Categorias: Coluna Ginecologista e Obstetra

Luta contra a Infertilidade e a sonhada Gravidez

Compartilhe:
pin it

O post de hoje é um depoimento lindo da Rafaela, paciente do nosso colunista, o ginecologista e obstetra, Dr. Alfonso. Nessa carta, a Rafaela conta como foi sua luta contra a infertilidade, suas dificuldades para engravidar, as frustrações que passou até chegar na tão sonhada gravidez. É emocionante.

Uma inspiração para as mulheres que passam por esse desafio. Confira!

Luta contra a Infertilidade e a sonhada Gravidez

A exemplo da americana Leah Campbell, que compartilhou sua história na revista Parents, a advogada cuiabana que vive em São Paulo, Rafaela Coningham, de 36 anos, relata em carta aberta suas dificuldades para engravidar, e deixa um recado para que as mulheres que estão na luta contra a infertilidade. “Não desistam!”

Luta contra a infertilidade

“Como é difícil a vida de um casal tentante! (Relaxa que engravida, não é isso que mais escutamos?). Perdi a conta de quantas vezes ouvi a tal frase como se fosse a coisa mais simples. Acontece que no início, lidar com as emoções é mais tranquilo, mas conforme as tentativas pelo “positivo”, tudo muda. Começam os exames, acompanhamento da ovulação, namorar em dias propícios, às vezes até com hora marcada, sentir todos os sintomas de uma possível gravidez e terminar com a tristeza da menstruação. Imaginem a mesma história durante anos! A minha foi assim.

Tentativas comuns, com monitoramento da ovulação e, por fim, duas tentativas de fertilização in vitro (FIV), sem sucesso. Lidar com tanta expectativa me fez engordar 22 quilos. Eu compensava toda a minha ansiedade na comida, sem forças para mudar os hábitos. Somente depois desses dois negativos, sem motivo aparente, o médico solicitou um exame mais específico, uma ressonância da pélvis. E após esse exame de imagem, recebi o diagnóstico de endometriose infiltrativa profunda grau 4. Ao mesmo tempo que fiquei aliviada por descobrir o motivo de eu não engravidar, comecei a viver um pesadelo, por não saber o que tinha e o que viria pela frente, e o questionamento se um dia eu poderia ser mãe, como eu tanto sonhava.

Leia também: Por que endometriose é a maior causa de infertilidade nas mulheres?

Eu não sabia absolutamente nada sobre endometriose, e como boa leiga, fui buscar informações na internet. Tomei um susto tão grande com o que vi, que pedi pro meu marido realizar um sonho, conhecer a Itália, e assim fizemos. Compramos as passagens e passei a me dedicar a isso: a programação do roteiro e os lugares que queria conhecer, que me fez mudar um pouco o foco.

No entanto o resultado da ressonância mostrou que o meu caso não era nada simples, havia necessidade de intervenção cirúrgica. A endometriose estava infiltrada na bexiga e havia comprometido de forma definitiva todo o meu ovário esquerdo e parcialmente o ovário direito. Nesse momento soube que só por meio da medicina reprodutiva eu poderia realizar o meu sonho de ser mãe. Muitas pessoas me perguntavam como os médicos demoraram tanto para descobrir a razão da minha infertilidade, mas até pouco tempo atrás, não sabíamos bem sobre endometriose. Aparentemente, eu não apresentava sintomas clínicos evidentes o que também dificultou bastante o diagnóstico. A endometriose é uma doença silenciosa e os sintomas podem ser confundidos com outros males, que nós mulheres temos, e costumam sumir sob efeito de analgésicos. Aliás, perdi as contas de quantas vezes procurei o pronto atendimento me queixando de enxaqueca ou infecção urinária.

Tudo correu bem na cirurgia o que fez a minha vida tomar um novo rumo, pois estava animada com a retomada do meu tratamento. A tão sonhada gravidez estava mais próxima! Comecei a me motivar e o passo inicial foi o emagrecimento, pois li sobre obesidade e infertilidade e entendi que esse seria o primeiro passo. Perdi 20 kg! O momento seguinte, conhecer o médico que iria realizar o meu tratamento, fui por indicação, mas sabe quando o santo bate? Não é só com namorado que isso precisa acontecer, com médico também, afinal de contas, iniciamos ali um relacionamento de confiança e entrega. Encontrei isso com o Dr. Alfonso Massaguer. Com tudo em ordem, travamos ali uma verdadeira batalha. E que luta! Nas duas primeiras tentativas não conseguimos nenhum embrião. Nenhum! Me questionei, chorei, mas não estava disposta a desistir, alguma coisa me dizia que iria dar certo.

Leia também: tabagismo pode causar infertilidade?

Luta contra a infertilidade

E somente após 6 coletas de óvulos, conseguimos apenas 3 embriões. Não foi fácil. Na primeira transferência, o tão sonhado positivo. O primeiro de toda uma vida! A felicidade porém não durou muito, pois a gravidez não evoluiu. Nesse momento percebi a importância do meu parceiro. Ele foi o meu colo, e ainda que precisasse de um também, estava ali ao meu lado sem nunca desanimar. Eu ainda tinha 2 embriões congelados e nos preparamos para a segunda e última transferência. Eu tinha convicção de que daria certo! A certeza era tanta que fiz luzes um dia antes do procedimento, já que grávida eu não poderia pintar os cabelos. E então o POSITIVO, agora diferente, nosso bebê estava lá. Quanta alegria!!! Queríamos comemorar, mas já no início da gestação um novo susto, o primeiro de quatro sangramentos, o que fez com que, com 14 semanas precisasse realizar uma cerclagem, um procedimento no útero. Que início de gestação tenso! Porém, depois de tantas etapas vencidas, essa era apenas mais uma e, passado o primeiro trimestre, a gravidez correu tranquilamente. A caminhada foi longa, e oito anos depois, em meio uma pandemia desenfreada, escrevo para vocês com a minha bebê no colo. Ela era tudo que faltava para completar a nossa família e agora não falta mais nada. Desejo a todas as mamães e futuras mamães um ótimo domingo e que tenhamos fé em dias melhores, porque vai passar!”.

Veja mais!