Quando eu estava grávida do meu primeiro filho, eu tinha o objetivo, o sonho, a ilusão de ser a mãe perfeita. Quando eu me imaginava com um bebê nos braços, me via fazendo tudo certo, tudo irretocável, tudo impecavelmente bem executado. Sonhava realizar tudo aquilo que havia aprendido nos livros e ser extremamente zelosa com meu filho 24h por dia, porque, para mim, era isso que uma mãe perfeita fazia.
E, por muito tempo, tentei ser essa “mãe perfeita” da minha imaginação. Por muito tempo, não aceitei ajuda de ninguém para cuidar do meu pequeno, esterilizava todos os utensílios de alimentação, não deixava ele colocar na boca objetos que estavam no chão, evitava deixá-lo passar de colo em colo, tinha verdadeiro pavor que ele passasse frio, cozinhava diariamente a sua papinha e não dava sequer papinha congelada, lia livros que, com certeza, ele ainda não entendia, buscava aprender técnicas para ajudar no seu desenvolvimento, ligava para o pediatra a cada espirro que ele desse, não o deixava ver TV, usar celular ou tablet, não deixava que ele se arriscasse (pois tinha medo que ele viesse a se machucar), me sentia culpada quando o deixava aos cuidados da avó, não o deixava sozinho em hipótese alguma (nem para resolver alguma rápida na cozinha), evitava a todo custo tirá-lo da rotina, não me permitia 1h de folga por semana para cuidar de mim, me culpava amargamente toda vez que fazia algo que julgava errado, dentre tantos outros “cuidados” extremos que, para mim, era o que uma mãe perfeita e dedicada deveria fazer.
Mas aí, o tempo foi passando, e eu fui percebendo que esse excesso de zelo (que me parecia necessário para ser a mãe perfeita), não fazia sentido nenhum. Fui percebendo que tanto cuidado, tanta preocupação, tanta entrega, em vez de ser positivo para o meu filho era, na verdade, um grande erro. Ao me entregar 100% à maternidade e ao me descabelar em cuidados 24h por dia, fui me afastando de mim, me tornando cada vez mais preocupada, estressada e cansada. O que não era bom nem para mim e nem para ele.
E assim, aos poucos, mês após mês, fui aprendendo a relaxar, a não querer acertar sempre e fui, acima de tudo, entendendo que não existe a mãe perfeita e que é absolutamente impossível tentar se-la. Até porque, o modelo que eu tenho de perfeição pode ser totalmente diferente do modelo que outra mãe tem, e aí, quem de nós estará certa?
Além de entender que a perfeição não existe, eu aprendi a relaxar (algo que a segunda experiência como mãe me ensinou muito bem), a me aceitar como mãe real. Agora, já não surto mais se meu bebê comer algo que caiu no chão, se o meu mais velho passar mais de 1h em frente à TV, se eu não der a comida mais saudável do mundo num dia corrido, se os dois chorarem um pouco por frustração, se eu não me dedicar 100% para que eles tenham experiências maravilhosas. Hoje, eu consigo aceitar muito melhor quando as coisas fogem do planejado, encontro sempre um tempo para cuidar de mim também, me permito errar sem me culpar pelo resto da vida e entendo muito bem que a “perfeição” e o excesso de zelo são, na verdade, grandes armadilhas. Tanto para nós, quanto para os nossos pequenos.
Assim, se eu pudesse dar um conselho para vocês, que estão iniciando agora essa desafiadora jornada da maternidade, eu diria: não busquem ser perfeitas porque a mãe perfeita não existe. E se existisse, seria um fardo muito grande para uma criança carregar (imagina atender a expectativa de alguém perfeito? Quem consegue?). Em vez de correrem atrás dessa fictícia “perfeição” relaxem mais e aceitem fugir do script de vez em quando, aceitem fazer concessões, aceitem escolher o caminho mais fácil. A vida é curta demais e o tempo passa rápido demais para vivermos sempre tensos buscando executar com perfeição aquilo que planejamos em nossas mentes. Relaxar e errar de vez em quando não faz mal a ninguém. Pelo contrário, nos permite viver a vida com mais leveza e prazer.
Assista também esse vídeo, um bate papo incrível com uma mãe de três: