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Saudade de ser eu

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Toda vez que eu tenho um filho, depois de um tempo, entro nessa vibe de sentir falta de mim. Com o Leo foi assim, e com o Caê não está sendo diferente.

E o que eu quero dizer com sentir falta de mim? Quero dizer sentir falta de ser eu mesma, e não só a mãe das crianças. De fazer coisas para mim, me preocupar comigo, me entregar aos meus próprios prazeres, e não só me dedicar, entregar, e fazer pelo outro.

Eu sou uma pessoa que não consigo fazer nada mais ou menos, pela metade, de qualquer jeito. Quando faço algo, me entrego de corpo e alma, 100%, ao extremo. E aí, acabo deixando todo o resto de lado. E nesse resto entra eu mesma.

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Photo Credit: rullerusk via Compfight cc

Com o Leo, lembro de ter me dedicado de corpo e alma sem tempo de respirar e olhar para os lados até ele ter um aninho de idade. Foi um período intenso, quase simbiótico, em que eu vivia para ele. Depois disso, passe a respirar um pouco e a me reencontrar.

Agora, com Cae, eu jurava que seria mais branda essa relação. Como ele é segundo filho, achei que eu conseguiria ser mais relaxada, menos encanada, menos exigente, e que sobraria sim um tempo para mim, para o marido, para a casa e para todas as outras coisas.

Mas que ledo engano. Aqui estou eu entregue, dedicada, mergulhada plena e absoluta de novo no cuidado de uma criança. Ops, uma não, duas! O que torna as coisas ainda mais complicadas.

Sim, se cuidar de um exige tempo e dedicação, cuidar de dois então, exige muito mais. E assim, eu vou me doando, entregando, indo sempre um pouco mais além e me perdendo de mim mesma. Bom, pelo menos é essa a sensação que me dá.

Com dedicação 24h por dia a outros serzinhos, a gente passa a não se enxergar mais. Acabamos sendo só um breve reflexo no espelho e quando vemos, cadê nós mesmas? Quem a gente era mesmo?

Ando sentindo tanta falta de me voltar um pouco a mim que esses dias chegue a sonhar que tinha ido viajar sozinha, sem filhos, livre leve e solta, e quando cheguei ao destino, me desesperei, pois o Caê ainda mama no peito e como ele iria se alimentar?

Bom, esse sonho abriu meus olhos para a necessidade que ando tendo de um tempo só para mim, sem ter crianças em mente, seja cuidando efetivamente delas ou escrevendo sobre elas, aqui no blog. E assim, resolvi começar, aos poucos, colocar as coisas em ordem.

Aos poucos, estou buscando horários para fazer coisas para mim, por mais simples que sejam, e para me reencontrar, pelo menos um pouco. Esses dias saí para almoçar sozinha com amigas, e foi uma delícia, coisa que tenho que fazer mais. Também decidi que uma vez por semana vou tirar uma horinha para fazer as unhas e na sequência vou tomar um café e comer meu doce favorito na doceria que tem na frente do salão. Só eu comigo mesma. Também decidi que vou dar um jeito de ter umas horinhas para sair só com o marido, deixando as crianças aos cuidados de alguém enquanto a gente pega um cineminha ou janta em um resturante legal.

Acredito sim que há mães que dosam melhor as coisas e não se entregam nessa intensidade aos filhos, mas eu não sou dessas. Comigo não tem meio termo e isso, muitas vezes, não é legal e acaba desiquilibrando as coisas.

Mas agora, ciente de que preciso começar a voltar a olhar para mim e para a relação a dois, resolvi que vou, aos poucos, cuidar da vida além filhos sem claro, deixar de estar sempre presente para eles.

E vocês? Também tem essa entrega extrema aos filhos que acaba levando vocês a se perderem de vocês mesmas? Isso também acontece com vocês? Ou só eu sou a louca aqui? (risos!).

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