O outono nem bem começou e os casos de bronquiolite já pipocam por aí. O filho de um colega de trabalho do Otávio, meu marido, ficou internado 10 dias por causa desse problema. O bebê da Rafa Brites, esposa do Felipe Andreoli, também passou por uma internação há alguns dias, devido ao mesmo problema.
Então, como eu sei que essa é a época do ano da bronquiolite, e como sei que esse problema é bem, mas bem chatinho (Caê sofreu muito com ele no primeiro ano de vida), eu resolvi convidar uma Fisioterapeuta especializada em Fisioterapia Respiratória e Pneumologia para falar sobre o assunto.
Assim, quem escreve hoje para vocês, esclarecendo todas as dúvidas sobre bronquiolite e explicando como evitar o problema é a querida Raquel Escobar que também já vivenciou o filho caçula por 02 vezes com bronquiolite e que já colaborou com o Macetes de Mãe tantas outras vezes.
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Por Raquel Vasques Escobar, Fisioterapeuta pós-graduada em Fisioterapia Respiratória e Pneumologia pela Universidade Federal de São Paulo
Olá, mamães! O outono começou e com ele chegou também a nossa temida Bronquiolite. Na verdade, o outono mal começou e a incidência de casos de Bronquiolite aqui em SP já está preocupante, por isso, resolvi compartilhar algumas informações importantes sobre essa doença comum, mas, delicada.
O que é Bronquiolite?
A bronquiolite é uma inflamação dos bronquíolos, uma das regiões mais profundas das vias aéreas dos pulmões. A bronquiolite é normalmente causada por uma infecção viral, principalmente pelo VSR – Vírus Sincicial Respiratório, muito comum e existente no mundo inteiro. Mas ela também pode ser consequência de outros vírus, como o Influenza, Parainfluenza, Rinovírus, e Adenovírus).
Os bronquíolos são a última porção da árvore respiratória antes dos alvéolos. Qualquer processo inflamatório que acometa os bronquíolos causa inchaço, diminuindo a passagem de ar e aumentando a produção de muco dentro das vias aéreas, o que gera desconforto respiratório na criança.
Qual a idade mais vulnerável?
Crianças com menos de 2 anos são as mais vulneráveis ao problema, ressaltando que todas as crianças podem contrair o vírus, o que difere é a resposta do organismo. Sendo assim, quanto menor, mais atento devemos ficar, principalmente às crianças menores que 6 meses. Portanto, a avaliação do médico pediatra é de suma importância.
Os principais fatores de risco para desenvolver bronquiolite são:
- Prematuridade
- Baixo peso ao nascer
- Crianças menores de 6 meses
- Crianças com doença pulmonar, neurológica ou cardíaca prévia
- Imunidade baixa
- Frequentar berçários/escola
- Ter irmãos mais velhos em idade escolar
Sintomas da bronquiolite:
O período de incubação do VSR costuma ser de 2 a 5 dias. Os primeiros sintomas são típicos de qualquer resfriado: coriza, espirros, tosse e febre baixa. Na maioria das crianças, o vírus permanece nas vias aéreas superiores. Já nas crianças com menos de 02 anos, o vírus pode alcançar áreas mais profundas da árvore respiratória, atacando os brônquios e bronquíolos, levando assim à bronquiolite.
Na bronquiolite, os sintomas costumam aparecer 2 a 5 após o aparecimento dos sintomas de “resfriado”, evoluindo com:
- Recusa alimentar
- Cansaço para mamar
- Broncoespasmo (chiado no peito)
- Sonolência (criança fica menos ativa)
- Tosse persistente
Nos casos de bronquiolite grave, a criança pode apresentar dificuldade respiratória.
Vamos entender alguns sinais de alerta, na qual você deve procurar ajuda médica ou o pronto socorro mais próximo:
- Nariz obstruído (entupido) e respiração pela boca, com uma frequência maior que a habitual. A criança, ainda, apresenta dificuldades para mamar ou se alimentar devido ao desconforto para respirar.
- Frequência da respiração. Aumento no número de respirações por minuto. A respiração curta e muito rápida pode indicar que uma pessoa está tendo dificuldade para respirar ou não recebendo oxigênio suficiente
- Batimento de asa de nariz. Quando o nariz parece alargar o espaço tentando colocar ar com esforço, ou seja, aumento do trabalho para respirar.
- Retrações. Ao observar o peito da criança, você percebe que ele passa a afundar logo abaixo do pescoço, como uma forma de tentar trazer mais ar para os pulmões.
- Chiado. Um apertado, assobiando ou som musical ouvido cada vez que a criança respira pode indicar que as passagens de ar estão estreitas, tornando mais difícil a respiração.
- Mudança de cor. A cor azulada visto ao redor da boca ou nas unhas pode ocorrer quando uma pessoa não está bem oxigenada. A cor da pele nessas condições pode apresentar palidez
Na maioria dos casos, a bronquiolite evolui bem, sem maiores complicações.
Habitualmente o curso da doença é de 14 dias a partir dos primeiros sintomas de “resfriado”. O pico de piora dos sintomas costuma ocorrer entre 5 a 7 dias. A recuperação completa geralmente se dá em uma ou duas semanas, mas, pode demorar mais tempo em alguns casos.
Os casos mais graves são aqueles em que o bebê apresenta dificuldade respiratória, sendo necessário em alguns casos hospitalização para suporte de medicamentos e oxigênio.
Como é feito o diagnóstico bronquiolite
O diagnóstico da bronquiolite é clínico, baseado nos sintomas e no exame da criança. É possível também colher a secreção da criança para confirmação do tipo de vírus via laboratório. Na maioria dos casos, não há necessidade de exames laboratoriais ou radiológicos.
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O tratamento da bronquiolite
É importante que a criança passe pela avaliação do Pediatra, principalmente as menores de 2 anos. Assim como na gripe, não há um tratamento específico para a bronquiolite.
A maioria dos casos são tratados em domicílio, sendo de suma importância a criança não frequentar o ambiente escolar, devido ser um quadro viral com grande chance de contágio. Caso a oxigenação da criança esteja comprometida (sua oxigenação esteja abaixo de 92-94%) é muito provável que o pediatra irá optar por interná-la, já que essa situação apresenta risco de complicações como: entrar em fadiga muscular e insuficiência respiratória. Uma vez internada, a equipe médica avaliará se ela precisará ficar no oxigênio ou não.
Alguns cuidados também são importantes no caso da criança apresentar bronquiolite:
- No geral a criança deve manter boa hidratação
- Realizar nebulização com soro fisiológico para fluidificar a secreção (não realizar inalações durante o sono –pois, durante o sono, os reflexos de tosse estão reduzidos e a musculatura menos ativa, então o muco que foi fluidificado pode escorrer facilmente para o pulmão)
- Seguir prescrições médica quanto ao uso de medicamentos e, quando prescrito broncodilatadores, utilizar técnica correta com uso de espaçador.
- Realizar fisioterapia respiratória, principalmente em crianças com muita secreção. Isso irá auxiliar na remoção da secreção, promovendo maior conforto respiratório e, principalmente, monitorando o quadro em conjunto com a equipe médica.
IMPORTANTE: procure sempre orientação médica. Jamais utilize medicação por conta própria ou realize tratamentos orientados por conhecidos. Todo tratamento é individual e respeita o quadro de cada criança.
À disposição,
Raquel Vasques Escobar
Fisioterapeuta pós graduada em Fisioterapia Respiratória e Pneumologia pela Universidade Federal de São Paulo e Consultora materno infantil para medidas preventivas.
- escobar.raquel@gmail.com
- Espaço Vitar
- (11) 981110275
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