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Quando nasce um bebê, nasce uma mãe. Será?

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partoO texto abaixo, de minha autoria, foi publicado no blog do Minha Mãe que Disse. Quem não viu por lá, tem agora a chance de conferir por aqui.

Quando nasce um bebê, nasce uma mãe. Será?

Eu nunca tive muito jeito com crianças. E, sinceramente, elas também nunca me deram muita bola. Quando eu era mais nova, lá pelos meus 20 e poucos anos, ser mãe nem passava pela minha cabeça. Acho que eu estava mais preocupada em me divertir, viajar, estudar, conhecer muita gente bacana e não em me prender a nada ou ninguém.
Mas aí o tempo passou, conheci uma pessoa interessante, que de interessante transformou-se em importante, e de importante em essencial e as coisas foram evoluindo. Nessa evolução, alguma coisa dentro de mim foi mudando e a minha própria realidade também foi sofrendo transformações. Cada vez mais eu tinha menos amigas baladeiras e mais amigas casadas e com filhos. E assim, pouco a pouco, estimulada pelo que vinha de dentro e pelo que estava à minha volta, eu fui querendo ser mãe.
E nesse processo de querer ser mãe eu me questionei algumas vezes: mas como será? Eu não tenho experiência NENHUMA (gente, nenhuma MESMO) com crianças! Nunca troquei uma fralda, nunca fiz um bebê dormir, nunca sequer brinquei por mais de uma hora com alguém de menos de 10 anos de idade. Enfim, inexperiência total.
Mas, quase ao mesmo tempo que eu me questionava isso, vinha em minha mente aquela famosa frase: “Quando nasce um bebê, nasce uma mãe”. E assim, quase que por milagre, eu me acalmava: Tudo daria certo, eu não tinha com que me preocupar. Os hormônios se encarregariam de tudo. Num dia eu dormiria “não mãe” e no seguinte acordaria “super mãe”. Simples assim!
Ah, e claro, para completar o que a sabedoria popular já havia me ensinado, assim que me descobri grávida eu resolvi que faria um doutorado em maternidade. Não tive dúvidas, selecionei uma penca de blogs, comprei dezenas de livros, conversei com várias amigas, me informei de fio a pavio e só esperei a chegada do Léo para colocar em prática todo o conhecimento recém adquirido.
E o Léo chegou. Como manda o figurino, como eu havia lido que era o ideal e exatamente de acordo com tudo que eu havia planejado, beirando as 40 semanas de gestação e de parto normal.
Até aqui, tudo perfeito. Tudo correndo mais do que como o planejado. Eu ganhando estrelinhas de louvor na minha estreia como mãe.
Mas aí a gente sai da maternidade. E aí a gente chega em casa, e aí minha gente, cá entre nós, super em off, até falando baixinho para ninguém escutar…. EU CAÍ DO CAVALO!
É feia essa expressão, né? Mas é isso que me vem em mente toda vez que lembro da minha estreia no universo materno. Gente, confesso aqui, meu mundo virou de pernas para o ar, eu fiquei totalmente perdida, insegura, apavorada, desesperada. Simplesmente não entendia de onde havia saído essa expressão “Quando nasce um bebê, nasce uma mãe”. Como pode? Comigo isso não havia acontecido.
Na verdade, eu comecei a entender o “Quando nasce um bebê, nasce uma mãe” de uma forma totalmente diferente daquela que eu havia entendido até aqui. Em vez de achar que é só chegar o bebê que a mulher se transforma numa super mãe, comecei a ter certeza que a mãe que nasce com o bebê é tão inexperiente no mundo materno quanto é o bebê nesse mundo que a gente vive.
Ou algum bebê já chega sabendo o que é roupa, entendendo o que são os barulhos ao seu redor, percebendo a complexidade da sua realidade? Claro que não! E assim como eles caem de paraquedas aqui do lado de fora, a gente também aterrisa de sopetão lá dentro desse estranho universo materno.
O bebê chega aqui fora, basicamente, sabendo respirar e sugar. O resto, é um diário aprendizado. A gente adentra a maternidade (quando somos mães de primeira viagem) basicamente sabendo amar e tendo um instinto absurdo de proteção. É como o sugar e respirar deles. Só que em outro formato.
E assim, fui pouco a pouco desconstruindo e reconstruindo na minha cabeça e no meu coração a frase “Quando nasce um bebê, nasce uma mãe”. Fui, pouco a pouco, me cobrando menos por ser uma mãe tão perdida e entendendo mais que, assim como eles aprendem a viver no nosso mundo, nós também aprendemos a viver no mundo deles.
Logo que a minha gestação como não mãe acabou e que eu nasci para o universo materno, eu me senti péssima. Achava que só eu não era uma boa mãe, só eu não tinha conseguido fazer meu filho mamar direito no meu peito, só eu me sentia insegura. E todas as outras? Ah! Essas já haviam nascido mães.
Mas foi aí que a minha experiência nesse novo mundo e o meu dia a dia ao lado do meu pequeno e amado Léo começaram a me mostrar que, assim como ele passou do sugar e respirar para um monte de outras coisas mais complexas, eu também passei do amar e proteger para uma infinidade outras coisas menos instintivas.
Hoje, me culpo menos por ter estreado tão despreparada no universo materno (apesar de todas as tentativas de me preparar para isso) e hoje me sinto bem mais segura. E também sei que, assim como o Léo cresce, se desenvolve, ganha peso e adquire novas habilidades dia a dia, eu também, cresço, evoluo, ganho segurança e novas habilidades para cuidar dele.
Então, termino esse post contando um outro segredinho para vocês: não acreditem nessa história de que nasce uma criança, nasce uma mãe. Não pelo menos do jeito que sempre fizeram a gente acreditar que ela nasceria. Ela nasce sim, com toda a certeza, mas nasce exatamente do jeitinho que nasce o seu filho: despreparada para o novo mundo no qual irá viver. Por isso, nunca, jamais, de forma alguma, se culpe se você não está conseguindo ser a mãe que planejou que seria. Essa mãe que você sempre sonhou em ser só vem com o tempo. E é isso que faz da maternidade uma experiência tão incrível e engrandecedora.
Ou você acha que seria legal nascer mãe e já sabendo tudo? Eu não! Aprendi que o legal mesmo são as descobertas e os aprendizados diários, mesmo que estes nos custem alguns momentos de desespero.
Enquanto cresce um bebê, cresce uma mãe. Para mim, essa frase faz bem mais sentido.

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