em homens, a presença do vírus nos testículos não parece ocorrer com frequência.

Pacientes com infecções ativas apresentaram a detecção do vírus no sêmen entre 1 a 6% dos casos avaliados apenas, e, essa detecção não parece piorar os parâmetros do espermograma. É importante ressaltar que não foi possível descartar a ocorrência de contaminação seminal por aerossóis ou mesmo pela pele no momento de sua coleta. Já nas mulheres, apesar do vírus ter sido isolado em swabs de secreção vaginal e endometrial, seu acometimento dos ovários, embora possível, ainda não foi detectado de forma inequívoca.

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Dito isso, e partindo do princípio que o vírus poderia ser encontrado no sistema reprodutor tanto do homem, como da mulher, foi natural que começassem a surgir questionamentos sobre vacinas com presença de vírus vivos ou como o uso de tecnologia de RNA viral poderia acometer a fertilidade de alguma maneira.

Dois estudos recentes, publicados por Gonzalez et al e por Safrai et al, não observaram piora dos parâmetros seminais associados ao uso de vacinas de RNA viral para o COVID. Já Bentov e colaboradores não observaram diferenças na esteroidogênese folicular, ou mesmo na qualidade dos óvulos de mulheres vacinadas. Por fim, Orvietto e colaboradores não observaram diminuição dos resultados em tratamentos de fertilização in vitro em casais vacinados para COVID19.

Considerando as informações de segurança acerca das vacinas para COVID-19, assim como os resultados preliminares que temos sobre a ausência de efeitos adversos na fertilidade, podemos entender, e mesmo, concordar com o posicionamento da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, que diz que todas as pacientes que estão pensando em engravidar devem se vacinar contra o COVID-19. Concluindo, as vacinas, mesmo aquelas feitas com RNA viral, parecem ser seguras e não ter efeitos sobre a fertilidade seja no homem, seja na mulher.

Assista também esse vídeo no Canal: COVID-19 e VACINAS: Esclarecendo as dúvidas com a Dra. Ana Escobar

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