Macetes de Mãe

Brincar de faz de conta: essencial para desenvolvimento saudável

O texto de hoje é, novamente, das queridas Ale Palazzin e Graziela Faelli, fisioterapeutas e autoras do blog Tempo Mágico, que compartilha informações úteis e relevantes sobre desenvolvimento infantil.

E nesse post, inclusive, elas citam o nosso exemplo (meu e dos meninos) ao abordar o tema “brincar de faz de conta”. Venha ver o que elas tem a dizer sobre isso e o quão rico e interessante pode ser brincar de faz de conta.

PS: e não deixem de ver esse post aqui – Brincar com os filhos: como eu faço se eu não gosto de brincar – 5 dicas que vão ajudar, no qual eu me inspirei para desenvolver essas brincadeiras com os meninos. Esse texto também é da Ale Palazzin e da Graziela Faelli.

Brincar de faz de conta: essencial para desenvolvimento saudável

Por Ale Palazzin e Graziela Faelli, fisioterapeutas e autoras do blog Tempo Mágico

Na semana passada no stories do Macetes de mãe, a Shirley mostrou o Caê e o Leo brincando com ela de médico e de loja. Foi demais ver a interpretação e as histórias criadas pelos meninos! Pudemos acompanhar o Caetano e seu raciocínio e planejamento na hora de ser médico dizendo ao irmão qual era o problema que ele tinha (“você quebrou o braço e eu vou cuidar de você”) ou ele “ficando” triste porque agora era ele que estava doente e analisando a reação da mãe enquanto ele fazia o biquinho. Ou o Leo vendendo brinquedos, mostrando os produtos, e até aprendendo palavras novas (“o que é produto?”). Eles estavam explorando as possibilidades de agir e ser diferente, de sentir e principalmente de interagir, observando o que acontece ou qual a resposta do outro quando faziam isso ou aquilo.

O brincar é um treino para as relações futuras, é o momento de as crianças se conhecerem como indivíduos. Elas vão testando e descobrindo o que gostam ou não. É nas brincadeiras que elas representam o que sentem, o que vivem e observam. É claro que todos estes pensamentos, durante o brincar, não são conscientes na criança, afinal, elas não escolhem brincar por um objetivo específico. Mas é importante sabermos quais os benefícios elas têm nas brincadeiras para que possamos estimular, favorecer e até proporcionar momentos para que se desenvolvam enquanto se divertem.

O brincar de faz de conta se torna mais presente por volta dos 3 anos, no período pré escolar, quando as crianças aumentam a capacidade de ter pensamentos abstratos, algo essencial para imaginar as histórias “de mentirinha”. Isso não surge de repente, mas é construído a partir dos treinos anteriores de observação, memória e imitação. Desde bebês, eles vão absorvendo o que presenciam, como os adultos fazem as atividades do dia-a-dia, os personagens e histórias dos desenhos, exercitam a memória e retenção do quem veêm (brincar de “achou” é perfeito para isso), e começam a perceber que eles podem criar imagens mentais que vão além do real e palpável.

A partir da brincadeira de ser outras coisas e criar histórias, a criança desenvolve alguns aspectos fundamentais para o seu amadurecimento e essenciais para a sua construção como indivíduo. São eles:

Cognitivo: desenvolve habilidades preparatórias para as situações futuras, desde o planejamento da brincadeira (quais materias são necessários, o ambiente, a roupa…), até resolução de conflitos e problemas, assim como a negociação.  Trabalha a memória, o improviso, e principalmente a criatividade, usando todas as informações que ela coletou dos adultos a sua volta, dos desenhos e personagens que viu e situações que viveu ou observou para criar algo novo.

Social: ao colocar-se no lugar do outro, vivenciar diferentes papéis sociais e mudanças de “hierarquia” (“agora sou eu que falo o que minha mãe tem que fazer”), a criança tem a possibilidade de testar e aprender novos comportamentos no relacionamento com o outro (frustração, impulsividade…), e principalmente treinar a interação e o como agir em diferentes situações (brincar de restaurante ajuda no aprendizado do que fazer quando estiver em um restaurante realmente)

Emocional: sensação de segurança, de capacidade, independência e auto estima. Estes são sentimentos que surgem a partir deste tipo de brincadeira, principalmente se houver a presença de um adulto de referência, seja mãe, pai, avó. Além disso, o brincar de faz-de-conta tem uma carga emocional bem profunda, tanto que ela é usada em hospitais infantis para diminuir o stress e trauma das crianças que estão passando por esse momento. Brincar é uma forma de auto terapia para a criança, na qual ela externaliza o que está sentindo. Ao representar, ela está tornando visível e palpável seus sentimentos e o que está em sua cabeça, criando recursos sensório-motores para entender pelo que está passando. Elas aprendem a reconhecer emoções como ansiedade, conflito, confusão, medo e cria se a possibilidade de solução. E, na segurança da brincadeira, ela pode experimentar uma nova forma de agir, de ser, tentar estratégias para resolver os problemas: é a conversa do mundo interior com o real.

Por tudo que vemos, principalmente pelo aspecto cognitivo e emocional o brincar de faz-de-conta é essencial para o desenvolvimento sadio. Mas as vezes temos dificuldade de participar dessas brincadeiras com as crianças. Ficamos presos pelo que parecemos, pelos julgamentos, ou temos dificuldade em estender o momento prolongar essa atividade.

Uma dica é começar criando  cenários com situações que você tenha vivenciado e que gosta, como cozinhar, e estimule a criança a construir  a história com o processo completo: escolher a receita, quem vem comer, ir ao mercado, guardar as compras, fazer os passos da receita, servir, conversar sobre como ficou a comida e o que aconteceria depois de comer.

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