Desde a gravidez, a gente já começa a saber que tipo de problemas nossos bebês podem enfrentar ao nascer. Vão desde a dificuldade para pegar o bico do peito, as famosas cólicas, alergia a fralda, peso mais baixo… nossa, é uma infinidade. Depois ainda perguntam por que muitas mães ficam aflitas e inseguras, né, gente? Bom, um desses problemas, que todo mundo fala e que é bem comum, é a icterícia. Quem não conhece um bebê que tenha tido isso? Meus dois pequenos, por exemplo, tiveram.
A icterícia é um problema que aparece nos bebês recém-nascidos e deixa a pele amarelada, tanto que é popularmente conhecida como “amarelão”. Em geral não é nada grave e melhor rápido, mas é preciso estar atenta, pois em alguns casos a situação pode se complicar se não for controlada a tempo.
Vamos começar do começo: a icterícia ocorre por conta de uma substância chamada bilirrubina, que está presente normalmente no sangue, mais especificamente na hemoglobina, e é resultado do metabolismo dessas células. Ela tem uma coloração amarelada, é tóxica, e está presente em crianças e adultos, mas é normalmente metabolizada pelo fígado. O que acontece é que nos bebês, logo após o nascimento pode acontecer da quantidade ficar muito aumentada por conta da transição da vida de dentro da barriga para a vida de fora da barriga e todas as adaptações que o organismo precisa fazer.
Dentro do útero, como o oxigênio é mais escasso, o bebê precisa de altas concentrações de hemoglobina para aproveitar esse oxigênio da melhor maneira. Já quando vem pro lado de fora, essa necessidade não é tão grande, mas não é como apertar um botão e fazer todo o sangue funcionar de outro jeito de uma hora para outra.
Por conta disso, a bilirrubina acaba ficando excessiva, o fígado não dá conta de processá-la toda, e deixa a pele e os olhos amarelados. Uma icterícia leve é normal e ocorre em cerca de 50% a 70% dos recém-nascidos e é mais frequente ainda nos prematuros. Também é um problema mais comum em bebês de origem asiática do que nos outros e, embora seja comum, ela pode estar associada a algumas outras situações, como a incompatibilidade sanguínea entre mãe e filho (como no caso de mãe Rh negativo e filho Rh positivo) ou por alguma outra doença.
O amarelado na pele aparece logo nos primeiros dias após o nascimento. O pico normalmente é no segundo ou terceiro dia, quando normalmente o bebê ainda está na maternidade, o que facilita muito a identificação e o tratamento do problema. De qualquer maneira, caso o seu bebê nasça em casa, é bom estar atenta aos sinais: a coloração amarelada aparece primeiro na pele do rosto e da cabeça – pode aparecer também no branco dos olhos – depois no tórax, no abdômen e só no final nas pernas. Aos primeiros sinais, consulte seu pediatra para ele determinar a situação e que tipo de tratamento será o mais adequado.
Quando ainda estão na maternidade, os bebês costumam receber o chamado banho de luz artificial, cujo termo correto é fototerapia. Em um berço, ele fica sem roupa, com os olhos cobertos por uma máscara protetora e recebe luz de lâmpadas fluorescentes azuis, que ajudam o organismo a metabolizar a bilirrubina. O tempo e a frequência do tratamento vão variar de criança para criança, conforme o peso, a idade gestacional ao nascer, o nível de gravidade de icterícia.
Agindo da maneira correta e com rapidez, logo ao perceber a icterícia na maternidade ou em casa, o problema é resolvido sem grandes demora e não causa nenhuma consequência. Em casos muito, muito raros, da chamada icterícia patológica, o bebê pode ter sequelas como surdez e até outros danos cerebrais. O resumo da ópera e recado que fica é que se o seu bebê for diagnosticado como tendo icterícia, não é preciso se preocupar demais, nem se desesperar, pois o tratamento é simples, indolor e rápido. Mas nada de deixar passar se você notar a pele dele amarelada. Pergunte mesmo ao seu pediatra, sem vergonha e nem medo de estar sendo exagerada.