Quem me conhece bem sabe como a leitura é importante na minha vida. Mais que um hobby, sempre foi uma terapia. Eu não passava nem um único dia da minha vida sem ler algumas páginas de um bom livro (até a chegada dos filhos, ahahahah!).
Assim como a leitura é importante para nós, adultos, é essencial para bebês e crianças pequenas. Eu sou super a favor de incentivar as crianças a lerem. E acredito que só conseguimos isso com o exemplo.
Nesse post, a nossa colunista Ana Paula, educadora especialista em crianças de 0 a 3, compartilha conosco a importância e os benefícios da leitura para bebês e crianças pequenas.
Leitura para bebês e crianças pequenas
Achei interessante lançar esta pergunta para que possamos pensar sobre a importância de ser ler para as crianças pequenas. Sempre gosto de primeiro tentar ficar sob o ponto de vista da criança, então vamos lá.
À princípio, um livro é apenas mais um objeto que ela pode ter diante de si. Um objeto que pode ter diferentes formatos e, a depender da gramatura do papel, pode responder ao toque de modos distintos. Uma página pode ser virada com facilidade e manter-se rija, enquanto outra pode rasgar ou amassar. Suas cores podem chamar atenção pelos contrastes ou por seguirem uma mesma tonalidade.
Quando um livro é manipulado pela criança, ele pode ter diferentes funções. Serve ao tato, produz sons ao ser lançado ao chão, serve de mordedor e conta coisas a partir de imagens que as crianças conhecem (de objetos, pessoas ou animais).
Uma criança e um livro sozinhos podem logo se esgotar ou podem permanecer num mesmo tipo de exploração. Agora, quando junto da criança e do livro aparece uma terceira pessoa que possa dar-lhe voz, tudo se modifica.
Um livro sempre pede um leitor, alguém que cuide dele, que o decifre e o possibilite a contar sua história. E pede que este leitor partilhe a história, seja com seus próprios pensamentos ou com outras pessoas.
O que um livro conta para uma criança que mal se comunica pela fala?
Quando esta tríade é estabelecida (livro, leitor e criança), todos se modificam. O livro por poder ter sua história conhecida, o leitor por dar voz a ela e a criança por imergir num outro modo de lidar com o tempo.
Um livro quando é lido por alguém, pede uma modulação de voz diferente, pede pausas, respirações, suspenses, risadas, fluências. Os livros possibilitam a apresentação do mundo e narram diferentes histórias que favorecem o contato com sentimentos humanos em segurança, sendo possível ao leitor ser medroso ou corajoso, enfrentar adversidades ou vencer batalhas, fugir ou ser encontrado, sem sair do lugar.
Quando o leitor é o pai, a mãe ou alguém que se responsabilize pela criança, cria-se uma nova rede de afetos e apresenta a disponibilidade para se estar com ela. Como resultado, compartilhando o tempo da leitura e desfrutando plenamente da história.
Após ser lido, um livro deixa de ser apenas mais um objeto. Torna-se o portador de histórias, tanto da que seu autor quis contar, como as histórias de cada momento em que o livro foi lido. Enfim, histórias permeadas pelos cheiros das pessoas, tons e timbres de vozes, respirações, risadas…
Quando as crianças convivem com livros e com pessoas que se disponibilizam ler para elas, ao encontrarem um livro portanto, passam a querer descobrir suas histórias e dificilmente se cansam de manipulá-los.
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