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Um desabafo sobre a “maternidade perfeita”

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Hoje, no blog, trago o desabafo de uma leitora. Ela fala sobre as cobranças que existem em cima do modelo “ideal” de maternidade e do quanto pode ser frustrante quando a gente não se encaixa nele, por um ou outro motivo.

Tenho certeza que muitas de vocês irão se identificar. Boa leitura!

Um desabafo sobre a “maternidade perfeita”

Por Ana Paula Costa

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Photo Credit: wrapsodybaby via Compfight cc

Olha gente, esse relato é um desabafo de alguém cujo maior sonho da vida era ser mãe. E que teve este sonho realizado em dobro ao ser mãe de gêmeos. Falo isso porque, por ser tudo que sonhei, faço tudo o possível para ser a melhor mãe do mundo para eles. Mas vira e mexe me sinto frustrada diante de relatos de mãe superpoderosas que tiveram seus filhos na água, com amor, humanizado… Meus Deus! Quando minha médica indicou o parto cesárea para mim, não questionei porque confiava na profissional e acho que meu parto foi humano sim, foi com amor sim… tudo o que eu queria era ter eles comigo são e salvos… e consegui. São crianças tranquilas, felizes. Não senti dor e me recuperei rápido, achei meu parto normal. Não quero aqui fazer apologia à cesárea não. Inclusive acho que o parto natural, se bem acompanhado e indicado, é sim a melhor opção, mas o fato de conseguir ter um parto natural não faz de ninguém melhor mãe que as outras. Ser boa mãe vai muito além… é no dia a dia. É na paciência com que acalenta seu filho altas horas da madrugada quando o cansaço é enorme. É nos banhos que damos diversas vezes quando a febre não cede. É no carinho que colocamos na comida que preparamos para eles. É mesmo depois de um dia de trabalho, rolar no chão para fazer graça. É abrir mão de uma vida de saídas com amigos e festas à noite. E por aí vai, ou seja, é no cuidado diário e no amor doado nas pequenas coisas.

Quando vem a parte de amamentação então, nem se fala. Essa é uma parte que fico triste porque sei da importância da amamentação exclusiva e infelizmente comigo não foi possível. Eu consegui amamentar os gêmeos até os cinco meses, mas eles sempre tomaram complemento. Os motivos, não sei bem, mas acho que o cansaço foi o maior deles. E olha que eu tinha muitas pessoas me ajudando. Aí vejo relatos de “é possível amamentação exclusiva para gêmeos” e ainda dizendo que cada um ficava uma hora no peito… a pessoa só esqueceu de dizer que devia ter um exercito com ela fazendo todo o resto, porque minha amiga, é humanamente impossível amamentar duas horas e descansar uma, contando que nem sempre você vai ter uma hora de descanso entre as mamadas, porque se um deles não dorme, já era. E ainda tem os banhos seu e deles, a sua comida, a casa para arrumar, as roupas para lavar. E essa rotina você até aguenta um tempo, mas meses, me desculpa, porque não dá. O descanso é fundamental para a produção de leite. Via isso quando conseguia emendar algumas horas de sono e o peito ficava cheio. Acho louvável quem consegue amamentação exclusiva mesmo de gêmeos, mas, por favor, não faça parecer que quem não consegue não teve força de vontade suficiente. Eu mesma chorei muitas vezes quando via que meu leite estava secando, porque eu não dormia.

Parabéns para você que teve seu filho com parto normal e que amamentou exclusivamente até os seis meses, mas peço, por favor, que parem de se julgar melhor que as outras mães, porque, cada uma tem uma história de vida, um contexto diferente e no fundo, acredito que boa parte faz aquilo que acredita ser o melhor para o filho. E, parabéns para você mãe que, apesar da cesária e do complemento, sabe nas pequenas ações do dia a dia, a boa mãe que você é.

 

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