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Quando me preocupar com o bebê gordinho?

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Outro dia falamos AQUI sobre quando nos preocupar com bebês magros. Hoje é a vez de falar da situação contrária. Quando me preocupar com o bebê gordinho? Até que ponto é saudável? Esse é um dos pontos mais importantes quando se fala em crescimento do bebê e deve ser acompanhado com o pediatra.

No post de hoje, nossa colunista, a pediatra Dra. Mariana Oliveira, responde pra gente essas questões e explica quando um bebê gordinho é sinal de preocupação.

Quando me preocupar com o bebê gordinho?

Delícia aquela imagem do bebê todo gordinho cheio de dobrinhas, né? MAS, a “ideia” que boa parte das pessoas tem de saudável pode não ser tão saudável assim!

O acompanhamento do crescimento e da nutrição do bebê é um dos pontos mais importantes do seguimento de rotina com o pediatra no início da vida. Em cada consulta, serão avaliados o peso e a estatura, sendo que o seguimento continuado (todos os meses, ou em outra frequência que seja necessária) é muito importante porque um valor isolado desses parâmetros não vai ser capaz de dizer muita coisa.

Como saber se meu bebê está indo bem?

Nós, pediatras, utilizamos alguns parâmetros para avaliar, dependendo da fase da vida.

Assim que o bebê nasce, fazemos um controle de peso mais próximo e regular, sendo interessante, em muitos casos, que se verifique o peso do bebê pelo menos duas vezes no primeiro mês de vida, com a consulta inicial com o pediatra acontecendo até 10 dias depois do nascimento. Isso porque esperamos que ocorra uma perda de peso nesses primeiros dias, e isso é totalmente normal.

A partir daí, temos que observar como se dará o ganho desse peso perdido, sendo que o peso do nascimento é atingido novamente com 15 dias de vida. Nesse momento, o que mais vai contar, então, é o quanto o bebê vai ganhar de gramas por dia e se atingirá o parâmetro citado acima.

A partir do 1º mês, de maneira geral, o controle do peso se dará mensalmente. Nos primeiros 3 meses especialmente, consideramos o parâmetro de quantos gramas o bebê ganhou por dia, sendo muito adequado o ganho de 25 a 40g por dia, o que dará aproximadamente 750 a 1200g de ganho de peso por mês.

Depois, o ganho de peso vai reduzindo progressivamente em números absolutos, sendo que no 4º trimestre (9 a 12 meses de vida), não passa de 10g por dia, o que dará em torno de 300g no mês. Além disso, usamos também as curvas de crescimento.

O que são curvas de crescimento?

Curvas de crescimento são gráficos de referência para monitorar os aspectos de nutrição e crescimento na infância e adolescência. Tem como referência principal para elaboração a Organização Mundial de Saúde, e, a partir de estudos populacionais, identificam a média esperada de peso, altura, constituição corporal nas diferentes faixas etárias. Não existe um único parâmetro correto que o bebê precisa seguir, o importante é que nas consultas será identificado o ponto dessas curvas em que ele se encontra e o esperado do crescimento.

Cada bebê terá uma curva própria de crescimento, o que chamamos de “canal de crescimento”, dependendo inicialmente de sua estrutura genética e fatores ambientais, como a alimentação e o sono.

Por isso, é comum uma ansiedade familiar em relação a uma expectativa de que o bebê cresça rápido e bastante, que tenha um ganho de peso alto – Aqui que mora o perigo! Isso não é sinônimo de saúde.

Claro que esperamos um mínimo de crescimento, mas também existe um ponto máximo, além do qual fica excessivo e pode apresentar alguns riscos.

Entenda também: como funciona a curva de crescimento

Na sociedade atual, convivemos mais com situações de problemas secundários ao excesso de peso do que com a desnutrição, como eram característicos anos atrás. Essas situações, portanto, estão relacionadas com o aumento de doenças relacionadas aos chamados eventos cardiovasculares, como hipertensão, diabetes, aumento de colesterol, que podem levar a infarto, derrame, angina, insuficiência vascular, entre outros.

Estudos atuais apontam que o ganho excessivo de peso nos primeiros anos de vida já pode estar relacionado a essas condições na vida atual, pois já gerada uma programação metabólica que predispõe as crianças a essas condições.

E na prática, como identifico se meu bebê está com excesso de peso? O que fazer para evitar isso?

O crescimento do seu bebê deve ser acompanhado nas curvas de crescimento no consultório do pediatra. Levando em conta suas características constitucionais. Não precisa ficar totalmente “preso na curva”, mas é uma referência importante para seguir.

É importante pontuar que, mais do que o fator genético, o fator ambiental é essencial nesse processo. E, nesse caso, o fator ambiental é a oferta dos alimentos.

Nos primeiros 6 meses de vida, a melhor alimentação que o bebê pode receber é o leite materno. Não é comum situações de excesso de peso nesse caso. Mas é possível, pois o leite materno é extremamente nutritivo. E se o bebê vive “pendurado no peito” pode existir situação de obesidade.

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Se não é possível a amamentação exclusiva ao seio, o substituto ideal é a fórmula infantil. Adequada para a faixa etária. E bebês que mamam fórmula podem muitas vezes ter um ganho de peso maior do que o bebê que mama leite materno. Mas isso não é necessariamente positivo, pois já existem estudos pontuando que esse ganho de peso acima nessa idade pode se relacionar à obesidade. A maioria das fórmulas infantis tem um excesso de proteínas. Muito acima além da referência que é o leite materno, por isso o ganho de peso a mais.

Após os 6 meses, se inicia a introdução de outros alimentos e é nesse momento em que o cuidado maior deve ser tomado! Dificilmente ocorrerá uma situação de obesidade se esse processo seguir algumas recomendações.

Entre elas, alimentação rica em legumes e verduras, com bastante variedade. Não consumir açúcar e industrializados até os 2 anos de idade. Não usar temperos prontos. E, além disso, não consumir os chamados alimentos ultraprocessados, como iogurtes açucarados, sucos de caixinha, refrigerantes, macarrão instantâneo entre muitos outros.

Reduzir o consumo do leite após o início da introdução dos outros alimentos. O leite materno pode e deve ser utilizado ainda. Porém, não mais no processo livre demanda como antes. E sim em horários específicos que não coincidam com as refeições. Pois, a partir de agora, o que vai contribuir com o crescimento da criança são os outros alimentos.

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Seguindo essas recomendações, a criança terá uma introdução alimentar tranquila e adequada, sem risco de excesso de peso ou desnutrição. Destacando também que a formação do paladar se dá nessa fase. Portanto, os hábitos adquiridos nesse momento serão levados para o resto da vida. É muito mais difícil readequar depois, do que começar certo.

Caso o pediatra identifique que a criança está com ganho de peso muito acima do recomendado, não se desespere.

As orientações são as mesmas. Não falamos em “dieta de emagrecimento” para crianças sem doenças de base. Isso porque a criança irá crescer em estatura e a tendência é atingir o equilíbrio. O que é importante é focar em alimentos saudáveis! Lembrando que a criança irá seguir o ritmo da família. Ou seja, o que a família não consome, a criança dificilmente irá consumir.

Para saber mais veja sobre – Restrições AlimentaresNão deixem de conferir e de deixar suas dúvidas! Obrigada, e até breve!

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