Cresci ouvindo que a maternidade muda uma mulher, que filhos nos fazem aprender, crescer evoluir e que nada mais será como era antes. Ouvia todo esse discurso, entendia, mas não percebia a dimensão de tudo isso.
Quando as pessoas falavam que a mulher muda depois que vira mãe sempre achava que ela mudava somente nas coisas relativas à maternidade. Algo como: se era impaciente, tornava-se uma pessoa mais paciente porque precisava disso para a sua sobrevivência, para a sobrevivência do filho e para o bem geral da nação. Mas hoje, depois de um aninho e alguns dias da chegada do Léo, percebo que o negócio vai bem além.
A gente muda num monte de coisas. Em coisas que nem tem 100% a ver com a maternidade e em coisas que nem é tão legal assim ter mudado. Quer ver só?
Eu, por exemplo, percebi que depois que o Léo nasceu me tornei mais segura e confiante. Hoje, eu tenho menos medo de arriscar algumas coisas. Poderia muito bem ser o contrário (eu acho), pois com a chegada de um filho a gente naturalmente deveria ser mais conservadora, tentar se proteger a todo custo (porque a sobrevivência dele depende da nossa), mas comigo foi diferente. Sempre quis muito trabalhar por conta ou abrir um negócio, mas nunca tive coragem. Agora, a vontade de passar mais tempo perto do Léo me fez optar por isso sem titubear. Outra coisa que também mudou nesse sentido (de eu me sentir mais confiante), foi o meu “talento e gosto” por dirigir. Sempre morri de medo de dirigir, sempre detestei estar atrás de um volante, sempre suei frio quando tinha que pegar algum caminho novo. Pois hoje entro no carro, ligo o GPS, “garro o caminho da roça” e me mando. Sem olhar para trás. E para ir mais longe, confesso que há horas que sinto até um certo prazer, coisa que antes era impensável.
Acho que comigo aconteceu isso, de me tornar mais segura e confiante, porque senti que depois de encarar o desafio de ser mãe qualquer coisa se torna fichinha. Ou seja, comecei a acreditar que se consegui aprender do zero a arte de cuidar de um filho (já falei aqui várias vezes sobre a minha total prévia inexperiência nesse assunto) e se me viro bem nessa função, posso fazer qualquer coisa nessa vida que eu dou conta, mesmo que aos trancos e barrancos. Outra explicação que eu também encontrei para essa significativa mudança é o fato de que se nada que eu tentar der certo, se eu não alcançar os objetivos propostos, não será o fim do mundo, mas apenas uma momentânea desilusão. Afinal, a coisa mais importante desse mundo, aquilo que realmente dá significado à minha vida, continuará ali, do mesmo jeitinho, me mostrando diariamente pelo que vale a pena viver.
Bom, essas coisas estão no grupinho das mudanças do bem, aquelas que são legais e trazem um ganho para a nossa vida. Mas eu também falei das mudanças que nem sempre são tão boas assim. No meu caso, foi a questão da vaidade. Desde que o Léo nasceu, com algumas raras exceções (aqueles momentos bem importantes que a gente dá um bom tapa no visual), eu ando meio desleixada com a minha aparência. Eu nunca fui uma pessoa super, hiper, mega, ultra vaidosa, mas também não era uma mulamba total. Acho que eu ficava no meio do caminho e estava bem satisfeita com essa posição. Gostava de me cuidar, de correr e me alimentar bem para manter a forma, de sair arrumadinha de casa, de me sentir bonita e todas essas coisinhas que vocês sabem bem. Só que depois da chegada do pequeno, isso tudo foi ficando meio de lado. Primeiro pela falta de tempo e agora já pela falta de hábito. Enfim, uma mudança que eu não tenho curtido muito ver na minha vida e que estou me programando para corrigir já. Espero que consiga e logo!
E o aprendizado que fala lá no título? Ah, esse é uma constante. Não tem jeito. Quando somos mães, é só a gente achar que descobriu um caminho, uma solução, um modelo que vai funcionar para todo o sempre para também percebermos que nada mais continuará desse jeitinho dali por diante. Nossos pequenos tem o talento ímpar de reinventar as regras do jogo, dia após dia, e nós, mamães, o mais que especial talento de nos moldarmos e de transformarmos essa constante dança das cadeiras em um grande e eterno aprendizado.
Eu, por exemplo, já aprendi que não consigo ter controle sobre tudo (e a aceitar isso), que nem sempre as coisas sairão da forma que eu imagino (e a não surtar com isso), que planejamento é importante, mas que ele pode e vai falhar muitas vezes (e engoliar a seco quando isso acontecer) e que, por mais que eu tente, talvez eu nunca chegue nem perto de ser mãe que eu gostaria de ser (e aceitar que tudo bem, ninguém é perfeito mesmo).
Enfim, o que quero realmente dizer com esse post é que mudamos sim depois que nos tornamos mãe e que são mudanças intensas, profundas e significativas. Que não dá para esperar que depois que passamos a ver e experimentar o mundo de outra forma, continuemos sendo as mesmas. Isso não existe. Eu sou uma nova pessoa, você com certeza também é, e cabe a nós aproveitarmos essas novas “eus” para criarmos também novas e interessantes oportunidades em nossas nossas vidas, as quais serão positivas tanto para nós mesmas quanto para todos que nos cercam.