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Ando tendo alucinações

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Ultimamente, ando tendo alucinações. Visões. Essas coisas. Me imagino sumindo. Desaparecendo. Saindo de circulação. Por um final de semana inteirinho.

No meu sonho delirante eu simplesmente saio de casa num sábado de manhã e retorno num domingo à noite. Nesse tempo, fico sozinha. Sem marido, sem filhos (só o da barriga, esse vai junto), sem casa, sem blog, sem pendências para resolver, sem e-mails para responder, sem satisfações para dar.

E aí, eu simplesmente me entrego a mim mesma, coisa que nem sei mais quando fiz pela última vez.

um tempo so pra mim
Photo Credit: HaoJan via Compfight cc

No meu sonho delirante, eu me hospedo num hotel bem maravilhoso, com uma cama king size só para mim, com spa incluso, com café da manhã de rainha e com silêncio absoluto se assim eu quiser.

Eu entro lá, deixo as minhas coisas num canto do quarto, tomo um banho quente e demorado, coloco uma roupa confortável e vou fazer o que sempre amei e não tenho mais tempo para me dedicar: ler um livro, em paz, com as pernas esticadas, numa sombra reservada. Depois, almoço com calma, comendo entrada, prato principal e sobremesa. Muuuiiita sobremesa, saciando a minha vontade de doces.

À tarde, dou uma escapadinha. Vou ao cinema. Assisto um daqueles filmes românticos e encantadores que a gente se delicia, tipo Sob o Sol da Toscana, que amo de paixão e nem sei explicar por que. Quando o filme termina, saio para dar uma volta. Simplesmente andar. Sem rumo, sem pressa, sem ter que me preocupar em segurar a mão de alguém, lembrar de trocar a fralda, ver se está na hora de dar o jantar ou qualquer outra coisa.

No meu sonho delirante, quando eu volto para o hotel, eu vou para o maravilhoso spa que está de braços abertos esperando por mim. Tomo um banho de imersão, faço uma massagem relaxante, experimento heiki pela primeira vez na vida e desligo.

À noite, eu janto, também sozinha. E enquanto metade das pessoas estiverem me olhando com cara de dó, afinal, uma mulher jantando sozinha é sempre algo digno de pena na cabeça de gente ignorante, eu vou estar rindo por dentro, e agradecendo essa solidão planejada.

Depois, eu vou dormir. Simplesmente dormir. Deitar na cama, não, me esparramar nela, e dormir como se não houvesse amanhã. E vou dormir sem ter hora para acordar, coisa que não sei mais o que é e creio que só saberei de novo na próxima encarnação.

No dia seguinte, vou acordar só a tempo de não perder o café e vou passar o resto do dia em silêncio, em algum lugar calmo, tranquilo e bem escondido, lembrando a mim mesma que esse tipo de coisa existe em algum lugar do mundo e que eu preciso dar um jeito de colocá-la de novo na minha vida de vez em quando. Nem que por 5 minutos.

 

 

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