Mamães, quantas vezes vocês já viram seu filho conversando sozinho? Quer dizer, aparentemente sozinho. A gente demora para entender mas, na verdade, a criança está conversando com seu amigo imaginário. Para nós ele não existe, mas para nossos filhos, o amigo imaginário é algo real. Agora, isso é bom ou ruim? No post de hoje, nossa colunista e psicóloga, Triana Portal, explica quando os pais devem começar a se preocupar e como lidar com o amigo imaginário.
Amigo imaginário: devemos nos preocupar?
É normal e esperado que uma parcela das crianças tenha amigo imaginário e, por vezes, até converse com eles. Esse é um fenômeno que aparece entre 3 e 7 anos para muitas crianças saudáveis e não há motivos para preocupações. As estatísticas não são precisas e apontam de 20 a 65% de crianças nessa faixa etária. Mas na prática do consultório, observo que menos da metade das crianças nessa idade apresentam esse tipo de fenômeno, com uma prevalência maior entre filhos únicos e primogênitos, o que nos leva a inferir uma associação desse comportamento com a solidão das crianças. Estudos também apontam que meninas apresentam mais chances de ter um amigo imaginário do que meninos.
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Vários estudos concluíram que criar um amigo imaginário é positivo para o desenvolvimento da criança. E que isso ajuda na elaboração de questões psíquicas nessa fase da vida em que as crianças oscilam entre a fantasia e a realidade. Objetos como bonecos e bichos de pelúcia, também costumam ganhar vida na imaginação infantil.
Os pais devem agir de forma natural entendendo a questão como uma fase do desenvolvimento da criança. Não precisa se assustar, achando que é algo anormal ou nocivo. Também não devem brigar, duvidar ou menosprezar o tal amigo invisível. E só devem entrar na brincadeira se solicitados e, mesmo assim, sem estimular ou ‘reforçar’ a presença do amigo.
As crianças normalmente têm consciência de que aquela figura, o amiguinho, não existe no mundo real. Mas ele ganha um valor afetivo simbólico importante, trazendo conforto e companhia em determinados momentos. Os pais não precisam incentivar nem inibir esse comportamento, o ideal é que se mantenham neutros.
Em alguns casos, a criança pode usar o ‘amigo’ para evitar uma reprimenda. Ou ainda, fugir de responsabilidades – um recurso para testar limites e regras. “Culpar”o amigo imaginário por seus próprios erros é um tipo de comportamento dos pequenos que é muito comum. Nesses casos, cabe aos pais explicarem que o erro é coisa séria do mundo real e que não deve acontecer, mesmo que tenham que estender a bronca ao ser imaginário.
É sinal de um problema, a criança ter um amigo imaginário?
Como disse, ter amigo imaginário, a princípio, não é indicativo de algum problema. O amigo imaginário costuma desaparecer naturalmente por volta dos 8 anos, quando a criança vai ganhando mais maturidade emocional e cognitiva. Fase também, em que tem mais recursos para lidar com a realidade. O aparecimento do amigo imaginário pode acompanhar perdas de entes queridos por morte, separação dos pais, nascimento de um irmão, mudança de cidade e/ou de escola. E nesses casos, o amigo imaginário é saudável e ajuda na superação desses lutos. Mas se a vinculação com o amigo imaginário extrapolar os 8 ou 9 anos, aí sim merece uma atenção especial dos pais.
O ideal não é extinguir de imediato o comportamento, pois o ‘amigo’ ajuda a suprir possíveis lacunas afetivas. Ou seja, ajuda a amenizar a solidão. Pode ser também, apenas um jogo simbólico, que proporciona prazer e estimula a criatividade. Mas os pais devem observar a intensidade com que o amigo imaginário aparece e a importância que ele tem. Avalie como anda o desempenho escolar, sono, alimentação, medos, comportamento agressivo e isolamento que também são sinalizadores importantes de que algo não vai bem.
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Quando o amigo imaginário não “sumir”, os pais podem se aproximar do filho e explicar que esse tal amigo é um produto da imaginação e que uma hora ele tem que ir embora. Se ainda assim o fenômeno persistir, pode ser um indicativo para os pais de que a criança pode estar fixada numa fase da vida. Nesse caso, vale uma investigação para entender o que está determinando essa dificuldade em fazer a transição para outra fase.
Os pais devem intervir quando o amigo imaginário estiver provocando desconforto, dominando ou assustando a criança. Pois, nesses casos, pode ser indício de um problema emocional, algo que precise de mais atenção. O ideal, nesses casos, é procurar ajuda profissional de um psicólogo. O amigo imaginário também não pode atrapalhar as amizades reais, ele deve ajudar na interação, melhorar o vocabulário e habilidades sociais.
É importante que os pais sempre propiciem aos filhos situações para que eles interajam com outras crianças, incentivem e estimulem essa convivência. Num mundo de mães cansadas, redes sociais, videogames, perigos fora de casa, muitos pais tendem a isolar o filho, preferir que fique quietinho dentro de casa jogando no tablet, sem fazer barulho e bagunça. Mas o que pais não podem esquecer, é que o filho tem a necessidade de interação social, do brincar e do ócio. E que isso é fundamental para que eles tenham um desenvolvimento saudável.
Se você gostou desse post, assista esse vídeo no Canal MdM, sobre as fases do bebê: