Ser mãe é a experiência mais forte, transformadora e engrandecedora que uma mulher pode experimentar, mas ser mãe também doi, nos faz sofrer, corta a nossa carne e o nosso coração.
Parece que, como nunca, na maternidade se faz valer aquele ditado “no pain, no gain” e vivemos isso todo santo dia, do nascer até o por do sol e do por do sol até o nascer novamente.
Doi quando a gente vê o corpo se transformar, quando sentimos o corpo se dividir em dois para trazer uma nova vida, quando nossos hormônios entram em ebulição. Doi ver a dor da cólica, a dor do dente nascendo, a dor da primeira rejeição. Doi quando não podemos dormir uma noite inteira de sono, quando temos que levantar da cama muitas mais vezes que gostaríamos, quando não descansamos por meses a fio. Doi muito quando eles ficam doentes, quando não sabemos o que eles tem, quando eles se põem a chorar.
Doi não poder mais fazer o que a gente fazia antes, não ter tempo para ir ao cinema, não conseguir nem tomar uma xícara de café. Doi não poder mais chegar em casa e ver TV de pijama atirada no sofá, não poder dormir e acordar a hora que bem entender, não ter mais o direito de ir e vir sem se preocupar com todo uma logística por trás.
Amamentar doi, não amamentar doi mais ainda. Doi quando o filho não come, quando ele insiste em fazer birra, quando ele faz o contrário do que você gostaria.
Doi quando você não sabe se está acertando, não tem certeza se está sendo uma boa mãe, se pergunta se tudo é mesmo tão difícil, tão complicado, tão desafiador.
Doi quando você sente culpa (e você se culpa por quase tudo), quando as pessoas te culpam, quando você se vê julgada. Doi ouvir palpite a todo momento, ouvir críticas à sua forma de criar, ao seu jeito de educar. Doi quando alguém dá algo para seu filho comer sem pedir a sua autorização, quando te desautorizam, quando fazem pouco caso das regras que você considera importantes.
Doi, e doi muito, doi acima de tudo o medo que ser mãe traz. O medo do futuro, o medo da violência, o medo que o seu filho venha a sofrer. Nós, mães, gostaríamos de poder protegê-los para sempre, assim como fazemos quando eles são bebezinhos, mas isso não é possível. Eles são do mundo.
E doi saber que eles são do mundo, porque um dia vão embora, deixam nossas casas e deixam a convivência diária para trás. Doi pensar que um dia os abraços não serão mais tão frequentes, o sorrisos poderão ser só de final de semana e um telefonema poderá ser o que de mais próximo você terá por semanas ou até meses. Doi pensar na saudade, na falta, na ausência. Doi pensar que o mundo os levará para longe sem dó nem piedade e isso faz parte da vida, faz parte da existência, faz parte do seu crescimento e realização.
Doi só de pensar em toda essa dor, de pensar nas coisas que ainda nem passamos, mas doi acima de tudo pensar que poderia se passar pela vida sem ter experimentando toda essa força pulsante que é ser mãe.
Se por um lado doi, e doi muito, doi nas pequenas e nas grandes coisas, por outro, como eu disse lá no início, também enaltece, engrandece, completa. Ser mãe é viver uma montanha russa de experiências e emoções, e se encher e se fartar do maior amor do mundo, mas também saber que ele vem acompanhado de preocupações, de entregas, de perdas e de desafios.
E longe de mim dizer que toda essa dor não vale a pena. Vale sim. Vale cada suspiro dado, cada lágrima derramada, cada pingo de suor que cai. Vale a dor da carne, da alma e do coração, porque amor de mãe é o sentimento mais forte que alguém pode experimentar e nada substitui essa experiência. Nem de longe.