Quando o Léo tinha dias de vida e tudo ainda estava muito confuso, muito complicado, muito sem explicação, todo mundo me dizia que os três primeiros meses eram assim mesmo, mas que depois passava. E aí, eu ficava olhando lá na frente e pensando: Deus do céu! Três meses para toda essa loucura passar, essa cólica melhorar e eu voltar a respirar?! Não, por favor, acelera, tira do slow motion e aperta um fast forward aí. Sim, três meses pareciam uma eternidade para mim. Parecia que eles não iriam chegar nunca.
Mas eles chegaram. Meio arrastados, devo confessar. Mas chegaram. E o grande problema é que, depois disso, dessa minha experiência com os “três primeiros meses” eu me acostumei com a ideia de que o tempo nos dá tempo, nos espera, tem um pé na preguiça. E aí, achei que seria assim para sempre. Até que fui arrancada dessa ilusória realidade e jogada na real realidade do que é ter um filho: ver o tempo passar ainda mais rápido do que passava antes.
Se até três meses parecia que eu tinha todo o tempo do mundo pela frente, depois disso comecei a perceber que o tempo VOA. E não pede licença nenhuma para passar.
Um dia nosso filhote nem sequer rola direito, no seguinte já está sentando, e depois engatinhando, alguns dias em cima ficando de pezinho e em mais algumas semanas andando, correndo, subindo e escalando.
E o pior é que ele passa tão depressa que ficamos até sem tempo para perceber essa passagem avassaladora. São raros os momentos em que paramos para simplesmente olhar nossos filhos e sentir aquele instante, gravar na memória e tentar dizer para eles alguma coisa com um simples sorriso ou uma larga gargalhada. Quase sempre, estamos pedindo para eles não fazerem algo, mandando eles fazerem outro algo, ensinando o que é certo e errado, livrando-os de algum perigo, tentando fazer as coisas funcionarem.
Devo confessar que não sou a melhor pessoa do mundo nesse negócio de parar para simplesmente contemplar e sentir. Estou sempre no 220, sempre correndo, sempre resolvendo ou dando conta de algo e raramente meu relógio interno desacelera. Mas tenho me esforçado para fazer isso. Nem que seja na hora de dar banho, nem que seja em 15 segundos no meio de uma brincadeira, nem que seja na hora de colocar para dormir.
E é nesses momentos, nesses instantes efêmeros, nessas pausas intencionais que vamos guardar as memórias que ficarão para sempre.
Nem sei se estou conseguindo dizer o que estou tentando dizer. Nem sei se não estou sendo muito viajandona. O que sei é que hoje o dia foi uma correria (para variar), amanhã preciso acordar mega cedo e, mais uma vez, meu tempo está voando, me deixando para trás, descabelada e ofegante. Eita vida de mãe!