Há alguns dias, estamos passando por uma certa “histeria” atrás da vacina da febre amarela aqui na cidade de São Paulo e arredores. Os posts de saúde estão lotados e, para dar conta dos atendimentos, são distribuídas senhas em um número limitado por dia. Os postos maiores chegam a vacinar 1000 pessoas por dia e para pegar a senha, tem gente que chega a entrar na fila às 16h do dia anterior, para só conseguir pegar a senha a partir das 8h do dia seguinte e ser vacinado efetivamente sabe lá que horas. OU seja, se bobear, tem gente que está ficando 24h na fila. Outros situações mais “tranquilas” relatam histórias de 8h de fila.
Mas claro que essa “loucura” toda não se instaurou por acaso. A mídia tem relatado notícias alarmantes sobre casos de febre amarela que tem levado ao óbito, e alguns deles aqui na cidade de São Paulo. E como está esse “pandemônio” todo, achei super importante compartilhar com vocês algumas informações que recebi da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de São Paulo.
Bom, vamos aos fatos e, ao final, coloco mais algumas informações extras que podem ajudar a acalmar aqueles pais e mães que, assim como eu, também não vacinaram seus filhos e estão meio sem saber o que fazer nesse momento que parece que a vacina está começando a faltar em todos os lugares (e só para adiantar: a rede privada de São Paulo não tem mais doses da vacina contra febre amarela. Ela está esgotada e os únicos lugares que ainda a possuem são os postos de saúde do SUS).
Bom, mas vamos às informações mais atualizadas sobre o problema e sobre a campanha de vacinação que o governo está organizando para os próximos dias.
>>> Saiba mais sobre a febre amarela clicando aqui.
Em primeiro lugar, o início da campanha foi antecipado para o dia 26/02, em vez de iniciar no dia 29 como era o previsto. Além disso, a vacina que será dada na campanha é a com dose fracionada (mais informações sobre isso abaixo).
Campanha terá como público-alvo moradores de 16 distritos da cidade; nos próximos meses, novos distritos serão incluídos.
A ação se estenderá até 17 de fevereiro e foi ampliada para atender os moradores de 16 distritos, conforme recomendação do Ministério da Saúde. Farão parte da ação preventiva na zona Leste os distritos Cidade Líder, Cidade Tiradentes, Guaianases, Iguatemi, José Bonifácio, Parque do Carmo, São Mateus e São Rafael. Já na zona Sul serão vacinadas as pessoas que moram ou trabalham em Capão Redondo, Cidade Dutra, Grajaú, Jardim São Luis, Pedreira, Socorro, Vila Andrade e acrescentou ainda o Campo Limpo para esta primeira fase da campanha de vacinação fracionada.
Outros distritos deverão ser incluídos na campanha de vacinação nos próximos meses. A expectativa é a de, ainda no final de fevereiro, iniciar a vacinação na região central, nos distritos de Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Santa Cecília, Sé; Oeste (Alto de Pinheiros, Barra Funda, Butantã, Itaim Bibi, Jaguará, Jaguaré, Jardim Paulista, Lapa, Morumbi, Perdizes, Pinheiros, Rio Pequeno, Vila Leopoldina, Vila Sônia); e Sul (Campo Belo, Campo Grande, Cidade Ademar, Santo Amaro).
Depois, será a vez da campanha cautelar ter início em outros distritos da região Leste e Sudeste: Ermelino Matarazzo, Itaim Paulista, Itaquera, Jardim Helena, Lajeado, Ponte Rasa, São Miguel, Vila Curuçá, Vila Jacuí, Arthur Alvim, Cangaíba, Carrão, Penha, Tatuapé, Vila Matilde.
Por fim, a campanha vai atingir os demais distritos da região Sudeste: Água Rasa, Aricanduva, Belém, Brás, Cursino, Ipiranga, Jabaquara, Moema, Pari, Sacomã, São Lucas, Sapopemba, Saúde, Vila Formosa, Vila Mariana, Vila Prudente.
O fracionamento da dose segue os padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS). Com a medida, uma dose padrão poderá vacinar até cinco pessoas. Estudos laboratoriais atestam a eficácia da vacina por, no mínimo, oito anos.
É importante ressaltar que não houve epizootia confirmada nestes distritos. A priorização dos distritos a receberem a vacinação se deu de acordo com a proximidade com corredores ecológicos e o risco de exposição à doença.
Os distritos das zonas Norte, Sul e Oeste, que tinham começado a campanha no ano passado, também vão passar a oferecer apenas a dose fracionada da vacina.
A SMS reforça que, para aqueles que não moram ou não trabalham em regiões com recomendação de vacinação, a orientação é procurar as unidades apenas em casos de viagem para áreas de risco.
Histórico:
Desde outubro, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São Paulo iniciou vacinação preventiva na zona Norte da capital. Até o momento, foram vacinados 1.335.552 pessoas.
Em dezembro, a pasta iniciou a vacinação preventiva em distritos da zona Sul da capital e no distrito de Raposo Tavares, na zona Oeste, após epizootias confirmadas no município de Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Foram vacinados, respectivamente, 447.982 e 45.807 pessoas.
E para acalmar um pouco os ânimos:
Não há registro de febre amarela silvestre autóctone (contraída no município) na capital. Não há registro de febre amarela urbana no país desde 1942.
Entre janeiro e março de 2017, foram registrados 11 casos de febre amarela silvestre na capital (cinco evoluíram para óbito). Em dezembro passado, foram registrados outros 10 (seis evoluíram para óbito). Em janeiro deste ano, foram confirmados dois casos (um evoluiu para óbito). Todos são importados de outros estados e/ou municípios (10 de Minas Gerais, um de Monte Alegre do Sul, oito de Mairiporã, três de Atibaia e um de caieiras).
Desde ontem, também tenho recebido via grupos do whatsapp algumas mensagens bem sensatas e esclarecedoras sobre o problema da Febre Amarela e sobre o problema da falta da vacina. Como creio que essas informações possam apaziguar um pouco os ânimos e acalmar aqueles pais que ainda não conseguiram vacinar seus filhos, decidi compartilhar esse texto com vocês, logo aqui embaixo.
Ainda, sugiro que leiam o post até o final, pois lá dou algumas informações práticas sobre a questão da vacinação (tem que pegar senha? tem senha para todo mundo? onde pegar senha? tem que levar as crianças para a fila, etc…). Essas informações me foram passadas por pessoas que vacinaram seus filhos nos últimos dias.
- Sobre a *Febre Amarela* e a “falta de vacinas para todo mundo” (supostamente, texto do Dr. Dráuzio Varela).– O mosquito que pica o macaco (Haemagogus janthinomys) é diferente do que o que pica o homem (Aedes aegypti). O primeiro vive na mata fechada e o segundo dentro da sua casa.– O pernilongo comum não participa dessa história.
– Os humanos suscetíveis, ao frequentarem áreas silvestres, podem ser picados por mosquitos infectados.
– Ao voltarem para casa, se estiverem contaminados e forem picados pelo Aedes, este é quem pode disseminar o vírus para outras pessoas.
– O Aedes vive dentro das casas e voa, no máximo, num raio de *500 metros*. Ou seja, o mosquito não vai atravessar a cidade, a não ser que você permita que ele passe de casa em casa, inclusive na sua.
– Como *não há casos de ciclo urbano de Febre Amarela no Brasil desde 1942*, vacina-se apenas as populações que vivem mais próximas às matas nativas porque o vírus só pode vir de lá.
– Entenda que *mata nativa* é diferente de terreno abandonado ou de barranco com mato alto.
– Seguindo-se o “rastro” das mortes dos macacos, é possível saber por onde o vírus está andando, e assim protege-se as pessoas daquelas áreas. É o que chamam de “corredor do vírus”.
– Por isso é extremamente importante não sair matando macacos por aí! Além de indicarem por onde o vírus anda, *eles são mais vítimas do que nós.*
– Se você *NÃO mora* próximo a áreas de mata nativa, o vírus só chegará a você se houver o ciclo urbano através do Aedes, e este ciclo começa sempre afetando primeiro os moradores das áreas de mata. Por isso é importante fazer o bloqueio deles primeiro.
– Lembre-se que desde 1942 não há casos de ciclo urbano no Brasil.
– Se você se afobar e tomar a vacina *sem necessidade* e esta faltar aos moradores das áreas de mata, fica muito mais fácil de começar o ciclo urbano, pois essas pessoas estarão desprotegidas *por sua culpa.*
– Se você quer realmente proteger a si e a sua família e colaborar com a cidade toda e com os serviços de saúde, *não permita que o mosquito Aedes aegypti procrie.*
– Além de evitar a Febre Amarela, você também estará evitando a Dengue, a Zika e o Chikungunya.
– Você sabia que Sorocaba *já tem caso confirmado de Chikungunya em 2018* e vários casos suspeitos de Dengue e nenhum de Febre Amarela em humanos? Pois é…
– A chave de tudo é o mosquito *Aedes aegypti* e não os macacos! Use sua inteligência!
– Entendeu agora porque a vacina não é para todo mundo?
– Ah, e antes que eu me esqueça, você já olhou seu quintal hoje atrás de água parada ou lembrou de usar repelente?
– Você pode até escapar da Febre Amarela, mas a Dengue, a Zika e o Chikungunya podem estar *dentro da sua casa* e você nem se deu conta disso!
– Percebeu como tem agido errado até então desesperando-se atrás da vacina?
– Bora fazer o certo *acabando com o mosquito!*
Agora algumas informações práticas e bem úteis para quem vai levar seus filhos para a vacinação:
A vacina está em falta em toda a rede privada de São Paulo. Ela só é encontrada em postos do SUS.
Nem todos os postos de saúde estão realizando a vacinação contra a Febre Amarela. Confira nesse link aqui quais são os que tem doses e estão vacinando.
Todos os postos que estão vacinando limitaram o número diário de doses, em função da grande demanda. Assim, para conseguir fazer a vacina, tem que chegar algumas horas antes do posto abrir (eles costumam abrir entre 7 e 8h da manhã) e ficar em uma filha para retirar uma senha. As senhas são distribuídas apenas na hora que o posto abre. Entretanto, as pessoas chegam a entrar na fila até 12h antes do posto abrir (veja como está a procura no posto mais próximo de você e, se for o caso, busque um que esteja com procura menor).
Se você pretende vacinar seus filhos, não precisa levá-los para a fila da retirada de senha. Você pode ir sozinha, levar os documentos dos filhos, levar as carteirinhas de vacinação deles e levar também o cartão de saúde do SUS (é um cartão que é feito nos postos de saúde do SUS). Alguns postos de saúde exigem também comprovante de residência, para ter certeza que a pessoa/família reside mesmo na área onde o posto está localizado. (Importante: na dúvida do que levar/não levar, ligue no posto e questione. Mas um detalhe: você terá que fazer várias tentativas, pois os telefones estão ocupados quase que em tempo integral).
Alguns postos de saúde distribuem senhas preferenciais para pessoas em condições preferenciais: gestantes, mães com bebês de até 2 anos, idosos. Mas você tem que checar se o posto que você irá procurar tem essa política.
Você não precisa levar os seus filhos para esperarem com você na fila da senha. Você pode ir sozinha e levar com você os documentos deles, as carteirinhas de vacinação e também o cartão do SUS. Se for o caso, leve também comprovante de residência.
A partir do momento que as senhas forem distribuídas, basta esperar você ser chamada. E isso também não é rápido, pode levar algumas boas horas. Então, minha sugestão é aguardar chegar mais próximo da sua vez de receber a vacina e só aí pedir que alguém leve seus filhos para tomarem a vacina com você. Isso porque, uma criança esperar 6, 8, 10 ou até mais horas em uma fila é completamente desumano.
E para vocês saberem: sei alguns desses detalhes práticos porque minha cunhada conseguiu vacinar minha afilhada hoje pela manhã. Como ela era preferencial, acabou pegando senha rápido e depois também não esperou muitas horas pela vacina. Mas, eu mesma, não vacinei os meninos ainda. Hoje eu até tentei, mas o posto que eu havia planejado ir, que estava com menos filas até ontem, ficou sem doses hoje. Na segunda de manhã terei pediatra dos meninos e vou conversar com ele pessoalmente para esclarecer algumas dúvidas. Enquanto isso, repelente em todo mundo!
Bom, espero que esse post tenha ajudado.
Veja como ajudar a aliviar as reações das vacinas nas crianças
https://www.youtube.com/watch?v=S9PUktXuWFM