Se tem uma coisa que é unânime é: toda mulher sofre alterações de humor na gestação. A gente ri por qualquer coisa e de repente choramos por qualquer coisa também. Ficamos à flor da pele e nossas emoções variam entre alegria, felicidade, empolgação, incerteza, medo e irritabilidade. Bom, pelo menos comigo foi assim nas duas gestações. E muitas amigas também confirmaram isso.
Neste post, a nossa colunista, a psicóloga Kênia Gondo, explica nossas alterações de humor durante a gravidez. Confira!
Alterações de humor na gestação
Grande parte das mulheres sonham em ser mães em algum momento de suas vidas, mas normalmente não se preocupam com os inúmeros desafios que são inerentes a esta fase até o momento que ficam grávidas e então tudo muda. E os sentimentos e percepções podem impactar profundamente suas vidas de forma positiva ou trazendo um nível significativo de sofrimento.
Frente aos desafios que se apresentam na nova realidade algumas futuras mães se surpreendem com pensamentos de que talvez não tenha sido o momento certo para a tomada de decisão de ter o filho. E por outro lado, mulheres que não planejaram ficar grávidas ou até mesmo as mães solteiras, podem lidar muito melhor com a situação e ter menos sofrimento psíquico, encontrando-se satisfeitas e realizadas durante a maternidade…
Por mais subjetivo que seja este contexto, existe algo incomum a todas as mães no momento de suas gestações que é a mudança de humor decorrente das oscilações hormonais, mesmo diante as melhores circunstâncias.
Será que os hormônios são os únicos responsáveis por tantos contextos que sacodem as emoções das gestantes? Existe algo que a futura mãe possa trazer para seu controle para atuar de forma mais adaptativa e saudável nesta nova fase?
VAMOS ENTENDER UM POUCO SOBRE OS HORMÔNIOS DA GRAVIDEZ
Os hormônios são substâncias que regulam o organismo e são produzidos por glândulas como a tireoide, hipófise e ovário; alguns hormônios como a gonadotrofina coriônica ou HCG e a prolactina, são produzidos pela placenta.
O ovário tem a função de produzir todo mês os hormônios progesterona e estrogênio, responsáveis pela preparação do corpo para a fertilização. A progesterona é responsável por preparar o endométrio para que ele esteja pronto para receber e desenvolver o óvulo fecundado.
Quando o nível deste hormônio é baixo, a chances de aborto ou de parto prematuro são maiores. Ele provoca sonolência, enjoo e inchaços no corpo. O estrogênio tem a função no sistema circulatório, ele ajuda a reorganizar o metabolismo da mulher e do desenvolvimento do funcionamento do corpo do bebê.
A prolactina é um hormônio produzido pela placenta que, associado a ao hormônio lactogênio placentário, tem como função de deixar as glândulas mamárias apropriadas para a futura produção de leite.
O HCG se trata do hormônio que revela o resultado positivo nos exames de gravidez, é produzido pelo ovário após a concepção e possui um papel importante na manutenção da gravidez durante o primeiro trimestre.
Durante a gestação todos estes hormônios passam a ser produzidos de forma muito mais abrangente e alguns deles tem um efeito depressor do humor e a gestante se sente em baixa emocional, cansada, sonolenta, sem ânimo e é comum apresentarem uma hipersensibilidade que provoca o choro com muita facilidade.
OS HORMÔNIOS SÃO OS GRANDES VILÕES
Um dos grandes problemas, portanto, que interferem na oscilação do humor das gravidas é o aumento da quantidade destas substâncias, durante a gestação a produção da progesterona cresce numa média de 15 vezes e o estrogênio também sobe expressivamente.
Mas precisamos avaliar com mais cuidado antes de colocarmos a culpa dos problemas de humor da gravidez apenas nos hormônios pois há outras variáveis como, por exemplo:
- a mudança brusca no corpo da mulher;
- as mudanças sociais e no trabalho, assim como a adaptação com o parceiro, ou as preocupações com uma possível gravidez mal planejada;
- problemas financeiros;
- as projeções inconscientes também da historia da infância quando não houve uma mãe saudável para modelar ou memórias afetivas que podem ser prejudiciais;
- as crises existências que se tornam mais presentes;
- a pressão de ser uma mãe bem sucedia;
- a preocupação com a saúde do bebê;
- a falta de apoio para cuidar da criança por parte do parceiro que muitas vezes se percebe apenas com a responsabilidade de ser um provedor financeiro;
- a presença de algum problema de saúde mental da mãe;
- e até mesmo a cobrança social de que a mãe deva estar sempre com um sorriso no rosto e grata pela dádiva de trazer uma vida ao mundo.
ESTRATÉGIAS QUE PODEM AJUDAR A CONTROLAR AS EMOÇÕES
A chave para uma gravidez bem-sucedida está na informação e na orientação, é preciso entender melhor sobre os desafios da gestação e adotar estratégias importantes para experimentar este momento com mais tranquilidade, afinal é um momento que pode ser encarado com menos sofrimento e mais saúde emocional. Para cada mulher os sentimentos e sensações podem ser percebidos de uma forma única em cada gravidez, e muitas experimentam de sentimentos variados, positivos e negativos e intensidades também diferentes… a sugestão é sempre medir o grau de sofrimento e buscar ajuda quando sentir-se que as emoções estão comprometendo sua qualidade de vida. A psicoterapia cognitiva – comportamental pode ser muito útil para revisão de crenças e ensinar formas mais adaptativas para obter segurança e bem-estar e aprender a reorientar suas emoções frente as possíveis crises.
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Algumas estratégias que podem funcionar:
- Praticar os pilares de saúde (alimentar- se bem, descansar, exercitar, ter rotinas de prazer e distração);
- A prática de exercícios físicos deve ser orientada mediante a acompanhamento médico.
- Evitar muitos compromissos profissionais ou tarefas em casa;
- Ter um tempo para dialogar sobre suas incertezas, medos e preocupações com o parceiro, amigos ou familiares que lhe fazem bem;
- Praticar exercícios de respiração para acalmar a mente;
- Ler bons livros que falem sobre a criação dos filhos para fortalecer atitudes saudáveis futuras;
- Fazer psicoterapia para aprender a administrar melhor as emoções e autocuidado da saúde mental;
- Falar com outras grávidas ou frequentar cursos para futuras mães;
- Tirar um tempo para sair de casa, divertir-se de forma saudável sem colocar o foco apenas na gestação;
- Conversar com o parceiro ou alguém que possa oferecer ajuda de confiança, sobre a divisão de tarefas e cuidado dos filhos no futuro;
- Manter os sonhos profissionais com metas realísticas;
- Ser mais gentil com sua mente para não fazer cobranças irreais ou projetar falsas culpas frente aos desafios.
* Kênia Gondo (CRP 87810) é psicóloga pós graduada em psicologia cognitivo comportamental. É empresária e fundadora e diretora da Vivapleno, Espaço de Saúde Mental e Desenvolvimento Humano Integrado – Psicologia Clínica e Organizacional.
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