Você sabe o que é dislexia? É um transtorno relacionado à aprendizagem. Muita gente não sabe o que é, quais são as causas e os sintomas. É um transtorno pouco conhecido e por isso, a criança com dislexia acaba recebendo diagnóstico tarde, causando-lhe mais sofrimento.
Hoje nós vamos entender um pouco mais sobre dislexia e quem compartilha conosco esse conhecimento é a Dra. Daniela Bariani, médica neurologista infantil e colunista aqui do MdM. Confira e compartilhe!
Saiba tudo sobre Dislexia
A dislexia é considerada um transtorno do desenvolvimento. Ainda é pouco compreendido e pouco conhecida pelos pais, professores e mesmo pelos pediatras. Portanto, essa falta de conhecimento faz com que seu diagnóstico ocorra muitas vezes de forma tardia. O que leva a um sofrimento em tudo relacionado ao aprendizado, tanto para a criança, quanto para a família.
Nesta coluna tentaremos esclarecer algumas questões sobre a dislexia. Lembrando que o correto diagnóstico e direcionamento terapêutico deve ser dado pelo médico, certo? Vamos lá!
A dislexia acomete cerca de 6% da população. Foi descrita pela primeira vez no final do século XIX, ganhando o nome de “cegueira verbal”. Nos estudos da época eram relatados indivíduos que, embora tivessem capacidade visual normal e condições adequadas de estudo, não conseguiam aprender a ler ou escrever. Ou o faziam com extrema dificuldade.
Posteriormente outros estudos foram publicados, evidenciando que as pessoas com esta dificuldade tinham de fato alguma alteração neurológica no funcionamento de áreas cerebrais responsáveis pela leitura e escrita (regiões temporais do cérebro – ficam nas laterais).
Por fim identificou-se que a dislexia apresenta um padrão genético de transmissão, predominando muito mais em homens do que em mulheres.
Mas como a dislexia se manifesta na prática?
Na prática, vemos crianças que chegam ao consultório com relato de muita dificuldade na alfabetização e no aprendizado da leitura e da escrita. São crianças que olham para o quadro ou para os livros e têm dificuldade em decodificar os sinais que enxergam. Ou seja, embora enxerguem bem, é difícil reconhecer a letra, juntar as sílabas e associar ao som que geram, formar as palavras e finalmente entender o significado do que estão lendo.
Crianças com dislexia trocam com frequência o p pelo b, m e n, escrevem muitas vezes sem espaçamento, de forma espelhada. São crianças que precisam fazer um esforço muito grande para ler e escrever e interpretar o que está escrito.
Na prática percebemos que quem tem dislexia tende a ter muito mais dificuldade em português do que em matemática, por exemplo. Com números a criança se dá melhor. Também toda informação que é ouvida é muito melhor memorizada e aprendida do que a informação que é lida.
Dislexia nada tem a ver com inteligência!
Porém, por terem tanta dificuldade com as palavras, quem tem dislexia tende a se achar incapaz de aprender. Acaba sofrendo muito com tudo que seja relacionado à escola, muitas vezes criando uma aversão ao estudo. E com isso, todas as consequências futuras acadêmicas, profissionais e pessoais.
Não é incomum, ao indagarmos sobre dificuldade de aprendizado no pai ou na mãe e nos deparamos com relatos de que um deles sempre teve dificuldade com leitura / escrita / interpretação de texto e carregou essa frustração até hoje, muitas vezes com prejuízos na sua vida.
Estima-se que 60% das pessoas que têm dislexia também apresentam TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Por outro lado, cerca de 15% das pessoas que têm TDAH também têm dislexia.
Leia AQUI sobre: TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Diante deste cenário, é fundamental que a escola, os pais e pediatras estejam atentos à possíveis dificuldades de aprendizado. Na menor suspeita de algum transtorno, a criança deve ser encaminhada ao especialista.
O tratamento da dislexia é fundamentalmente terapêutico. Consiste em sessões de fonoaudiologia para aprendizado de técnicas e estratégias para perceber e, portanto, driblar as dificuldades naturais da dislexia. Por isso, muitas vezes o acompanhamento de psicologia e psicopedagogia também é necessário.
Em casa valem algumas brincadeiras que estimulam, de forma leve, o aprendizado das palavras. Exemplo: jogo de forca, caça-palavras, sudoku, palavras-cruzadas. Além disso, estimular a prática da leitura fornecendo livros simples que as crianças gostem.
Em relação ao tratamento medicamentoso, estudos publicados indicam que o uso de medicações para o TDAH (especialmente os psicoestimulantes à base de metilfenidato), quando o TDAH encontra-se associado, pode ajudar muito.
Enfim, o importante é buscar ajuda, ter muita paciência, respeito e dedicação com esta criança. Acredite, com o tratamento tudo irá bem. Vale a pena!
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