Macetes de Mãe

Nem todas as crianças são iguais. Entenda isso.

Há alguns dias, eu postei na fanpage do macetes de Mãe o seguinte comentário:

Antes de ter filhos, eu ia no shopping, via uma criança dando piti, e pensava: “Aff! Ninguém merece”. E ainda fazia cara de antipática. Hoje em dia, só o que penso é: “Tamojunto, amiga!!!”. Nada como o aprendizado de TER filhos.

Menos de 12h depois, esse post já tinha mais de 7.500 curtidas e mais de 100 comentários. Mas nem todos eles eram de mães que entendiam a situação.

Photo Credit: Hammonton Photography via Compfight cc

Muitas, criticaram o que eu escrevi, dizendo que criança que faz pirraça é resultado de falta de pulso, falta de controle, fala de pais que sabem colocar limites.

Oi, onde é que está escrito que todas as crianças são iguais e que, se o resultado for diferente, a responsabilidade é dos pais?

Não querendo me justificar, até porque não devo nenhuma explicação para ninguém, mas até como forma de defender as mães que foram, indiretamente chamadas de bananas por terem filhos que, de vez em quando (ou sempre) dão show em público, eu vou tentar explicar uma coisinha.

Crianças são diferentes. Crianças vivem experiências diferentes. Famílias vivem experiências diferentes. Pais são diferentes. E tudo isso e mais um pouco interfere na forma que uma criança e um adulto vão agir em determinada situação.

Se fosse fácil assim, e se a realidade fosse “ah! comigo deu tudo certo, meu filho é um anjo, e se o seu não é é porque você não é uma boa mãe ou não soube criá-lo” então eu deveria supor que simplesmente porque eu tive parto normal e para mim foi fácil parir toda a mãe também deveria ter seu filho de parto normal porque é fácil. Ou eu deveria supor, só porque o meu filho come bem, que todas as crianças comem bem e que aquelas que não fazem isso é porque os pais não sabem dar comida, não tem paciência, não tem rotina em suas casas e por aí afora. Ou então, uma outra mãe também deveria supor que amamentar é facílimo e ninguém deveria ter dificuldades com isso só porque ela não teve.

Acho perigosíssimo a gente julgar os outros por nós mesmos ou por aquilo que a gente vive. Eu sou uma mãe super carinhosa, bem maleável, mas também sou rígida. Quando digo não é não, sei falar firme e impor limites. Mas eu tenho um filho de personalidade forte, personalidade igualzinha à minha, e assim, nem sempre, ele aceita de boa aquilo que eu pretendo que ele faça o que leva a situações complicadas como as que eu costumo presenciar em shopping centers, festas, parques, clubes, praças e onde mais se vê pais com crianças.

E aqui também não quero dizer que só porque o meu filho é assim, não aceita na boa ser contrariado, todas as crianças também são e as mães que falaram ter filhos comportados estão mentindo. Acredito sim que há crianças super boazinhas, comportadas, que é só ouvir um não que ele é aceito sem questionar. Mas não acho que isso seja só mérito de criação, de limites muito bem impostos, de papeis bem estabelecidos. Eu, como mãe, vejo isso como uma mistura de personalidade e criação, como algo que não depende única e exclusivamente dos pais (ou essas crianças seriam meros robôs).

Enfim, para finalizar, um alerta para as mães que acham que crianças “mais difíceis” são culpa de pais mais bananas: cuidado, não fale alto demais, não fale cedo demais, não cuspa para cima. Talvez, um dia, seu filho não será o santinho que é hoje e aí você vai entender exatamente o que eu quis dizer com essa história toda.

PS: juro que isso não é praga minha para ninguém. É que acho perigosíssima essa história de apontar o dedo na cara do outro.

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