Muitas e muitas vezes o Leo reclama que eu sou chata com ele, não deixo ele fazer as coisas, não dou o que ele pede. Nessa hora, eu só respondo: se você quer me achar chata por esses motivos, pode continuar me achando chata. Não me importo. Eu te amo, me preocupo com a sua educação, me preocupo com o que eu te ensino e mesmo que agindo dessa forma me dê mais trabalho e você me ache uma “chata”, vou seguir fazendo assim, porque isso é o certo. E um dia você irá entender (mais ou menos como os meus pais fizeram comigo. kkk).
Ou seja, eu não mimo os meus filhos. Ou pelo menos, ajo de forma que acredito não estar mimando (mesmo). E isso porque eu acho e sempre achei que mimar é algo complicado, é algo que num primeiro momento deixa tudo mais fácil (é bem mais fácil atender as demandas de uma criança que comprar uma briga) mas que, no longo prazo, traz consequências devastadoras.
E quem hoje fala um pouco sobre isso, sobre os perigos do mimar, é Coach familiar, especializada em psicologia e desenvolvimento humano, Valéria Ribeiro. Venha ver o que ela, como especialista, pensa sobre isso e também confira as dicas que ela tem a dar.
Mimar nem sempre é um ato de amor
Por Valéria Ribeiro, Coach familiar, especializada em psicologia e desenvolvimento humano e uma das autoras do site Filhosofia.
“Amar também é frustrar, é oferecer à criança a possibilidade dela perceber que existem limites”
Atualmente, há um número maior de crianças mimadas que em outros tempos. É muito comum ver pais e mães tentando amenizar choros e pirraças em pleno corredor de um shopping ou supermercado ou até mesmo entre em ambientes de amigos e familiares.
Nestes momentos, os pais, por se sentirem envergonhados e querendo resolver a situação acabando cedendo aos desejos e anseios da criança. Isso é um erro, pois neste momento a criança aprendeu um mecanismo de como obter o que deseja e aí todas vezes que quiser algo e que ouvir um não ela usará deste recurso que já funcionou. E sabe o que é pior vai funcionar muitas outras vezes.
Houve um tempo que quando uma criança fazia uma cena desta em público, acabava levando um discreto e dolorido beliscão, normalmente da mãe, ou levava uns tapas e tudo se resolvia de alguma forma. Embora isso não seja o certo, claro que não, hoje as mães e pais carregam dentro de si um imenso sentimento de culpa por não poderem estar com os filhos o tempo que acreditam ser o ideal, então, passam a ceder às vontades da criança como forma de dizer que as amam. Essa falta de limites leva a criança a acreditar que tudo gira em torno dela e para ela, daí as birras em qualquer lugar quando se sentem contrariadas. Mas não é bem assim que as coisas devem acontecer, afinal, frustrar a criança faz parte da educação. E vocês não imaginam como isso é importante!
Uma outra forma de mimar o filho é quando os pais sempre dão razão para o filho, mesmo em situações que eles estão errados. Um exemplo típico disso é quando o filho vai mal na escola e a mãe ou pai vai à escola e diz que o problema é a professora e não o filho.
Como especialista em psicologia e desenvolvimento humano, posso garantir para vocês que os pais precisam aprender a diferença entre mimar e dar afeto, pois eles podem dar afeto mesmo em situações em que a vontade deles irá prevalecer sobre a da criança. Neste momento, há uma demonstração da autoridade (não autoritarismo) dos pais, autoridade esta que é muito importante a criança aprender a respeitar. Crianças mimadas não aprendem a respeitar regras e na adolescência podem acabar se envolvendo com drogas, más companhias ou serem praticantes de bullying. É difícil ouvir isso, eu sei, mas é a verdade.
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Crianças mimadas, normalmente, apresentam duas ou mais das características abaixo:
- Só come a comida favorita dela;
- É manipuladora;
- Faz birras frequentemente, a qualquer hora e lugar;
- Não divide nada com ninguém;
- Não aceita não como resposta;
- Os pais têm que tomar todas as decisões por ela, o que indica uma superproteção.
Apesar de muitos pais acreditarem que crianças mimadas não têm solução, isso não é uma verdade. Essa situação tem solução sim, mas os pais deverão ter muita paciência, determinação e persistência para que os comportamentos e atitudes da criança mudem. Cabe dizer que neste momento será preciso que ambos, mãe e pai, estejam de acordo na decisão que não aceitar mais realizar as vontades da criança, que serão fortes para suportar os choros e serão firmes nas decisões.
As decisões tomadas pelos pais devem ser informadas para a criança. E, lembrem-se, ela irá testar para saber se o que vocês estão falando é verdade e cederem uma vez ela será esperta o suficiente para saber que pode continuar a dar o “show” dela que irá conseguir tudo”.
Por Valéria Ribeiro
Coach familiar, especializada em psicologia e desenvolvimento humano, autora do site Filhosofia (http://filhosofia.com.br/).
Contatos: 12 99121-9615 / contato@filhosofia.com.br
Assista também, no Canal MdM, um vídeo sobre a importância de frustrar nossos filhos: