No post de hoje você vai entender sobre inseminação intrauterina e fertilização in vitro. Quem explica pra gente é nosso colunista, o ginecologista Dr. Roberto Azevedo. Confira!
INSEMINAÇÃO INTRAUTERINA x FERTILIZAÇÃO IN VITRO
Sem dúvidas, a modalidade de tratamento mais conhecida pela maioria das pessoas é a fertilização in vitro (FIV), embora ainda haja certa confusão em sua denominação. Nas últimas décadas, a reprodução humana vem se modificando absurdamente, com inúmeras evoluções para atender e auxiliar diversos casais na realização do sonho de ter filhos. Diversas são as causas de infertilidade, masculinas, femininas ou de ambos. E para cada uma delas, existe uma indicação específica de tratamento que melhor se adequa à cada casal.
Com o passar dos anos, a FIV foi ganhando cada vez mais espaço devido aos melhores resultados, apesar dos maiores custos envolvidos em sua realização. Mas precisamos pensar em um conceito de custo-efetividade de cada tratamento proposto. Antes de qualquer coisa, vamos entender a inseminação intrauterina (ou inseminação artificial) como o procedimento onde, após o preparo da mulher, no que diz respeito em assegurar boas condições ovulatórias com o uso de medicações específicas e o acompanhamento pela ultrassonografia, o sêmen do parceiro (ou de doador) é preparado e depositado dentro da cavidade uterina. Logo, a união entre os gametas (óvulo e espermatozóides) ocorre no organismo da mulher.
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Por outro lado, a FIV é um processo completamente diferente, em que após a estimulação ovariana, fazemos a captação dos óvulos e a união dos gametas com a formação dos embriões se dá em laboratório. Só então, os embriões são transferidos, já formados, para o interior do útero. Ou seja, na inseminação intrauterina, o embrião é formado no corpo da mulher, mais especificamente na trompa uterina. Enquanto na FIV o embrião é formado em laboratório e, depois, colocado no interior do útero.
Ok, mas por que cada vez mais vemos a FIV crescer tanto? Voltamos ao conceito de custo-efetividade. Ou seja, mesmo com um custo total de tratamento maior, a FIV apresenta chances de gravidez bem maiores do que a inseminação. De modo geral, e sem maior detalhamento, dizemos que as chances de sucesso com a FIV ficam em torno de 35 a pouco mais de 40 %. E quando temos um embrião euplóide, normal cromossomicamente, tais chances sobem pra algo em torno de 60 a 65 %. Por outro lado, com a inseminação intrauterina, a chance de sucesso de nascimento varia entre 8,5 e 12 % por ciclo de tratamento, segundo o relatório do Registro Europeu de 2020.
Estes dados explicam a preferência pela FIV. Mas devemos lembrar que, quando bem indicada, a inseminação intrauterina pode ser a 1ª linha de tratamento para alguns pacientes. O ponto crucial é uma boa e adequada orientação, por médicos com experiência na área. Considerando todos os fatores envolvidos, as probabilidades de sucesso aumentam.