Não sei se vocês sabem, mas o Caê fraturou as duas clavículas no parto. Eu o tive de parto natural e, na passagem pelo canal vaginal ele acabou fraturando esses ossinhos. Quando recebi a notícia, quase caí para trás. Mas pelo menos três pediatras me acalmaram dizendo que isso não é o fim do mundo e que a recuperação do meu pequeno seria rápida.
Só que como o seguro morreu de velho, claro que resolvi ir atrás de mais informações e me inteirar sobre o assunto. E aí, conversei, sem ser como paciente, com o pediatra Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria e com a obstetriz Nathalie Leister, sócia da Commadre, um espaço de apoio para gestantes na Zona Leste de São Paulo.
Fiz isso por que, se vocês forem dar aquela busca rápida no Google, aparecem casos de pais furiosos, querendo processar hospitais e médicos e eu precisava saber o que tinha fundamento e o que não do que estava sendo bradado. E, claro, dividir com vocês.
Pois bem, com base no que eu descobri por aí, saiu esse post, no qual eu conto um pouco sobre esse probleminha que o Caê teve no seu nascimento.
Vou logo de cara contando que claro que não é normal ocorrer essa fratura, mas que é um dos incidentes mais comuns que podem acontecer durante o parto por via vaginal. Isso por que, depois de passar a cabeça, o bebê precisa conseguir passar com seus dois ombrinhos e isso às vezes fica um pouco difícil. Em geral espera-se que a mãe tenha mais uma contração forte para ajudar a expulsar o bebê, mas pode ser que o médico ou a parteira precisem fazer algumas manobras para ajudar o bebê a passar, principalmente se o bebê for grande ou se a bacia for mais estreita.
É nesse momento que o bebê pode fraturar as clavículas, que são aqueles dois ossinhos que formam as “saboneteiras”, bem abaixo do pescoço. A primeira coisa que passa pela cabeça é que o bebê deve estar sentindo uma dor danada e que se nota de imediato que o osso se quebrou, mas não é bem assim. Isso pode ser diagnosticado de imediato, por um exame em que se apalpa levemente a clavícula, mas não é raro que o incidente passe despercebido tanto pelos médicos quanto pelo pai e pela mãe. Aí quem vai notar é o pediatra, no primeiro exame alguns dias após o nascimento.
Alguns pais podem notar algo errado quando o bebê chora muito ao ser colocado de lado ou com alguns movimentos. Depois de identificada a fratura, o que se faz é imobilizar o bebê, com faixa apenas, não é preciso gesso, pois essas são fraturas incompletas, chamadas de “fratura em galho verde”. Alguns pediatras nem vem a necessidade de imobilizar, apenas de cuidado redobrado ao pegar o bebê para não causar dor (caso do Caê).
Por ser uma fratura incompleta, ela cicatriza muito rápido, em cerca de duas semanas está tudo resolvido. O que costuma ocorrer também é o aparecimento de um calombo na região da fratura, em formato de ovo, chamado de “calo ósseo”, que é normal e desparece com o tempo. E não fica depois nenhuma sequela para o bebê ou comprometimento dos movimentos e desenvolvimento.
Apesar do susto e do desespero inicial, não foi o fim do mundo a fratura das clavículas do Caê. Mesmo na primeira semana, que é a mais delicada, ele não chorava e nem reclamava. Claro, tinhamos todo o cuidado do mundo ao mexer com ele e também na hora de amamentar (amamentei na posição invertida, para evitar pressão sobre o ombro). Depois, quando ele estava com quase um mesinho, o levamos para ser examinado por um bom ortopedista e esse também garantiu que estava tudo certo e a recuperação havia sido muito boa (ele já estava com os calinhos da calcificação e seus movimentos dos braços estavam normais).