Tuberculose é uma doença infectocontagiosa, transmitida pelo ar que se tornou um problema de saúde pública mundial, afetando todas as idades, inclusive grávidas!
O post de hoje é uma utilidade pública, pois nossa colunista, a Dra. Chiara Ayres, médica obstetra, compartilha conosco informações importantes sobre tuberculose na gestação. Confira!
Tuberculose na gestação
É tempo de abrir as janelas! Arejar a casa!
Deixar o sol entrar assim como nossas mais antigas matriarcas nos orientavam com temor de uma doença ainda socialmente assustadora: a Tuberculose.
Opa! Pensou assim?
“No meus país não existe mais essa doença!
Eu não estou vulnerável à essa doença!
Já sou vacinada! Não preciso me preocupar!
Isso é coisa do passado!”
Bem, precisamos conversar sobre a Tuberculose
A Tuberculose (TB) persiste. É uma doença séria que ainda existe no Brasil. Em 2018 foram diagnosticados mais de 70 mil novos casos da doença no país.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) cerca de 3,2 milhões de mulheres foram acometidas pela TB no mundo, no ano de 2014, e ela está entre as cinco principais doenças infecciosas com alta taxa de mortalidade na população feminina na faixa de 20 a 59 anos.
É uma doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas. A doença é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch. A transmissão ocorre através do ar: tosse, espirro e fala da pessoa acometida para a saudável.
O principal sintoma é a tosse na forma seca ou produtiva. Por isso, recomenda-se que todo sintomático respiratório que é a pessoa com tosse por três semanas ou mais, seja investigada.
Há outros sinais e sintomas que podem estar presentes, como:
- febre vespertina: final da tarde, início da noite
- sudorese noturna: acorda suado, roupa de cama molhada
- emagrecimento
- cansaço / fadiga
Tuberculose na Gestação: as gestantes têm risco adicional para desenvolver
É preciso ainda um alerta mais cauteloso para a ocorrência de Tuberculose na Gestação: as gestantes têm risco adicional para desenvolver a TB uma vez que na gravidez há mudanças imunológicas que favorecem uma oportunidade para infecção pelo agente causador da TB ou ativação de infecção latente.
Estudos estimaram que cerca 216.500 gestantes estavam contaminadas pelo bacilo da Tuberculose mundialmente em 2011.
É extremamente difícil prever a doença nos estágios iniciais da gestação visto a sintomatologia imprevisível da TB na gravidez, dessa forma, tosse sem febre é um sinal muito significativo e merece ser avaliado o quanto antes por seu médico.
A associação TB + gestação aumenta os riscos de parto prematuro, baixo peso ao nascer, crescimento intrauterino restrito (quando o bebê cresce menos que o esperado para a idade gestacional) podendo ainda levar a casos de TB congênita (transmitida da mãe para o bebê ainda na gestação), evento raro mas com alto índice de mortalidade para o recém-nascido acometido e não tratado.
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Não há registros de contaminação por TB através do leito materno, mas alguns estudos só recomendam amamentar após feito exame do escarro da mãe contaminada não apresentar mais a bactéria causadora da doença. É possível substituir a contraindicação por medidas simples como uso de máscara pela mãe enquanto não alcança a negatividade do exame. A amamentação deve ser incentivada em mulheres em tratamento, visto o enorme benefício do aleitamento materno!
Com esses dados, ressaltamos a importância de se direcionar um olhar atento para as mulheres durante pré-natal, parto e pós-parto, tanto na intenção de um maior controle da TB quanto na busca de reduzir seus efeitos negativos ao binômio mãe-filho.
IMPORTANTE SABER:
Caso apresente sintomas de tuberculose, é fundamental procurar unidade de saúde mais próxima da residência para avaliação e realização de exames. Se o resultado for positivo para tuberculose, deve se iniciar o tratamento o mais rápido possível e segui-lo até o final.
A Tuberculose tem cura, o tratamento é gratuito e disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Para o êxito do tratamento, é importante que o paciente tome os medicamentos de forma regular (todos os dias) e no tempo previsto (mínimo de 06 meses).
Logo nas primeiras semanas de tratamento, o paciente se sente melhor e, por isso, precisa ser orientado pelo profissional de saúde a realizar o tratamento até o final, independentemente da melhora dos sintomas. É importante lembrar que o tratamento irregular pode complicar a doença e resultar no desenvolvimento de tuberculose drogarresistente. Um grande problema mundial!
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A principal maneira de prevenir a tuberculose em crianças é com a vacina BCG ofertada gratuitamente. Esta diminui a incidência das formas graves da doença (meningite tuberculosa e tuberculose miliar), mas não evita a forma pulmonar.
Além disso, outra medida de prevenção é manter ambientes bem ventilados e com entrada da luz solar, portanto: abram as janelas!
Apoie, acolha e incentive a pessoa com a doença a se cuidar e tratar. A Tuberculose tem cura!
Assista esse vídeo, no Canal MdM, sobre vacinas na gravidez: