Filho doente é sinônimo de sofrimento em dobro para os pais. Primeiro por que ficamos com o coração apertado de ver que eles não estão bem e depois, por que não é nada fácil dar remédio para crianças.
Se você está passando por esse momento (eu totalmente passei por isso nas duas últimas semanas. Quem me acompanha no Instagram sabe disso), hoje trago alguns macetes que já usei aqui em casa com os meninos e que ajudaram bastante. O principal, pode acreditar, é ter muita calma e muita paciência. Se o seu filho perceber que você está nervosa ou agitada a tarefa será bem mais complicada e demorada (ah, se será!).
Quando falamos em medicamentos o fundamental é tirar todas as dúvidas que tiver com o pediatra. Não tenha vergonha de perguntar a quantidade, o intervalo de horário, se ele tem alguma sugestão para dar o remédio e se o medicamento pode ser misturado, por exemplo, na papinha ou no suco. Como geralmente são muitas informações de uma só vez e você também está nervosa pelo filho estar doente, anote tudo (só não escreva na receita, pois ela pode ficar na farmácia).
Depois, ao comprar o remédio e chegar em casa, mantenha os frascos sempre em local arejado, longe da umidade ou da luz solar e, principalmente, fora do alcance das crianças. Caso já tenha o medicamento, ótimo, ele pode ser usado desde que esteja dentro do prazo de validade, claro. No caso dos antibióticos, também é importante checar na bula se há necessidade de mantê-los refrigerados. Alguns exigem isso.
Os remédios orais líquidos são os mais receitados para menores de 5 anos de idade. Até aí a tarefa parece ser fácil né? Só que não é. Por ter um gosto, ruim seu filho tende a rejeitar o medicamento a partir da segunda vez. A dica, caso isso aconteça, é usar uma seringa para dar o remédio, ao invés de um copinho ou colher. E, caso você opte por dar com colher, muito cuidado. Use a colher somente para dar o medicamento e não para medir a sua quantidde quantidade, isso porque as colheres variam muito de tamanho (duas colheres de sopa podem ter tamanhos diferentes de acordo com o fabricante ou modelo). Agora se o remédio for em gotas, aí tudo bem pingar direto na colher.
Depois de medir a quantidade, ao dar o remédio, mantenha a criança ereta, apoiada no seu antebraço. Se estiver difícil equilibrar o seu filho e o remédio, peça ajuda. Ao oferecer medicamento líquido, direcione-o para a bochecha, evitando a chance de engasgo. Agora, se o bebê for muito pequeno, dê um pouquinho, espere ele engolir e depois dê o resto da quantidade indicada. Oferecer o peito ou um pouquinho de água ou suco depois ajuda o medicamento a descer e tira o gosto ruim (aqui os meninos estão na fase de só aceitar se depois puderem tomar água).
Porém, se mesmo assim for muito complicado dar o remédio e a criança recusar, pergunte ao pediatra se pode misturar na papinha.
Mas e se o remédio for para o nariz? Talvez este seja mais fácil. Neste caso, basta deixar a criança deitada ou em pé e usar uma das mãos para inclinar a cabeça dela um pouco para trás. Coloque o medicamento próximo ao nariz e nunca dentro da narina, para não machucar.
Outro tipo de remédio muito comum é o para pingar no ouvido, devido à infecções. Para aplicá-lo também é bem simples. O melhor é deitar a criança de lado e segurar a parte de baixo da orelha em direção ao pescoço, abrindo o caminho do canal auditivo. Depois de pingar o medicamento, espere um tempinho antes de virar o seu filho para o outro lado. Se fizer tudo muito rápido o remédio vai escorrer e não vai resolver nada. Atente-se apenas para que a criança não coloque a mão no ouvido. Apesar de elas reclamarem muito desse tipo de medicamento, por causa do incômodo, saiba que ele não arde e nem machuca.
E o colírio? Vocês já tiveram que usar nas crianças? Considero esse um pouco chatinho. Todo mundo tem o reflexo de piscar, que é útil para impedir que partículas estranhas entrem nos olhos e o problema é que o remédio acaba entrando nessa de ser uma “partícula estranha” e tende a ser rejeitado. A dica é agir um pouco rápido, porém sempre com calma. Primeiro, deite a criança de barriga para cima e coloque a cabeça um pouco para trás. Direcione a gota para o cantinho do olho, do lado do nariz, entre as pálpebras superiores e inferiores. Muito cuidado para não encostar o frasco no olho e nem nos cílios. Se depois disso a criança piscar bastante não tem problema, assim facilita que o remédio se espalhe. O que não pode é colocar a mão no olho, ok? Quanto às lágrimas limpe com uma gaze.
Deixei para falar por último sobre os comprimidos, já que eles não são tão comuns nessa fase. Tem criança que consegue engolir o comprimido a seco, porém, na maioria dos casos, ensine-a a beber um pouco de água junto. Se tudo parecer um bicho de sete cabeças verifique com o pediatra para diluir o remédio na papinha ou em um pouco de água e aí dar numa colher ou seringa. Só não se esqueça de perguntar antes de fazer isso, pois não são todos os comprimidos que podem ser desfeitos.
Outra dica é organização. Ou seja, mantenha os remédios que você precisa dar sempre juntos e num local de fácil visualização, para você nunca esquecer. Eu costumo utilizar uma cestinha para colocar os remédios dentro e também sempre deixo junto a receita. Ah, identificar a embalagem do medicamento, escrevendo ou colando um adesivinho, também ajuda você a não esquecer quanto e quando dar cada medicamento.
Para finalizar, como vocês devem ter percebido, em nenhum momento sugeri usar recompensas para dar o medicamento. Apesar de a gente saber que ninguém gosta de remédio, prometer algo em troca caso o seu filho tome o remédio não é legal e pode virar uma bola de neve. O importante é explicar que aquilo vai ajudá-lo a ficar melhor e as implicações para ele caso ele não queira tomar (ele não ficará bom e continuará com aquele mal estar).
A gente tende a menosprezar o entendimento das crianças, pois saibam que a partir de 2 anos eles já conseguem entender bem se a gente explicar e argumentar de forma simples e clara.
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