Hoje vamos falar de transgêneros! Atualmente, homens e mulheres transgênero também podem ter acesso a métodos de reprodução humana. Tornando assim, a paternidade e a maternidade são uma realidade possível para todos.
Quem fala sobre isso, é a nossa colunista, a Dra. Maria do Carmo. Confira!!!
Transgêneros na clínica de Reprodução Assistida: uma nova jornada
Indivíduos transgêneros (ou pessoas denominadas trans), são aquelas que vivem uma discordância entre o sentimento próprio de sua identidade de gênero e o sexo que lhes foi atribuído ao nascer. Quando não há esta incongruência o indivíduo é denominado Cis. Assim, temos um homen trans, atribuído como mulher ao nascimento, que se identifica como homem; uma mulher trans, atribuida como homem ao nascer, que se identifica como mulher. Ainda, alguns podem se identificar como binários, homem e mulher, como nenhum dos dois ou em algum ponto entre ambos.
Num primeiro momento esta população mundial, estimada em cerca de 25 milhões de indivíduos (Winter et al, 2016 ) está “oculta”. Seja pela vergonha da exposição ou pelo não-acesso a um serviço de atendimento e aqueles que chegam nos pontos de atendimento que hoje se instalam, abertos para o acolhimento e devida orientação. De toda forma, trata-se de população frequentemente marginalizada, excluída, sofrendo discriminação e, não frequentemente, violência.
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Quando chegam ao primeiro atendimento geral, buscam informações e aconselhamento para sua “transição”, no que precisam de dados sobre como conduzir o seu ambiente familiar, de trabalho, escola(quando mais jovens), relações com amigos. Esta possibilidade da transição social, hormonal, revestida ainda por um atendimento psicológico (Murad et al, 2009) e cirúrgico é definitivamente associada à saúde emocional e ao bem-estar, infelizmente não acessível a todos (Djene et al, 2011 ).
São novas abordagens, portanto, que levam estas pessoas a buscar também as clínicas de reprodução assistida, no momento que desejam engravidar ou, frequentemente, num momento prévio antes de fazerem sua transição hormonal. É um momento delicado, as expectativas são grandes, os procedimentos estão se delineando, vai se iniciar uma trajetória de vida que vai definir uma nova identidade física, buscada, às vezes com procedimentos cirúrgicos envolvidos (Safer & Tangpricha., 2019).
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A clínica e profissionais devem estar, portanto, preparados para o atendimento desta jornada. Não se trata apenas do médico. A recepção deve estar ciente de que há uma identidade social a ser preservada, desde a marcação da consulta e recepção da paciente-pessoa. Cuidado ao convidar a Sra Joana para ir à sala de coleta de sêmen ou quando da marcação de coleta de óvulos do Sr José, por exemplo.
Quanto ao médico, estar aberto, atento, preparado para ajudar, para trocar idéias com os demais profissionais envolvidos, afim de traçar as melhores condutas. Ouvir e ouvir, fazer o possível. O planejamento ou a fundação de novas famílias vai assim começando a se estruturar, serão sempre famílias.