Há algumas semanas, conversei, via Snapchat (nosso perfil lá é “macetesdemae”), com uma seguidora sobre a questão do ciúmes do filho mais velho com a chegada do irmão mais novo. Falei sobre os perrengues que vivo por aqui com o Leo e essa seguidora, a Milena Fernandes, falou um pouco sobre a sua experiência com essa mesma questão.
E o que eu achei bacana da conversa foi que ela me sugeriu buscar uma ajuda profissional para resolver as coisas. Ou seja, fazer como ela fez e conversar com um psicólogo, que poderia dar algumas ideias e orientações para conduzir as coisas da melhor forma possível (que foi o que a Milena fez por lá e deu super certo).
E como eu gostei da iniciativa, resolvi pedir para a Milena contar, em depoimento, aqui no blog, como é que tudo aconteceu.
Assim, no post de hoje, a leitora Milena Fernandes conta como é que percebeu a necessidade de ajuda nessa questão do ciúmes entre irmãos, como foi o início e a condução do trabalho com o psicólogo e que resultados eles obtiveram com isso.
Não deixem de conferir. Uma ótima leitura com ótimas ideias para quem está passando pelo mesmo problema.
Ajuda psicológica para lidar com o ciúmes do irmão mais velho
Por Milena Fernandes.
A minha vontade de ser mãe pela segunda vez surgiu quando decidi que o Rafael precisava ter um irmão, um amigo e companheiro para vida toda. Foi então que engravidei do Eduardo, e a partir daquele momento, já comecei a envolver o Rafael na novidade para que, quando o irmão chegasse, ele já estivesse preparado para dividir a casa e os pais.
O Rafael foi conhecer o irmão na maternidade e foi muito carinhoso com o bebê. Depois, quando fomos para casa, o bebê levou um super brinquedo de presente para ele (técnica que me ensinaram pra não causar muito ciúmes no mais velho com a chegada do bebê em casa).
Ou seja, desde o início, sempre tive todo o cuidado para que o Rafael não “sofresse” com a chegada do irmão, pois sempre ouvi muitos relatos desse tipo de dificuldade que os pais enfrentam quando o segundo filho chega. Mas por mais que eu cuidasse e me dedicasse, as coisas não foram tão fáceis assim.
O fato é que é inevitável o mais velho não se enciumar com mais novo. O tempo vai passando e a correria do dia a dia acaba colocando-nos no “modo automático” e a gente acaba descuidando um pouco daquele que julgamos já saber se virar melhor sozinho. A gente acredita que vai tirar de letra a relação entre os irmãos e manter tudo em harmonia, mas a verdade é que, na pratica, as coisas são bem diferentes. Muitas vezes, me peguei sendo dura demais e “dando broncas” no Rafael por causa das artes que ele fazia, que eram pra chamar a nossa atenção e que toda criança de 3 anos faz, e ao mesmo tempo, me reportando ao bebê como o “anjinho lindo da mamãe”. Para nós mães, não existe essa distinção, mas para o Rafael, uma criança de 3 aninhos, o bebê passou a ser o preferido e ele perdia o seu espaço.
Sem perceber e sem querer, eu estava confundindo os sentimentos do Rafael, que nessa fase, não tinha maturidade para entender o que estava acontecendo, pois mesmo sendo atenciosa com ele, ele sentiu a divisão. Eu achava que estava lidando superbem com a nova situação, mas me enganei!
O Rafael sempre foi um menino espontâneo, alegre e corajoso. Dormia sozinho na casa dos avós, saia para passear com qualquer parente, ia para escola muito feliz. Mas, quando o bebê completou 3 meses, o Rafael Rafael começou a dar os primeiros sinais de que precisava de ajuda (foi o seu pedido de socorro). Sei que toda criança expressa seus anseios e inseguranças de alguma forma, busca chamar atenção, como um pedido de ajuda, de alguma forma – uns começam a ficar birrentos, a contrariar os pais, a gritar, outros regridem, voltam a usar fraldas e falar como bebê-, mas no caso do Rafael, ele se calou. Calou e chorou.
Numa certa manhã, a escola me ligou porque durante o ensaio do dia das mães, ao cantar a música que seria apresentada para as mamães, ele começou a chorar e não parou mais. Nesse dia, tive de ir buscá-lo. Desde então, ele não quis mais ir pra escola, não saia de casa nem pra ir na esquina com ninguém, nem mesmo com o pai. Se eu não fosse junto, o Rafael não ia nem no portão. Passou a ficar amuadinho pelos cantos e a pronunciar a palavra “medo”. A partir dali, eu via em seus olhos uma angústia, como se pedisse “não me abandone, mamãe”. Foram dias observando a mudança de comportamento e a tristeza que o cercava, até que ele me disse que tinha medo de me perder. Percebi que não conseguiria mudar aquele quadro sem ajuda, pois já havia tentado conversar com ele, explicar tudo que estava acontecendo, mas era tudo em vão. E assim, decidi procurar ajuda fora de casa. Conversei com a diretora pedagógica da escola, que também havia percebido a mudança de comportamento do Rafael, e ela me orientou a buscar o apoio profissional de um psicólogo.
E então, eu não tive dúvidas. Procurei essa ajuda que me foi indicada e iniciei quase que imediatamente as sessões. Primeiramente, as sessões foram comigo, porque eu também precisava aprender a lidar com o novo momento de nossas vidas. Mas, logo depois, o Rafael também começou a fazer as sessões com um profissional indicado para a idade dele.
Na minha opinião, essa ajuda foi extremamente válida, pois aprendi muitas coisas sobre o mundo materno-infantil, sobre como as crianças “enxergam” as coisas e o que esperam de nós. Também recebi dicas de como lidar com cada tipo de comportamento no dia a dia, de como envolver a criança nas tarefas cotidianas (no caso, o meu mais velho) e principalmente, de como fazê-lo entender a mudança da chegada do irmão à família e de como fazê-lo se entusiasmar com ela. E foi através de uma forma muito lúdica e no “mundinho dele”, durante as brincadeiras e historinhas, que fomos conseguindo entender os sentimentos que ele guardava e fazer com que ele também compreendesse tudo que estava acontecendo com a chegada do irmão.
Incluir o Rafael na rotina do bebê e o fazer se sentir importante, pedindo ajuda para cuidar do bebê na hora do banho ou da troca de fralda, por exemplo, foram algumas das coisas que passei a fazer por aqui, e que fizeram toda a diferença.
Por sorte, como eu percebi e dei a real importância a tempo, não foram necessárias muitas sessões para conseguir “recuperar” a alegria e a essência do meu verdadeiro Rafael. Ou seja, foi um processo razoavelmente fácil e tranquilo.
E enfim, como passei por isso e aprendi bastante com essa experiência, quero deixar aqui a minha dica para outras mães: Não ignore! Escute quando seu filho grita ou fica mudo. Se para nós, adultos, às vezes é tão difícil lidar com os conflitos do dia a dia, imagine para uma criança, que não tem maturidade para tal.
Eu precisei de ajuda para poder ajudar o meu filho!
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