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Mães Superprotetoras

Mães Superprotetoras

Levanta a mão quem não é uma mãe superprotetora. Nesse post, nossa colunista Kênia Gondo, fala sobre mães superprotetoras e como dosar essa proteção. Segundo ela, a superproteção pode comprometer o desenvolvimento saudável da criança. Confira!

Mães Superprotetoras

Nenhuma mãe nasce pronta para a maternidade. A intenção de proteger os filhos de ambientes e situações prejudiciais,  assim como, garantir o afeto e cuidados com os filhos, é absolutamente normal e frequente, mas quando o curso destas preocupações se torna algo mais sério, ocorre uma disfunção no modo de pensar, sentir e se comportar em relação ao seu filho; muitas das vezes, deflagrando prejuízos para a saúde mental de todos os envolvidos na criação da criança.

Aprender com o processo da maternidade deveria ser algo natural, prazeroso e sem grandes sofrimentos psíquicos. No histórico de vida de uma mãe superprotetora, houve uma mãe superprotetora, que tinha uma crença de que se ela falhasse como mãe, a criança iria sofrer. Diante a grandes pressões, elas simplificam as crenças centrais, e internalizam um esquema padrão de comportamentos excessivos, com principal objetivo, de eliminar o sofrimento da vida de seus filhos. Frente a menor ameaça, elas antecipam perigos e impedem que seus filhos tenham contato, com qualquer evento que possa trazer-lhes desconforto.

A mãe acredita que um filho bem cuidado, não sofre, mas quando retiram o filho do ambiente ou situação que possam ser aversivos, elas não entram em contato com o sofrimento do filho… ter que lidar com o sofrimento do filho, gera dor , este ponto merece compreensão, elaboração e em alguns casos, terapia, para modificar as crenças e ajustar formas mais funcionais de interação, assim como fortalecer as emoções desta mãe. Elas entram em profunda dor emocional por ficarem imersas a culpas fantasiosas, quando algo sai do seu controle e a criança experimenta insatisfações. Privar o filho de ter vivencias o torna imaturo, inexperiente e incapaz para gerenciar suas emoções e adquirir resiliência frente aos desafios futuros.

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Como aprender a reconhecer e ajustar os comportamentos apreensivos que deflagram a superproteção e comprometem o desenvolvimento saudável da criança. Compreenda alguns tracejos, que podem indicar, se você está se comportando como uma mãe superprotetora… Toda mãe superprotetora comete o principal erro de tratar o filho como um bebê, este comportamento, indica que a satisfação da mãe está centrada apenas no filho. Ela renuncia a própria vida e se doa exclusivamente para a função materna, traduzindo uma relação disfuncional simbiótica e superprotetora, que retira a autonomia e a independência dos filhos. Quando os filhos são crianças, estas mães, agem rapidamente, frente ao menor desconforto, seja o choro, fome, desejo por um brinquedo, contribuindo para um alívio imediato da frustração, e por isso, apresentam baixa tolerância a frustração quando se tornam adultos, justamente, por não terem aprendido a elaborar este sentimento na realidade. Elas suprem todas as necessidades materiais e afetivas prontamente e excessivamente. Quando as mães assumem as responsabilidades que são de seus filhos, seja o dever da escola, a arrumação dos brinquedos, defendendo-os, mesmo quando comentem falhas, promovendo tudo que desejam, podem prejudicar o desenvolvimento de habilidades importantes, que geram a autoconfiança e comprometer a visão que a criança possui sobre si mesma.

O filho passa a experimentar sentimentos de vulnerabilidade, incapacidade, e a adotar um esquema comportamental de domínio para o outro, esperando que sua satisfação venha do externo. Filhos superprotegidos, adquirem traços de personalidade mais propícios a deflagrarem sintomas de infantilização, egoísmo, falta de empatia, dificuldades com compromissos e tracejos narcisistas. Quando seus filhos crescem, as mães superprotetoras, podem apresentar dificuldades para aceitar os parceiros de seus filhos, centralizando as decisões de sua vida pessoal, referindo que os filhos são incapazes de fazer boas escolhas, por necessitarem de proteção e direcionamento.

Normalmente, as mães superprotetoras possuem a autoestima baixa, apresentam dificuldades com o cônjuge e necessitam ser reconhecidas ou gratificadas. Elas acabam sufocando seus filhos, por medo de ficarem sozinhas, colocando estes filhos no papel exaustivo de lhes doar afeto e felicidade, preenchendo o vazio que representa tudo aquilo que não conseguem fazer por si mesma. Vale ressaltar, que também existe amor envolvido no ato de superproteger, estas mães não merecem o lugar de vilões, o importante é aprender a praticar uma autoanalise bem-sucedida e a mudar os comportamentos aprendidos com seus pais ou tutores. Para aliviar esta pressão social, é importante compreenderem que avós, tios ou pais também podem ser superprotetores. Sem tantas pressões e com maior entendimento de si mesmas, as mães são capazes de aprender com os erros a redirecionar suas vidas, vivendo com maior prazer dentro e fora da maternidade.

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Quando uma mãe, está envolvida em várias funções e transita por variados repertórios, seja a vida social, trabalho, autocuidado, lazer, descanso… estas vivências possibilitam aprendizados e modelações para seus filhos, e podem desenvolver muitas habilidades importantes para conquistarem um futuro promissor. Uma mãe saudável, é aquela, capaz de garantir que seu filho tenha uma visão realista da vida, experimentando emoções desagradáveis, para aprenderem a elabora-las, mas isso é construído.

A mãe consciente, ensina seu filho a explorar estas emoções, reconhece-las, aprendendo a identificar o que sentem e a gerenciar as emoções de forma mais saudável, sem precisarem recorrer a um prazer imediato, para aliviar as emoções negativas. Existe uma diferença entre a atitude de uma mãe que permite que o filho fique frustrado e nunca acolhe, a atitude da mãe que distrai o filho do desconforto e a atitude da mãe que ensina a criança, a prática do autoconhecimento e gestão emocional. Um outro ponto, importante nesta construção da maternidade assertiva, é orientar o filho para conquistar sua independência, preparando-o para viver para o mundo, sem excessos de cuidados e inseguranças, para isso, algumas irão necessitar de um acompanhamento psicológico, quando não conseguirem adotar sozinhas, atitudes mais funcionais; muitas se esforçam e nem tudo funciona como mágica, não é nada fácil a maternidade… existem comportamentos patológicos enraizados na personalidade, e um profissional de psicologia, é bastante útil e necessário, neste contexto.

Mães muito exigentes, que se preocupam em excesso com o desenvolvimento de seus filhos, e que acreditam que nenhuma  pessoa possa cuidar tão bem deste filho, colocam o filho em variadas atividades e ele tendem a crescerem  muito pressionados, encarando tudo com muita necessidade de perfeição e responsabilidade, e serem mais suscetíveis a quadros de ansiedade e estresses. Mães que competem com os amigos ou com outras distrações dos filhos, também atrapalham a independência da criança e projetam muitas culpas fantasiosas, e eles entram em sofrimento recorrente quando não conseguem colocar a mãe em primeiro lugar em suas vidas, estes sentimentos causam muita agitação e estresse.

Mães que escondem a realidade de seus filhos, e mascaram as emoções negativas, protegendo dos pensamentos angustiantes, incapacitam seus filhos de elaborarem e entenderem as emoções negativas, e quando adultos tem dificuldades de enfrenta-las. O melhor caminho para a maternidade saudável, é o autoconhecimento, em que a mãe, consegue ser mais feliz, viver com menos pressões e esta satisfação interna, irá repercutir na saúde mental de seus filhos. Existe uma pressão social enorme na figura materna, e este é o ponto principal de reflexão deste artigo, as mães precisam viver e deixar viver, mas este é um caminho de aprendizado, que deva ser respeitado e considerado. Caso você, perceba que pratica  a maior parte das atitudes disfuncionais que foram mencionadas, procure refletir e treinar atitudes mais saudáveis, sem pressão ou culpa, pois, você certamente modelou uma mãe muito parecida com quem você se tornou, e existe a chance de aprender novas formas de exercer a maternidade, a partir do conhecimento e da mudança de hábitos. Não desista e procure ajuda profissional se necessário.

Este texto foi escrito por:

Kênia Braga Gondo

Diretora e fundadora da VIVAPLENO – Saúde Mental Clínica e Corporativa.

www.vivapleno.com.br

@vivapleno

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