Macetes de Mãe

Pelo direito de amamentar em público

Todas vocês já devem ter ouvido falar de Leila Diniz. Leila Diniz escandalizou o Brasil na década de 60, quando exibiu a sua gravidez de biquini na praia. Até então, mostrar a barriga de grávida era um tabu, coisa que hoje, é mais do que normal.

E quando penso em como, por muito tempo, foi “feio, inadequado, ofensivo” mostrar a barriga de grávida, não consigo deixar de fazer uma ligação entre isso e o ato de amamentar.

Sim, para muita gente, amamentar em público, ainda nos dias de hoje, é ofensivo, inadequado e até repugnante. Para muita gente, ver o seio de uma mulher exposto para alimentar seu filho é tão descabido como foi para um país inteiro ver a barriga de uma grávida exposta na praia.

Photo Credit: MuddyBootsPhoto via Compfight cc

Só que hoje, barrigas de grávidas expostas são a coisa mais comum do mundo, que ninguém repara mais, por isso, tenho esperanças que, um dia, o ato de amamentar em público também seja visto com toda essa naturalidade porque, no fim das contas, o que tem de diferente entre esses dois gestos? Ambos representam vida, ambos representam amor, ambos mostram uma parte do corpo da mulher que, de forma alguma, tem qualquer cunho sexual.

Atualmente, para a mulher poder amamentar em público sem ser importunada tem até lei. Sim, algumas cidades, como São Paulo, criaram uma lei que pune com multa de 500 reais os estabelecimentos que constrangerem a mãe no ato de amamentar. Se por um lado acho isso positivo, por outro, acho de uma boçalidade sem fim, afinal, por que temos que ter uma lei para garantir um direito que nós, mulheres, deveríamos ter garantido por natureza, por hábito, por respeito? Amamentar nossos filhos é nosso dever, a sociedade cobra que a mãe amamente. Entretanto, tem que ser trancada em casa, escondida num banheiro público, ou, na melhor das hipóteses, cobrindo-se com um paninho porque expor o corpo é feio.

E aqui, não julgo quem prefere usar o paninho, para proteger a sua privacidade ou a própria criança. Mas acho que o uso do paninho é facultativo e a mãe usa se isso lhe fizer convier. Só que ser obrigada a usar, porque os outros acham que uma mãe que amamenta mostrando o seio em público “incomoda”, já acho um abuso.

Tanto se fala em “Meu corpo, minhas regras” e parece que na questão da amamentação isso vem sendo esquecido. Se a mãe quer amamentar em um lugar reservado, ela tem esse direito, se quer amamentar usando um paninho, tem esse direito, se quer amamentar sem pano ou cobertura nenhum ela também tem que ter esse direito. Tudo para garantir que a mulher se sinta à vontade e respeitada, como deve ser.

Bom, esse foi um post de desabafo. Depois de quase 10 meses amamentando o Cae, sinto ainda um grande preconceito por parte das pessoas quando isso é feito em público. Muita gente diz que é a favor, não vê problema, mas já sai logo soltando: “Ah, mas usa um paninho que é melhor para você e também para o bebê.”.

Na verdade, eu uso se eu quiser. Qualquer mãe usa se quiser. Esse deve ser o nosso direito. O de amamentar nossos filhos como bem entendermos porque, como já disse, amamentar é um ato de amor que, de forma alguma, tem cunho sexual, intenção de provocar ou desrespeitar ninguém.

Que a gente encontre mais Leilas Diniz por aí, prontas a baterem de frente para garantirem um direito que nada mais é do que natural.

 

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