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Benefícios da música na gravidez

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Hoje vamos falar sobre os benefícios da música na gravidez. Há quem não acredite! Mas os bebês escutam tudo o que passa no mundo exterior enquanto estão na barriga da mãe. Por isso ouvimos muitos conselhos das mamães experientes. “Você tem que conversar com o seu filhote”; “Tem que ler para ele, deve cantar canções, alegres e de ninar e, ainda, tem que colocá-lo para ouvir música.”

Quem vai falar dos benefícios da música na gravidez, é nosso colunista, o ginecologista, especialista em obstetrícia Dr. Claudio Basbaum.

Benefícios da música na gravidez

É de amplo conhecimento que a música cria um importante efeito transformador, quase mágico, sobre as emoções de qualquer pessoa. Ela é capaz de gerar um estado alterado de consciência, evocando lembranças, promovendo variados sentimentos de alegria, felicidade, tristeza, choro, agitação ou até mesmo de erotismo e excitação. Desde o Antigo Egito o canto coral era utilizado para combater as dores e a insônia.

Independentemente de qual seja a classificação dos animais não humanos e embora não tenhamos ainda explicações científicas para o fato, sabemos dos efeitos que a música exerce sobre alguns deles.

Assim, a musicoterapia (terapia com música), consagrada para catalisar sentimentos positivos no ser humano, pode também ser um excelente recurso. Por exemplo, para tranquilizar e minimizar o sofrimento de animais internados para tratamentos que lhes causam maior dor física, além de beneficiar emocionalmente os integrantes da equipe dos tratadores.

Em várias mídias, de muitos lugares do mundo, temos visto as reações positivas da música. Por exemplo, sobre o comportamento de vacas, sobretudo com músicas clássicas que reduzem o estresse e estimulam o aumento da produção de leite. Se comparadas com bovinos que escutavam músicas mais agitadas.

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A ressonância magnética funcional (RMF) é poderosa ferramenta que detecta variações do fluxo sanguíneo em determinadas regiões do cérebro em resposta a estímulos específicos. Os recentes avanços nos estudos da neurociência, principalmente aqueles que utilizam este exame, evidenciam como e onde certos fatores induzem ativação sobre àquelas áreas. Permitindo fazer um verdadeiro mapeamento do córtex cerebral.

As RMFs mostram os efeitos causados pela exposição à música sobre diversas áreas do cérebro. Variando de acordo com ritmo, frequência e tons. Os tons musicais maiores estão associadas ao humor mais positivo do que os tons menores e as melodias de ciclos mais rápidos. Como as valsas de Johan Strauss ll, estão relacionadas a sentimentos de bom humor e prazer. A música age como um fator curativo por estimular a produção da Dopamina, neuro transmissor que atua sobre o sistema nervoso central dos mamíferos. Promovido pela excitação, harmonizando as emoções pela alteração do humor e restaurando a memória do ouvinte.

Independentemente das constatações científicas, quem de nós já não captou os mais variados sentimentos e emoções quando lembramos ou ouvimos uma determinada música? Muitas vezes somos até levados de volta a infância fazendo uma verdadeira “viagem”no tempo. E por quê?

Esses são estímulos que impregnam nossa memória, desde sempre, como se fossem tatuagens indeléveis. Por isso, muitas vezes o bebê se acalma ouvindo uma música que a mãe ouvia durante a gravidez. Existe uma memória que não se rompe após o parto. Após o 5º mês de gestação o bebê já ouve os sons externos. E quando nasce, ele traz consigo essa memória de acolhimento e bem-estar do útero. Além disso, a criança já está acostumada com outros sons e ruídos. Seja quando a mãe respira, caminha, trabalha e até quando descansa ou dorme.

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Destaco que uma pessoa ao ouvir música, mesmo durante o sono profundo, tem um grande número de regiões do seu cérebro ativadas pelas ondas sonoras transmitidas do ambiente por meio do nervo auditivo. Assim sendo, fica mais fácil compreender a importância de criar um ambiente musical, tranquilo e harmonioso para a mulher que carrega um bebê em seu ventre. Ouvir música agradável é um fator altamente eficaz, sobretudo quando é feita em condições de silêncio e concentração. Há muitos benefícios tanto para a mamãe, quanto para o feto.

Assim, ao oferecer à gestante todos os cuidados e apoio necessários neste período de tantas mudanças físicas e emocionais, ouvir a “boa música” reduz a ansiedade e a dor. Promovendo o seu bem-estar e a criação do melhor vínculo com o bebê ainda não nascido. Afinal, até o momento do nascimento, a única “realidade” do feto é o universo vibracional da mãe. Como disse meu mentor, o obstetra francês Frederick Leboyer, de quem adotei o método do “Nascimento sem Violência” por ele criado ainda nos anos 70 – precursor da humanização do parto – “Dentro do ventre da mãe, a vida é de uma riqueza infinita”.

Num dos meus encontros com Leboyer, em 1974, uma jovem que estava no 6º mês de gravidez, perguntou: O que já posso fazer pelo meu bebê? E ele respondeu com muita simplicidade: fale e cante para ele! Ora, já sabemos que à partir desta fase (24 semanas) o bebê já está com o sistema auditivo completo. Portanto, apto a captar sons originários do mundo de fora do útero, ainda que de forma rudimentar e “diferente”.

Os benefícios de conversar, ler e cantar para o seu bebê durante a gravidez

De acordo com o psiquiatra canadense Thomas Verny, em sua obra “A Vida Secreta da Criança antes de Nascer”, o abdome e o útero de uma mulher grávida são lugares barulhentos, causados pelos ruídos digestivos e pelos batimentos ritmados do coração da mãe que tranquilizam o bebê até mesmo antes de nascer. A voz da mãe e ruídos externos comuns são menos sonoros, mas o feto escuta.

O que dizem as pesquisas?

Segundo pesquisadores da área da audiologia, como Michel Clements e Alfred Tomatis (1978) o feto já demonstra “preferências” e “aversões” musicais diferenciadas antes do nascimento. Vivaldi e Mozart revelaram-se como os “preferidos” dos bebês. Quando certas músicas destes compositores eram tocadas para uma gestante de 5-6 meses ou mais, o ritmo cardíaco do feto se regularizava e os movimentos fetais se acalmavam.

Em contrapartida, quando eram tocadas certas composições de outros compositores clássicos como Brahms e Beethoven, ou música moderna como o rock, elas agitavam a maioria dos fetos os quais mexiam-se em excesso e aceleravam seus batimentos cardíacos.

O Método Tomatis usa gravações de Mozart, bem como da voz da mãe do paciente. Foi por ele chamado de EFEITO MOZART mas não deve ser confundido e nem está diretamente relacionado a alegações de que ouvir Mozart aumentaria o desempenho do bebê. As pesquisas demonstraram que esta afirmação é um mito da música clássica, popularizado pelo professor de música americano Don Campbell, o qual, inspirado em pesquisas de um grupo de neurobiologistas da Califórnia (1993) escreveu um best-seller,” The Mozart Effect” (1997) no qual, de forma equivocada, afirmava que obras musicais clássicas- especialmente de Mozart- seriam capazes de desenvolver e fortalecer a inteligência.

O que podemos afirmar é que ouvir música de qualidade, de grande beleza e que nos afeta positivamente provoca o aumento dos níveis de dopamina no cérebro. Isso eleva o nosso prazer , tranquilidade e bom humor. Sendo, portanto, uma grande aliada para a elevação das funções cognitivas, para todas as pessoas em todos os tempos… E, que tal ouvir Mozart? A gestante e seu bebê, merecem este tão benéfico carinho!

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