Macetes de Mãe

Sobre a tragédia em Santa Maria

Mamães, o post de hoje era para ser outro. Já estava pronto, só para entrar “no ar”. Mas depois de ficar sabendo da tragédia que ocorreu noite passada, em Santa Maria, fui obrigada a mudar meus planos.

Eu fui aluna da UFSM, universidade da qual era a maioria das vítimas do incendio de ontem. Eu morei durante anos em Santa Maria, e frequentei festas exatamente como a que levou tantas vidas a algumas horas atrás: em lugares pequenos, cheios de gente, sem sinalização adequada, sem saídas de emergência suficientes, sem pessoas preparadas para agir numa situação de caos.

Na época, nós até comentávamos: “como será que sairemos daqui, com essa única escada que passa uma pessoa por vez, se esse lugar pegar fogo?”. Mas logo após esse fúnebre pensamento vir em nossas mentes, a gente já esquecia, afinal, eramos jovens e os acidentes só acontecem com os outros.

Mas hoje, 14 anos depois a situação se mostra bem diferente para mim. E, dessa forma, o horror da noite de ontem me tocou duplamente. Primeiro,  fiquei arrasada ao saber da notícia porque eu vivi exatamente o que os estudantes de ontem viveram, só que o fim da minha história foi diferente. Eu sobrevivi, sem um arranhão. E, agora, porque sou mãe, e sei que um dia meus filhos irão frequentar estabelecimentos como esse e eu ficarei com o coração na mão, me questionando a noite toda se eles estão realmente em segurança.

Hoje eu sinto a dor dessa tragédia de duas formas. Sinto pelos estudantes, que perderam seus amigos, namorados, irmãos que sairam para ir numa festa de cursos da universidade, para simplesmente se divertirem, e sinto pelos familiares, principalmente pelas mães, que ao receberem a notícia dessa desgraça devem estar querendo morrer junto com seus filhos.

Que horror, absurdo, tragédia da noite sirva para alguma coisa. Que essa tristeza que está assolando a minha querida Santa Maria, o estado do Rio Grande do Sul e o próprio país, não deixe as autoridades esquecerem tão cedo de que é importante, necessário, imprescindível mudar as leis que regem questões de segurança em estabelecimentos públicos.

Quando eu era jovem, eu sabia dos perigos mas não me preocupava e tocava a vida adiante. Agora que sou mãe, de uma criança que um dia será um desses jovens que também vão tocar a vida adiante apesar dos perigos, me preocupo com o que poderá acontecer, mesmo que essa ainda seja uma realidade distante para mim.

Não vamos deixar isso ser esquecido! Alguma coisa tem que mudar!

Meus sinceros sentimentos às famílias de todas as vítimas. Em luto hoje por todas essas pessoas!

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