O assunto de hoje é sobre biópsia de embriões – uma técnica que pode ser utilizada na Fertilização in Vitro (FIV), com o objetivo de identificar possíveis alterações genéticas nos embriões. Mas quando é indicado fazê-la?
O dr. Vamberto Maia, nosso colunista, explica tudo sobre este tema. Confira!
Biópsia de embriões: Quando indicar?
A infertilidade do casal pode ser o resultado de múltiplos fatores. No caso das mulheres, o principal motivo está na gravidez tardia. Em razão dos planos profissionais, adiar a maternidade é cada vez mais comum e a dificuldade de gestar em idade avançada aumenta a busca pela fertilização in vitro, técnica de reprodução assistida com elevadas taxas de sucesso, conhecida como FIV. O procedimento consiste na formação dos embriões em laboratório, por meio da manipulação dos gametas masculino e feminino (óvulos e espermatozoides).
Quando os embriões estão aptos para serem transferidos ao útero, antes da implantação, uma importante etapa pode ser incluída no processo: a investigação de possíveis doenças genéticas ou alterações cromossômicas. Essa avaliação é chamada de biópsia de embriões, composta por exames de triagem, como o Teste Genético Pré-implantacional (PGT).
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A biópsia embrionária faz parte de um rastreio de predisposição genética para doenças hereditárias, monogênicas e poligênicas, ou seja, causadas por um par de genes ou consequência da combinação de fatores ambientais com a mutação de vários genes.
O objetivo desta etapa é assegurar o menor risco possível à gestação, porém, a análise não compõe necessariamente, a lista dos exames básicos que antecedem a FIV.
O que é uma biópsia embrionária?
Trata-se da coleta de algumas células do embrião para análise genética, que poderá indicar alterações de forma, tamanho e comportamento dos cromossomos. Esse tipo de biópsia pode ser feito em embriões no processo de clivagem, que possuem três dias ou em estágio de blastocisto, entre cinco e seis dias.
Nos embriões de três dias, são analisados entre 5 e 9 cromossomos de apenas uma célula. E a análise pode apontar riscos de malformações ou abortos espontâneos. Já nos embriões de cinco ou seis dias. A coleta é feita com um número maior de células, com a possibilidade de estudar 24 cromossomos para detectar a chance de síndromes como Down ou Turner.
O procedimento é feito com o embrião em laboratório. Um exame delicado, porém seguro, quando realizado por um especialista em Embriologia, que tenha expertise na técnica.
Após a retirada das células, o embrião é congelado, ou seja, apenas a coleta para biópsia sai do laboratório.
Qualquer embrião pode ser biopsiado?
Geralmente as biópsias são indicadas para os casos em que a mulher está muito além do limite da idade reprodutiva. Ou seja, mais de 38 anos; indícios de cariótipo alterado, que podem gerar abortos espontâneos repetitivos; histórico de doença genética na família e casais que fazem parte da mesma família ou tiveram filhos com algum tipo de cromossopatia.
As células são retiradas da trofoectoderme, parte externa do blastocisto que dá origem aos tecidos como a placenta e o cordão umbilical, sem risco de lesionar o embrião e com resultados rápidos, com cerca de 24 horas, em média.
É importante ressaltar, que por norma técnica e conduta ética, não se deve realizar a biópsia para a escolha do sexo do embrião.
Quais são as chances de sucesso na gravidez?
Embriões que passaram pela biópsia apresentam maior chance de sucesso na FIV, justamente por serem embriões que morfologicamente atingiram melhor classificação com qualidade cromossômica assegurada. Apesar disso, apenas a biópsia embrionária não é capaz de garantir a certeza de gravidez, já que a mesma pode ser impactada por inúmeros outros fatores que devem ser acompanhados.
O estudo genético embrionário é uma forma de reduzir os riscos para a Fertilização in vitro, apenas um dos recursos da Medicina de reprodução, que a cada dia avança para resultados mais assertivos.