O assunto de hoje, aqui no blog, é bebê chiador e quem irá falar com vocês sobre isso é a Dra. Fernanda Freire, do blog Seu Pediatra. Boa leitura!
Bebê chiador
Por Fernanda Freire
No último artigo que escrevi para o Macetes de Mãe abordei o tema bronquiolite (clique aqui para ler). A época de pico da bronquiolite está chegando ao fim, mas se o seu bebê continua com o peito chiando ele pode ser uma das crianças que conhecemos como “bebê chiador”. Hoje, vou falar mais sobre isso e ajudar vocês a entenderem melhor esse problema (Curta aqui a FanPage do Seu Pediatra para acompanhar outros assuntos).
Muitos bebês tem bronquiolite e depois nunca mais voltam a ter o “chiado” no peito. Mas cerca de 40% dos bebês demoram para conseguir resolver esse chiado, ou voltam a ter crises de chiado algumas vezes.
O que é o bebê chiador ou lactente sibilante?
O bebê chiador, ou lactente sibilante, é aquele bebê que vira e mexe apresenta chiado no peito precisando de tratamento, igual à bronquiolite. Aqueles bebês que já tiveram mais de 3 episódios de sibilância, ou que a sibilância dura mais de 30 dias sem melhora, são os chamados bebês chiadores. Normalmente, as crises são desencadeadas por quadros virais, como o resfriado, mas outros fatores também podem desencadear a crise, como mudanças bruscas de temperatura, exercícios físicos, contato com alguns alérgenos ou ainda a crise pode aparecer sem uma causa específica.
É importante lembrar que nem todo barulho no pulmão é sibilância. Às vezes a criança pode ter um resfriado e apresentar roncos no pulmão devido a secreção, mas não ter o chiado (sibilos). Outras vezes, a mãe não escuta o chiado, mas o médico identifica o chiado ao examinar a criança. Por isso, é importante que um médico avalie a criança durante as crises.
Quais os fatores podem influenciar na recorrência das crises?
Alguns fatores de risco como prematuridade, EXPOSIÇÃO AO CIGARRO, casos de asma na família, e crianças que frequentam a pré-escola podem ter um risco maior de voltar a apresentar as crises.
Tem diferença entre o bebê chiador e a asma?
Os sintomas de cansaço, tosse e chiado no peito são comuns nas duas condições, mas é difícil fazer o diagnóstico de asma em crianças tão pequenas. Os exames de alergia são pouco específicos até os 2 anos. A maioria desses bebês irá parar de apresentar o chiado até os 6 anos, conforme forem crescendo e desenvolvendo o pulmão. Por isso, são chamados de lactentes sibilantes, porque ainda não é possível definir se eles terão asma ou não quando forem maiores.
Os bebês que apresentam outras doenças alérgicas, como dermatite atópica ou rinite alérgica, que tem um dos pais com asma, e que tem chiado mesmo quando não estão resfriados, apresentam maior risco de serem asmáticos.
Qual é o tratamento do bebê chiador?
O tratamento vai depender das características das crises e do paciente. Em crises leves e pouco frequentes pode ser que seu pediatra apenas acompanhe o quadro. Porque pode valer mais a pena tratar as crises do que usar medicação todos os dias já que ele não tem muitas crises e elas são leves.
Nos casos mais graves ou que o bebê começa a ter crises muito frequentes e que demoram para se resolver será melhor fazer um tratamento preventivo, que evite o aparecimento das crises. Assim o bebê tem menos chance de apresentar crises graves que precisem de internação ou que tragam riscos para o desenvolvimento dele.
Os medicamentos para evitar as crises envolvem corticoides inalatórios, ou medicação oral que ajudam a diminuir a inflamação no pulmão. Nenhum remédio está isento de efeitos colaterais, e o que funciona para um pode não ser adequado para outro. Cada caso deve ser avaliado individualmente pelo pediatra e, se possível, acompanhado por um alergista ou pneumologista pediátrico.
Por que é importante o acompanhamento médico?
Outras doenças que podem contribuir ou causar chiado precisam ser descartadas, como a doença do refluxo gastro-esofágico, fibrose cística, alterações anatômicas, imunodeficiência e outras infecções pulmonares.
As crises afetam a qualidade de vida dos bebês e da família e podem atrapalhar o desenvolvimento normal do pulmão.
O médico irá prescrever o tratamento adequado e ir ajustando a dose dos remédios com o tempo, para que ele não use mais medicação do que o necessário. As doses variam de acordo com o caso.
Por isso, ainda que em muitos comentários apareçam nomes de remédios “milagrosos”, não use nenhuma medicação se não for prescrita pelo seu médico.
Beijos,
Dra. Fernanda Freire