Conforme já comentei aqui no blog antes, o Leo foi diagnosticado como asmático. Na verdade, o seu pediatra já estava desconfiado disso há algum tempo, mas como ele era novinho, ainda não dava para ter certeza (até 2 ou 3 anos – alguns médicos preferem estipular a idade de cinco – é difícil fazer um diagnóstico preciso, pois a asma é confundida com outras doenças). Entretanto, numa de suas crises de bebê chiador, quando ele acabou sendo internado no hospital, o seu pediatra achou que já tinha indícios suficiente e aí resolveu dar nome aos bois: sim, Leo tinha asma. (Uma informação importante: crianças que tem ou tiveram APLV, depois de dois anos de idade, costumam apresentar problemas respiratórios que podem ou não passar com o tempo. Isso não é raro. O fato do Leo ter tido APLV ajudou no diagnóstico da asma).
Eu, que que já tive as minhas crises de asma (a asma é uma das poucas doenças que tende a melhorar com o tempo, quando nos tornamos adultos), sabia que isso não era um bicho de sete cabeças e não entrei em pânico. Desde que ele estivesse bem assistido (e está, seu pediatra é ótimo), que fizesse o tratamento adequado (no período de outono e inverno as crises tende a piorar então, muitas vezes, é necessário um tratamento contínuo), tudo ficaria bem.
Bom, mas sabendo que o Leo tem esse probleminha, é claro que acabei me interessando pelo tema e e fui atrás de mais informações. Assim, hoje, trago para vocês uma entrevista com o Dr. Fábio Castro, que é alergista e imunologista do Instituto de Medicina Avançada de São Paulo, na qual ele fala um pouquinho sobre a asma, seus sintomas, causas, tratamento e várias outras informações relevantes. Espero que gostem e que seja útil.
– O que é asma?
Dr. Fabio Castro: A asma é uma doença inflamatória que dificulta a passagem do ar pelas vias respiratórias até os pulmões. Essa condição compromete a respiração e pode gerar uma série de complicações para o paciente, caso não esteja controlada.
– Quais os principais sintomas?
Dr. Fabio Castro: Falta de ar, tosse e chiado no peito são os principais sintomas. Eles podem ocorrer isolados ou ao mesmo tempo.
– A asma é uma só?
Dr. Fabio Castro: Não, existem diversos tipos de asma e cada uma requer um tratamento específico. Podemos classifica-la pela gravidade e controle, variando entre crises leves e esporádicas até sintomas mais intensos e muito frequentes. Há também uma diferenciação com relação ao seu aparecimento e foco alérgico. A asma pode surgir na infância ou na fase adulta, com componente alérgico e não alérgico, podendo evoluir de forma mais grave se não tratada adequadamente.
– O que causa?
Dr. Fabio Castro: A principal causa é a exposição a substâncias e agentes alérgenos como ácaros, fungos, poluentes, infecções virais. Mas cada pessoa apresenta fatores desencadeantes e irritantes diferentes. Por isso, é muito importante entender o que causa seus ataques e, assim, reduzir o contato com esses agentes, além de buscar o tratamento mais adequado para cada caso.
– A asma tem cura?
Dr. Fabio Castro: Não. A asma é uma doença crônica que não tem cura, mas pode ser controlada. Um paciente asmático será sempre asmático. Mas é possível ficar longe das crises desde que a doença esteja controlada. Evitar o contato com os agentes desencadeadores da asma, conhecer a doença, fazer a técnica inalatória correta, acompanhamento periódico de um especialista e o tratamento adequado com boa adesão são fundamentais para controlar a doença e proporcionar uma vida próxima da normal.
– Qual é a prevalência da doença? Há uma idade em que ela é mais comum?
Dr. Fabio Castro: Temos poucos estudos sobre prevalência da asma no Brasil. Estima-se que cerca de 10% para os adultos e 20% para as crianças e adolescentes sofram com a doença. Existem dificuldades para o diagnóstico de asma nos primeiros anos de vida. Desta forma, só após os 3 anos idade conseguimos nos aproximar mais do diagnóstico de asma.
– Há alguma contraindicação para quem tem asma? Como evitar as crises?
Dr. Fabio Castro: Desde que a doença esteja sob controle, o asmático pode ter uma vida normal. Igual a qualquer outra doença crônica como diabetes e hipertensão. Para manter a asma controlada e evitar as crises, além de manter o tratamento medicamentoso, é preciso alguns cuidados ambientais como manter o ambiente limpo e arejado; evitar carpetes, tapetes, cortinas, bichos de pelúcia; colocar capas antiácaros nos colchões e travesseiros; evitar produtos de limpeza de cheiro forte; proibir o fumo dentro de casa; limpar filtros de ar condicionado semanalmente.
– Como é o tratamento? A pessoa que se trata vive normalmente ou tem algumas limitações?
Dr. Fabio Castro: Apesar de não ter cura, ter a asma sob controle é imprescindível para que a pessoa tenha qualidade de vida e fique longe das crises. Para isso, fazemos um tratamento focando diversos aspectos:
- Ambiental: adotar medidas que diminuam o contato com os fatores desencadeantes da inflamação: como alérgenos inaláveis;
- Tratamento: uso de medicamentos de manutenção para tratar a inflamação. Além disso, para os casos mais graves e com presença de componentes alérgicos, em que não se atinge o controle da doença com o tratamento otimizado, existe a indicação de uma terapia anti IgE, anticorpo responsável por iniciar as reações alérgicas;
- Resgate: uso pontual de medicamentos para as crises.
- Também é importante tratar as condições que podem levar ao não controle da asma como outras doenças associadas como a rinite alérgica e o refluxo gástrico.
IMPORTANTE:
As informações contidas neste texto têm caráter informativo, não devendo ser usadas para incentivar a automedicação ou substituir as orientações médicas. O médico deve sempre ser consultado a fim de prescrever o tratamento adequado.
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