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Maternidade: cobranças pessoais x cobranças profissionais

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Semana passada o Léo iniciou sua adaptação na escolinha. Como é de praxe, depois de alguns dias ficando todo o tempo com ele, eu fui convidada a esperar em outra sala, para vermos como ele reagiria longe de mim (Tudo tranquilo! Thanks God!). Nessa minha espera, conheci outras mães que estavam passando pelo mesmo processo e com uma delas acabei trocando algumas ideias.

Um dos papos começou da seguinte forma…

Eu entrei na sala, sentei, e de cara vi que ali em cima da mesa continuavam as duas caixinhas de lenços de papel que eu havia visto no dia anterior. Naquele momento, diferente de 24 horas antes, resolvi expressar meus pensamentos e comentei: “Juro que olho para esses lenços e me sinto uma mãe ET” (mãe ET, e não mãe de um ET. Só para ficar claro.). E aí expliquei que eu, sendo muito sincera, não estava nem um pouco triste, abalada, carente, arrasada ou o que quer que fosse por estar colocando o Léo numa escolinha e por passar metade do dia longe dele. Muito pelo contrário, estava até empolgada porque agora poderia ter um pouquinho mais de tempo livre para tocar outras coisas importantes da minha vida (não tão importantes quanto ele, é claro, mas importantes também) e bem feliz por estar vendo o Léo tão bem e à vontade nesse novo ambiente. E ainda complementei dizendo que tem horas que sinto como se existisse uma cobrança para que a gente sofra com essa separação e que quando isso não acontece somos vistas como menos mãe ou mães desnaturadas. Ou seja, do jeito que muita gente encara a maternidade, é como se a gente tivesse a obrigação de sofrer quando fica longe dos filhos, coisa que, na minha opinião, não é algo saudável nem para um, nem para o outro.
 
Pois foi aí que a minha companheira de “cela” me surpreendeu elaborando ainda mais o tema. Ela disse que, para ela, existe uma cobrança dupla. Primeiro, há essa cobrança da qual eu estava falando, que vem do nosso círculo pessoal. Ou seja, quando decidimos que está na hora do bebê/criança ir para a escolinha ou de contarmos com a ajuda de uma babá há sempre aqueles (e que nem sempre são poucos) que acham que é muito cedo, que é importante a mãe ficar mais tempo com o filho, que nada substitui a presença materna e por aí afora. A primeira coisa que comentam é o famoso “mas já?”. E a pergunta vem como uma agulhada no nosso coração, fazendo com que a gente se sinta uma bruxa má simplesmente porque estamos querendo (ou precisando) dar conta de outras coisas que a dedicação 24×7 a um filho não permite.
 
E continuando o seu comentário, a minha nova-amiga-companheira-de-desabafo ainda lembrou que há o outro lado da cobrança. Aquela que vem dos chefes e colegas de profissão, que acham que a pobre coitada da mãe, que passa a vida se virando nos 30, está sempre em débito com eles, dando muita, mas muita mais prioridade para a família e filhos do que para seus compromissos profissionais.
 
Eu, por exemplo, já tive que ouvir comentários como “Mas você não vai voltar a trabalhar?”, “Ah, mas você só vai trabalhar meio período?” e  também encarei os famosos “Mas vai deixar o Léo numa escolinha tão cedo?”, “Não vai ficar com ele pelo menos até ele fazer um ano?”. 
 
Ou seja, como já comentei aqui em outro post, mais uma vez, em maternidade não tem muito jeito de acertar. Pelo menos não aos olhos dos outros. Se de um lado nos acusam de estarmos “abandonando” nossos filhos muito cedo, do outro somos vistas como relapsas às questões profissionais. E dessa forma, a balança nunca entra num equilíbrio e a cabeça e o coração da pobre mãe entram em colapso.
 
E se essa também é a sua condição, faça como eu. Escute o SEU  coração e dê cada vez menos ouvidos aos comentários desnecessários e desagradáveis que você escutar por ai. Sempre haverá gente pronta para julgar suas escolhas, mas cabe a você aceitar ou não o veredito. Se você tiver certeza da sua decisão, seja ela qual for, tenho certeza que a opinião dos outros irá importar cada vez menos. Eu resolvi que toda vez que alguém me olhar com cara feia porque coloquei o Léo numa escolinha com oito meses e meio eu vou simplesmente fingir que nem vi e não vou me dar ao trabalho de ficar dando explicações. Afinal, ninguém sabe mais da minha vida que eu, ninguém convive mais com meu filho e entende das suas necessidades que eu. Se eu não souber o que é melhor para nós – para mim e para ele – então não sei quem pode saber. 
 
PS.: acho que vou continuar o processo de “separação” do Léo sem precisar usar o tais lenços de papel que estavam em cima da mesa. Mas super entendo quem morre de chorar por ficar longe do filho. Afinal, ninguém é igual a ninguém. E se eu acho horrível ser julgada, de forma alguma vou julgar qualquer outra mãe e suas atitudes.

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