Muitas crianças vão passar, em algum momento da vida, por uma situação de bullying, eu mesma já sofri com isso na infância (eu era gordinha).
Mas como mãe, minha preocupação tem sido com o meu filho, Caê, que, por questões genéticas, tem orelha de abano.
Para evitar que ele sofra qualquer tipo “brincadeira” – conheço histórias de adultos que tiveram orelha de abano na infância e são unânimes em dizer que os apelidos de Dunbo, entre outros, os incomodavam e muito – comecei a procurar qual a melhor forma de ajudar meu filho.
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Descobri que não existe nenhum tratamento para as orelhas de abano – usar touca ou até colar esparadrapo não funciona, porque a orelha é uma estrutura elástica -, então a única solução é a otoplastia, uma cirurgia plástica.
Apesar de ser um procedimento cirúrgico, ele não apresenta grandes riscos, não. A operação é indicada para quando a criança tiver seis anos ou mais (alguns médicos indicam a partir dos 7), que é a idade em que a orelha já apresentou seu maior crescimento e também o período escolar, quando os pequenos começam a se incomodar com o assunto.
A preparação para a cirurgia inclui fazer alguns exames laboratoriais pedidos pelo médico e informar ao especialista se a criança tem algum problema de saúde (pode ser diabetes, alergias, melhor pecar no excesso de informação, nesse caso).
Na véspera da operação não podemos dar nenhum medicamento coagulante ou anti-inflamatório e nem lavar os cabelos deles. Temos que ficar de olho também porque é preciso manter jejum de oito horas, por causa da anestesia.
Quanto à cirurgia, ela é feita com anestesia local e dura cerca de duas horas. Esse é tempo suficiente para o cirurgião plástico fazer um corte atrás da orelha e modelar a cartilagem, fechando a cicatriz.
Mas descobri que é em casa que devemos redobrar os cuidados do pós-operatório. Então separei as principais orientações:
- inchaço e rouxidão são comuns no início, não precisa se desesperar;
- a criança deve dormir de barriga para cima evitando deitar sobre a orelha por até 45 dias (essa parte acho que é a mais difícil em se tratando de crianças);
- a faixa elástica que o médico irá indicar deve ser usada para proteger e manter a orelha imobilizada ao dormir;
- por, pelo menos dois meses, nenhum movimento brusco deve ser feito na região da orelha, então deixe os pequenos longe dos esportes;
- esses dois meses de cuidados são necessários para que a orelha não descole e o problema não volte.
Sobre a cicatriz: ela fica ali, atrás da orelha, e dificilmente alguém vai perceber que a criança teve orelha de abano.
E um detalhe importante: o SUS fornece essa cirurgia gratuitamente, após 5 anos de idade. Vale a pena se informar.