Hoje estreia aqui uma nova coluna para falarmos sobre dinheiro: “Filhos & Dinheiro”, com a nossa colunista Anna Luisa, que começa falando sobre emoções e finanças.
A Anna é jornalista formada pela PUC-Rio e decidiu deixar a agência de comunicação que fundou para iniciar uma nova carreira na área financeira. É certificada pela Anbima, trabalha com Consultoria Financeira para famílias e é professora na Financier Educação. Uma das suas atividades e funções mais importantes é ser mãe do João Pedro (6) e Henrique (4), e ela adora testar técnicas e ferramentas de educação financeira dentro de casa.
Confira como o dinheiro pode ensinar habilidades emocionais para os nossos pequenos.
Finanças e Emoções: dinheiro pode ensinar habilidades emocionais
Eduque seus filhos emocionalmente e eles aprenderão a lidar com seu dinheiro de forma eficiente e saudável. Sim, educação financeira e emocional têm tudo a ver. Na verdade, você pode usar os recursos da educação financeira para ajudar seus filhos a se desenvolver de forma emocionalmente saudável.
Escolhi cuidadosamente este tema para o artigo de estreia da coluna Filhos & Dinheiro no Macetes de Mãe porque vejo que são duas áreas – finanças e emoções – que mães e pais vêm buscando desenvolver em seus filhos e até em si mesmos.
Comece sempre pelo autoconhecimento, que é a base da educação emocional e também financeira. Talvez seu filho dê mais valor a uma ida ao cinema, enquanto o primo prefere gastar o dinheiro em uma lanchonete. Talvez seu filho tenha um desejo mais caro, como um videogame, do que o primo, que quer comprar apenas uma fantasia de super-herói.
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A maneira de gerir o dinheiro, o quanto vão guardar para usar no futuro e quanto tempo terão de “trabalhar” para alcançar seus objetivos será diferente porque são pessoas com preferências diferentes.
Outro ponto importante a ser desenvolvido é a disciplina. A partir do momento em que a criança estabelece um objetivo, como comprar um brinquedo que custa mais que sua mesada, ela precisará traçar um plano para conseguir. Pode ser, por exemplo, guardar uma parte do dinheiro todo mês, ao longo de alguns meses.
Será necessário persistir no plano, ter a consistência de continuar guardando todo mês e descobrir suas motivações (outra pitada de autoconhecimento) para superar eventuais imprevistos que surgirão no caminho para seu objetivo. Mas ao alcançar a meta, também terá a satisfação da conquista.
Paciência é outra habilidade que se desenvolve muito com a educação financeira
A paciência é outra habilidade que se desenvolve muito com a educação financeira. Se a criança pede um brinquedo em setembro, por exemplo, os pais podem explicar que comprarão o presente, mas apenas no dia das crianças, no mês seguinte. Mas é importante que o tempo de espera esteja adequado à idade, pois quanto mais novos, menos conseguem aguardar.
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Entrar em uma loja de brinquedos ou mesmo em um mercado e não pensar em comprar tudo de interessante que há exige uma boa dose de autocontrole. Muitos adultos não o percebem porque já o fazem de maneira automática, mas o natural – até instintivamente – é querer levar tudo.
A criança precisa ir desenvolvendo esta habilidade aos poucos. Levar uma lista para o mercado, por exemplo, pode ajudar a compreender a importância de se priorizar alguns itens. Combinar, antes de sair de casa, que naquele dia vão comprar apenas o presente de aniversário do amigo também ajuda.
Outros recursos importantes que a educação financeira pode ajudar a construir é a flexibilidade e a resiliência diante de imprevistos que exigem mudança de planos ou um projeto que não deu certo. Imagina que seu filho está se organizando para comprar um par de patins. E, ao alcançar o valor calculado, descobre que o preço aumentou 10%, o que requer mais um mês de espera. São situações frustrantes, mas que fortalecem e amadurecem.
Ao tomar decisões financeiras desde cedo, ainda que com valores pequenos, desenvolvemos a segurança para lidar com grandes gastos. E também assumir riscos calculados nos investimentos na idade adulta. A compra de um imóvel, um intercâmbio ou o investimento em ações e criptoativos são decisões financeiras que exigem um certo grau de segurança. Ou melhor, de maturidade para assumir riscos.
Finanças e criatividade
Por último, mas talvez o mais importante, apresentar o mundo financeiro aos filhos pode contribuir muito para desenvolver a criatividade. A gestão financeira diz respeito a como alocar os recursos que são sempre finitos. Já que o dinheiro é finito, então como aproveitá-lo da melhor forma possível? Mas nem sempre este é um jogo puramente matemático. Imagine que seu filho tenha R$ 100 e queira comprar uma mochila nova de R$ 80 e um jogo de videogame de R$ 70.
Em vez de comprar um dos dois e aguardar até ter o dinheiro para o outro, ele pode decidir oferecer algum serviço. Como: lavar o carro dos vizinhos, fazer brigadeiros para vender, editar vídeos para um conhecido, etc. – para buscar os R$ 50 que faltam. Ou ainda pode comprar a mochila antiga do irmão por R$ 30. E customizá-la para ficar do jeito que queria. Ou então pode revender algum de seus jogos de videogame para comprar o novo. Existem diversas possibilidades, mas elas só podem ser imaginadas com um certo treino de criatividade.
Isso tudo sem contar o benefício direto do ganho de experiência em gerir seu próprio dinheiro. Conhecer a mecânica das finanças pessoais vai facilitar sua organização no futuro. E tornar o dinheiro algo natural em sua vida, colocando-o como uma ferramenta que deve estar a serviço dos seus sonhos.