Quem me acompanha aqui há bastante tempo, sabe que já passamos por uma mudança com criança. No caso, eu já tinha o Leo e ainda estava grávida do Caê (leia aqui como foi essa experiência). Foi uma maratona só! Sei as dificuldades na mudança de uma família de um lugar para outro, especialmente quando há filhos envolvidos. Se é complicado mudar de casa com crianças, imagine mudar de país com elas. Como fazê-las se tornarem parte de todo o processo? Sim, porque a tendência é fazer com que eles façam parte do processo para que a transição seja mais fácil. E como será o grau de dificuldade de adaptação? Como lidar com essa passagem de forma tranquila?
Hoje trago o relato da Fernanda Diniz, autora do blog Viagens de Mãe, que já havia mudado de país quando ainda não tinha filhos e, recentemente, mudou da Suíça para Alemanha com a Giovanna, sua filha, na época da mudança, com 1 ano e 9 meses. Confira abaixo, a história da Fernanda sobre esse período e algumas dicas valiosas de quem viveu, na prática, uma mudança com criança.
Os desafios de uma mudança com criança
Por Fernanda Diniz
A palavra mudança por si só já traz arrepios para algumas pessoas. Mudança de emprego, de casa, de estilo de vida… Toda e qualquer mudança mexe (e muito) com os sentimentos e com a nossa vida. Afinal, por trás de uma mudança, existe uma série de coisas a serem feitas. E uma série de questões que nos assombram.
E quando o assunto é mudar de país? E se for uma mudança com criança? Como lidar? Bem, uma coisa eu posso garantir: uma mudança com criança é completamente diferente de uma sem. Na nossa primeira mudança de país, ainda não tínhamos nossa filha Giovanna – ela foi um presente que a vida na Suíça nos deu. Em maio de 2017, nos mudamos da Suíça para a Alemanha. Giovanna estava com 1 ano e 9 meses e uma das minhas maiores preocupações era como ela ficaria durante esse período de mudança.
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Afinal, era uma mudança que levaria meses. Para ser mais precisa, levaria 4 meses. Saímos da Suíça no dia 2 de maio, mas nossa casa foi toda desmontada uma semana antes. E só nos mudamos para nossa casa na Alemanha no dia 2 de agosto. Portanto, sabendo que seria uma mudança longa, utilizei alguns macetes para deixar esse período o mais agradável possível. Tentei fazer com que a Giovanna não estranhasse os novos ambientes e nem saísse tanto da rotina (porque sair um pouco da rotina foi inevitável em alguns momentos).
Durante esses 4 meses, moramos uma semana em um quarto de hotel, um mês em uma kitnet e, por fim, 2 meses em um apartamento provisório. E em nenhum momento a Giovanna deu trabalho. Dormia a noite toda (melhor até do que vinha dormindo em nossa casa na Suíça) e se ambientava até com mais facilidade do que nós. E eu acho que acima de tudo, duas medidas adotadas fizeram a diferença nesse processo.
Primeira medida
A primeira foi uma medida que adoto desde sempre, desde que saí com ela da maternidade. Lembro-me de ler algo sobre chegar em casa com a criança e apresentar a casa a ela. Sim, falar para seu recém-nascido, ali no seu colo, o que é cada parte da casa, primeiramente o quarto dele. Mostrar onde ele vai viver. Fiz isso quando voltei da maternidade com a Giovanna e sempre que viajamos falo para ela que aquele lugar irá nos acolher nos próximos dias. Mostro o berço onde ela vai dormir, o banheiro, cada canto do quarto do hotel. Adotei, portanto, essa medida nas nossas moradias temporárias. E, coincidência ou não, ela nunca estranhou nenhum desses ambientes.
Conversar com a criança, dizer a ela o que vai acontecer transmitindo tranquilidade e segurança é fundamental durante um processo de mudança. Por mais medo que a gente tenha. Por mais anseios que nos cerquem. Enfim, sempre é preciso transmitir serenidade aos nossos filhos.
Segunda medida
A segunda medida tem a ver com a primeira e diz respeito à preparação. Preparei a Giovanna para a mudança e para os dias (meses) que estavam por vir. Conversei com ela várias vezes antes mesmo da mudança propriamente dita começar. Meu marido ria e até zombava de mim, achando que aquilo era bobagem, afinal, o que uma menina de menos de dois anos estaria entendendo daquilo tudo?
Por fim, separei alguns brinquedos que ela gostava muito para ficar conosco nas malas e ser alguma referência ao nosso lar enquanto estivéssemos pingando entre hotel e apartamentos temporários. Ao nos instalarmos nos apartamentos provisórios que vivemos (foram 2 em 3 meses), separava um cantinho da sala para os brinquedos dela. Assim como ela tinha em nossa casa. Acredito que isso fazia com que ela se sentisse em casa.
Dica da rotina
Outra dica que acho importante mencionar: não faça alterações na rotina da criança nesse processo. Falo aqui de alterações que podem esperar, como desmame, desfralde ou tirar a chupeta, por exemplo. Se nós, quando passamos por mudança, já tempos alguns baques, imagine uma mudança com criança. Então não tem porque fazer outra alteração significativa na vidinha dela naquele momento. Espere as coisas se estabilizarem e, aí sim, inicie o processo necessário para aquela fase da criança.
Bom, não posso dizer que essa é a receita para realizar uma mudança com crianças, mas foi o que funcionou muito bem para nós. Sobrevivemos aos desafios de mudar de país e permanecermos por 4 meses temporariamente instalados. Por fim, fiquei foi surpresa do quanto ela tirou de letra todo esse processo e ainda tornou tudo mais fácil. Afinal, mesmo com todas as dificuldades e desafios que estavam por vir, estávamos juntos, em família, e no final das contas é isso que importa.
Sobre a Fernanda: é formada em Letras e Jornalismo. Sempre de malas prontas para o mundo e para a vida, deixou a sala de aula e a Assessoria de Comunicação para acompanhar o marido em sua carreira internacional. Em primeiro lugar se mudou para a Suíça, em 2013, e tornou-se mãe em 2015, quando chegou a Giovanna. Escreve o blog Viagens de Mãe, onde divide suas experiências de viagens, maternidade e vida fora do Brasil. Há um ano, a família se mudou para a Alemanha e vem descobrindo as belezas desse país. Diante de tantas mudanças, estão, sobretudo, aprendendo juntos a levar a vida de forma mais leve e descomplicada.