Acho que todas nós deveríamos experimentar, por alguns dias que seja, deixar de ser mãe após às 21h. Primeiro, vamos combinar que depois que nos tornarmos mãe, não deixamos nunca mais de sê-la. Mas merecemos sim um período de descanso e não precisamos ter vergonha disso. Achei demais esse texto, publicado originalmente no Babble. A autora conta que todos os dias, a partir das 21h00, os cuidados das crianças ficam sob a responsabilidade do marido e ela vai deitar, ler um livro, cochilar ou qualquer coisa que a faça relaxar. Não seria bom se todas nós tivéssemos essa possibilidade? Confira o texto numa tradução livre, abaixo.
Leia também: um desabafo da maternidade perfeita
Às 21h deixo de ser mãe e não tenho vergonha disso
Por CHAUNIE BRUSIE
Toda noite, quando o relógio marca 21 horas, a contagem regressiva começa. Muito parecida com a Cinderela correndo sem fôlego para fora do baile, esquecendo itens essenciais ao longo do caminho, fico ansiosa para fazer a minha retirada. Exceto por não ter a carruagem de abóbora ou príncipe. E o único lugar para o qual eu estou correndo é a minha cama. Porque depois que nossos filhos já estão deitados à noite, esta mãe está oficialmente fora do serviço.
O que quero dizer com isso? Bem, isso significa que depois de muitos anos de gravidez consecutiva e amamentação, eu, oficialmente, entreguei as rédeas da maternidade, à noite, para o pai de meus filhos. Enfim, significa que, se uma das seguintes situações acontece:
– Você não está se sentindo bem? Papai vai investigar por você.
– Você precisa de outro copo de água? Vou mandar o papai com um!
– Acha que viu uma sombra se mexendo no seu quarto? Não tenha medo, papai está de plantão.
Enquanto isso, estou deitada na cama feliz, lendo um livro ou cochilando antes que o despertador me acorde cedo no dia seguinte. Além das verdadeiras emergências, como uma criança vomitando ou uma vez em que minha filha ouviu um rato passando no teto do quarto (credo!), praticamente todos os deveres noturnos dos pais caem para o meu marido. E eu não tenho vergonha nenhuma disso. Embora nunca tenha havido uma discussão formal ou oficial desse papel entre meu marido e eu, a mudança ocorreu naturalmente ao longo dos anos, quando passamos de uma família com um bando de crianças para uma família com filhos mais velhos, todos relativamente autossuficientes.
Mas não tire conclusões precipitadas!
Agora, você pode estar pensando que sou uma espécie de monstro ou pior, que essa seja uma desculpa de mãe. Talvez eu até seja, mas antes de você me mandar para a “Polícia de Mães”, permita-me expor algumas razões pelas quais nosso combinado parece estar funcionando até momento:
1) Eu sou a mãe que fica em casa, o que significa que estou de plantão o dia todo, basicamente, existindo para tornar possível a vida de todos os outros da casa.
Isto, admito, não é fácil ou natural para mim e, no final do dia, estou simplesmente esgotada. Eu gosto de pensar que meu marido reconhece isso e me apoia da única maneira real que ele pode. Enfim, ele já trabalha muito. Por isso, concedendo algum tempo só para mim à noite, permite que eu me “recarregue” um pouco mais.
2) Eu também tenho um trabalho, em casa, em tempo integral.
Executar esse trabalho exige que eu acorde bem cedo de manhã, antes que qualquer outra pessoa da casa esteja acordada, portanto, poder dormir um pouco mais cedo é ideal para que isso aconteça.
3) Meu marido é naturalmente uma coruja da noite.
Ao invés de ser uma coruja da noite, sinto-me como uma pomba permanentemente exausta. Essa definitivamente sou eu. Eu simplesmente não consigo passar das nove da noite. Então, depois de alguns anos tentando e fazendo tudo mais ou menos pelos outros, decidi jogar a toalha. Eu imagino que, se meu marido ficar acordado, geralmente vendo TV, faz sentido que seja o responsável pela água, certo?
E vamos ser sinceras: agora que meus filhos já passaram do estágio de amamentação, se você realmente pensa sobre a igualdade dos afazeres noturnos dos pais, tem que se equilibrar até certo ponto, certo? Enfim, depois de quase seis anos consecutivos de gravidez e amamentação, com certeza já passei horas suficientes no meio da noite para me dar uma folguinha… certo?
O papel da mãe
Mas mesmo que essa escala absurda existisse, a vida real é como o agora. E eu também não me importo com isso. Estou muito longe do papel materno de tentar acompanhar os padrões impossíveis, estabelecidos para ser uma “boa mãe”. Talvez essa “boa mãe” sacrificasse tudo, inclusive seu próprio sono, mesmo que ela tenha um parceiro perfeitamente disposto a ser pai, a fim de encarar o que a sociedade julga ser a família perfeita. Mas aí não seria mais eu mesma.
Eu enxergo esses cuidados noturnos como função da família, não especificamente para qualquer um dos gêneros, pai ou mãe. E se meu marido é legal em aceitar isso, muito bem, isso parece uma vitória para todos, inclusive para mim. Ninguém jamais questionaria se a mãe era a mãe “padrão” para o trabalho noturno. Então por que questionar se o papai é?
Não sei por que a “boa maternidade” se comparou à “pessoa que faz todas as coisas da casa 24h por dia, sete dias por semana”. Mas fico feliz em ser o tipo de mãe com um parceiro disposto a assumir o controle à noite. E, pensando melhor nisso, talvez eu tenha mesmo um príncipe, afinal…
Se você gostou desse post, não deixe de assistir esse vídeo no Canal MdM, sobre 7 coisas que nos enlouquecem quando nos tornamos mães: