Macetes de Mãe

Um breve relato (ou não tão breve assim) do que é sair de casa com um bebê

Queridas amigas mamães, de agora em diante, sempre que alguém lhe questionar (com cara feia, é claro!) porque você não sai mais de casa desde que virou mãe, vocês poderão mostrar o relato abaixo e aí, com certeza, não serão somente perdoadas como também suuuuuuuuuuper compreendidas. Vamos aos fatos! 
 
Eis que você vira mãe. Você, aquela pessoa ansiosa, super agitada, que faz tudo correndo, que adora uma praticidade e detesta chegar atrasada nos lugares. Vocezinha agora tem um filhote a tira-colo e não tem mais o direito de ir e vir como e quando bem entender. Suas saídas de casa agora são mais ou menos assim:
 
Você tem um compromisso no pediatra às 13h. Sim, no pediatra, porque mãe de bebê (até certa idade) só sai de casa para ir ao pediatra ou ao banco, quando o internet banking não resolve o problema. Fora isso, é tudo on-line (bendita internet) ou por telefone. Mas vamos lá… o compromisso é às 13h. Lá por 9h da manhã você já começa a ficar ansiosa, pensando em tudo que não pode esquecer e revendo toda a rotina do bebê para não se perder nos horários. Às 10h você jura que vai tomar um banho, para não sair com aquela cara de sobrevivente do holocausto, e passar um baton na cara. Na verdade, o máximo que você consegue fazer é jogar uma água no rosto e escovar os dentes, porque o docinho de coco que estava lá no bercinho resolveu que lá tem espinho e dá choque e então quer ira para a cadeirinha vibratória que está na sala. … ops, não, pera aí… ele quer ficar no carrinho na cozinha, pertinho de você, que a esta hora está tentando comer um pão velho com uma manteiga rançosa (quando foi mesmo a última vez que alguém fez compras nessa casa???)… ou não, não, não, também não serve, ele quer é ir ver o gato que está na área de serviço, fazendo suas necessidades habituais FORA  da caixinha de areia (só seu gato faz isso) e brincando com o produto resultante dessa experiência. E nessa hora você pensa em prendê-lo por lá mesmo, com o gato, a caixinha e a caca fedorenta, mas volta às suas origens de mãe e fica com o pequeno no colo até que ele se acalme.
Nisso, já se passou mais uma hora e já são 11 da manhã. Então você decide que está na hora de fazer o pequeno comer, rápido, rápido, rápido porque você ainda tem que enfrentar um trânsito do cão e não perder o horário da consulta. Mas seu pequeno sente aquela vibração “rápido, rápido, rápido” que exalava de você e resolve mamar na função slow motion. Para ser mais sincera, stop motion. Tudo bem, você respira fundo, repete o mantra “não vou me irritar, não vou me irritar”e descansa placidamente sua cabeça na poltrona de amamentação para tirar uma soneca. Dois segundos depois, é acordada com um jato de leite que atinge mamãe e bebê com o poder de um mini tsunami. Ou, nou!!! Trocar a sua roupa e a do bebê não estava nos seus planos até esse momento, mas tudo bem, faz parte.
Você troca a roupa do bebê, coloca nele uma das ropinhas mais lindas que ele tem, penteia o cabelo, passa uma colônia e coloca um sapatinho super fofo. Já você, troca no máximo a blusa (na calça só respingou, vai assim mesmo), prende o cabelo todo massarocado, esquece de passar até desodorante e quase sai de chinelos. Mas tudo bem, estão prontos para sair. Ufa.
Agora vem o segundo estágio da aventura. Chegar da casa até o carro. Parece super simples para quem olha de fora né, mas não é. Acompanhe comigo:
Você e bebê estão prontos. Ele lindo e sorridente. Você totalmente acabada e super, hiper, ultra mal humora (e se soubesse o que ainda estava por vir guardaria um poudo de mal humor para depois). Você coloca o bebê no carrinho, atravessa num ombro a bolsa de passeio do bebê, que pesa algo próximo a a duas toneladas, e pendura no outro a sua própria, que se resume a uma extensão da dele. Quando está tudo no seus devidos lugares e você com a chave na mão, o pior acontece: o coisinha linda faz cocô e você tem que largar tudo, tirá-lo do carrinho e retornar ao estágio anterior.
 Claro que não poderia ser um mero cocozinho. Claro que o pequeno tinha que fazer um estrago daqueles e você ser obrigada a trocar fralda, body, calça, tudo. Nisso você perde mais uns 15 minutos e sai de casa mais atordoada ainda. 
Lá está você na posição anterior: bolsa do bebê num ombro, sua bolsa no outro, carrinho do bebê em uma mão (com este dentro, por sorte dessa vez ele foi para o carrinho sem encenar o show dos horrores) e na outra um terno e uma caixa de ferramentas. Sim, um terno e uma caixa de ferramentas! Seu marido ainda faz o favor de pedir para você passar na lavanderia para deixar o seu uniforme de executivo para lavar e devolver para o seu sogro a caixa de ferramentas que ele pegou emprestada no inverno de 2008. Assim, lá vai você dirigindo um carrinho com rodas dianteiras que giram 360 graus com apenas uma das mãos e arrancando a pintura de todas as paredes do condomínio (e rezando para as câmeras não registrarem muita coisa).
Mais uma etapa cumprida. Eeeee! Chegamos até o carro. Agora vem aquela parte ótima na qual você tem que despreender o bebê conforto do carrinho para colocá-lo no carro. No que você levanta o bebê conforto com o bebê dentro você tem certeza que se mijou toda tamanha a força para carregar aquele trambolho com um pacote de quase 7kg dentro (e começa também a questionar a sua escolha por parto normal, com certeza). Uns 20 segundos depois, claro que depois do bebê já estar presinho no bebê conforto e querendo arrancar o protetor solar da janela, você percebe que deixou lá em cima a chupeta do pequeno. I M P O S S Í V E L  sair de casa sem chupeta. No chance! Você olha para os lados, cogita deixar o bebê ali dentro e subir correndinho para pegar a chupeta, mas já começa a imaginar o elevador quebrando, você ficando presa, o bebê ficando preso, você sendo acusada de abandono de incapaz e por aí vai. Não tem jeito. Você solta o bebê do bebê conforto, pega ele no colo e faz todo o caminho de volta. Pega a chupeta, desce de novo, prende o bebê de novo e aí sim está pronta para sair.
Você entra no carro, reza dois Pai Nosso e duas Ave Maria porque chegou até aqui, coloca a chave na ignição e segue para o destino. Claro que já atrasada no minimo meia hora, suada até o último pelo do seu corpo e jurando que na semana seguinte contratará uma babá.
Nisso, pelo menos (Deus existe!), seu pequeno pega no sono e dorme placidamente todo o caminho. E você fica olhando pelo espelho retrovisor e vendo a carinha dele refletida no espelho de segurança que está fixo no banco de trás. Você olha para o bebê, o Elmo que está fixo no espelho de segurança olha de volta para você. Tudo lindo, como em comercial de margarina. Aí você sorri em silêncio e canta mentalmente uma daquelas malditas músicas da galinha pintadinha que não saem mais da sua cabeça e esquece todo o perrengue que acaba de viver. Ou pelo menos até a próxima saída

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