“Criança com tiques”. O que seria isso? Tem criança que passa várias vezes a mão no cabelo, outra pisca os olhos continuamente e tem também aquela que mexe os ombros sem ao menos perceber. Se o seu filho tem algum desses “hábitos”, pode ser que ele tenha um tique. Claro que esses são só alguns exemplos de tiques infantis, já que a lista é bem mais extensa mas, em resumo, o tique é qualquer movimento involuntário, rápido, repetido e estereotipado, feito pela parte motora ou vocal.
Resolvi abordar este tema hoje por que os tiques são bastante comuns na infância e a boa notícia é que na maioria das vezes acompanha a criança somente até a adolescência, sendo poucos os casos de permanência na vida adulta. Isso quando tratado, é claro.
O assunto precisa de muita atenção dos pais, já que um Distúrbio de Tique Transitório não cuidado pode evoluir para um Transtorno Obsessivo Compulsivo. Ou seja, o famoso TOC.
Mas, voltando para o tique, a criança pode tê-lo a partir dos 2 anos de idade, sendo mais comum entre os 5 ou 6 anos. Um tique funciona mais ou menos assim: na hora da manifestação há sensação de desconforto, depois vem um sentimento de alívio. Saiba que a criança não vai ter tique durante o sono e nem quando estiver concentrada em alguma atividade.
O motivo que leva ao tique é bem variado e pode ser desde consequência de um distúrbio genético até causas emocionais. Essas as mais frequentes. Então se houver separação dos pais, a morte de alguém próximo, uma mudança de cidade ou de escola e até o nascimento de um irmãozinho e o seu filho não souber lidar com isso, ele poderá desenvolver um tique. Porém, outras situações também têm relação com os tiques, como ter pais rígidos demais ou até protetores em excesso, ou seja, tudo que gerar ansiedade, insegurança, medo e fragilidade emocional tende a resultar, em alguns casos, em tiques simples ou complexos, sendo que o que diferencia um do outro é a quantidade de músculos envolvidos.
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Sobre a duração de um tique, algumas crianças vão ter esses movimentos involuntários por um tempo curto, cerca de 4 semanas, só que em outras situações o tique se repete por mais de 12 meses, com períodos de melhora e piora quando aumentar o estresse e a ansiedade.
O papel dos pais, nesta situação, é perceber que existe o problema, afinal a criança nem sempre vai se dar conta dele ou só irá notá-lo caso as pessoas comecem a tirar o sarro disso. Depois, é necessário procurar o quanto antes uma orientação psicológica. Não dá para tratar o tique em casa, repreendendo o seu filho. Esta atitude só tende a piorar o problema. O que os pais devem fazer é explicar ao filho que ele está indo ao médico para cuidar desta situação e que logo ele ficará bom.
E atenção ao que não fazer (acredito ser um dica bem mais importante): Jamais fique irritado com o tique do seu filho ou comente do fato com outras pessoas na frente dele. Lembre-se que o tique é um movimento involuntário e discutir o assunto em público tende a prejudicar a autoestima da criança.
O bom é que com o tratamento adequado o tique será somente uma história da infância, sem prejuízos à vida adulta.