Há alguns anos, os meses começaram a ganhar cor para chamar nossa atenção sobre algumas doenças. Você já deve ter ouvido falar do Outubro Rosa, que é uma campanha para conscientizar as mulheres sobre o diagnóstico precoce do câncer de mama, tem também o Novembro Azul, que neste caso é um alerta para os homens, sobre o câncer de próstata. E desde 2014 mais um mês se destaca com um novo tom. É o Setembro Amarelo.
O mês de setembro foi escolhido para ressaltar a importância da prevenção do suicídio. E o principal motivo que leva as pessoas a tirarem a própria vida é a depressão, seja ela em qualquer fase, inclusive após o parto (infelizmente).
Para falar um pouco mais sobre este tema conversei, nesta semana, com o Dr. Alberto Guimarães, ginecologista e obstetra e precursor do programa Parto Sem Medo. Separei abaixo um pouco desse nosso bate-papo e já vou adiantando que o Dr. Alberto ressaltou que essa doença deve ser levada muito a sério e o tratamento deve começar o quanto antes. Confira, vale a pena!
Quando falamos em depressão pós-parto, qualquer mulher pode ter esta doença?
Dr. Alberto Guimarães – A depressão pode ser diagnosticada em qualquer pessoa, seja durante a gravidez ou o período do puérpera. Em algumas mulheres os sinais aparecem logo após o nascimento do bebê, já em outras até seis meses depois do parto. Um aspecto importante é caso a pessoa tenha familiares ou antecedente de depressão, porque a chance dessa mulher voltar a ter a doença após o parto é maior.
O que mais chama a atenção na mulher com depressão?
Dr. Alberto Guimarães – Devemos lembrar que a depressão existe e que não é uma invenção. Os sinais da depressão estão muito ligados ao humor. Os principais indícios são tristeza, a mulher pode ficar muito quieta ou irritada, chorosa, ficar muito insegura na questão do trato com o bebê. Existe uma coisa muito comum no pós-parto que é o Baby Blue em que quase 80% das mulheres ficam tristonhas e cabisbaixas por causa da saudade da barriga, mas na depressão esses sinais são mais intensos, marcantes e duradouros.
Onde essa mãe pode encontrar ajuda?
Dr. Alberto Guimarães – Quem está muito próximo é o obstetra que pode fazer essa indicação ao tratamento psiquiátrico, terapêutico ou psicoterapêutico. Muitas vezes é preciso entrar com medicação associada com algumas medidas psicológicas. Existem remédios que podem ser usados mesmo com a mulher amamentando.
Qual a importância de falar de depressão pós-parto no mês de conscientização ao suicídio?
Dr. Alberto Guimarães – A depressão pode atingir um grau mais avançado, mais intenso e a mulher pode vir a ter pensamentos de por fim a vida, pensamentos suicida. Diante disso, não podemos achar que ela está blefando, temos que tomar providências. Em algumas situações a mulher vem a perder o discernimento e os limites, é a psicose. Ela pode até atentar contra a vida dela e do bebê e a única maneira de diminuir esse sofrimento é estimulando o diálogo sobre o tema. Por isso, quanto mais precoce for o diagnóstico, melhor a questão do tratamento e da resposta terapêutica.
Fique em alerta!
Ainda sobre as campanhas do Setembro Amarelo, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) ressalta alguns sinais quanto ao suicídio. Apesar de ser um assunto bastante pesado, é importante conhece-los. Conforme a ABP, há diversas maneiras de prever e impedir o ato suicida e os alertas são:
– Tentativa prévia de suicídio – pessoas que já tentaram tirar a própria vida têm até de cinco a seis vezes mais chances de tentar o suicídio novamente.
– Doença mental – quase todas as pessoas que cometeram suicídio tinham alguma doença mental, mesmo que não fosse tratada. Então devemos ficar atentas com além da depressão pós-parto, o transtorno bipolar, histórico de alcoolismo e dependência de drogas, transtorno de personalidade e esquizofrenia.
– Outros fatores de risco – sentimento de desesperança, desamparo e desespero constante, doenças graves, como câncer e HIV, doenças degenerativas e mulheres com histórico de maus tratos na infância, assim como abuso físico e sexual.
Sendo assim, se você não estiver se sentindo bem e notar que a tristeza está fazendo parte da rotina não se envergonhe e procure ajuda o quanto antes!