A alimentação infantil não é assunto fácil quando se trata de criar filhos. Tem dia que a gente acorda inspirada e prepara aquele prato bem bonito e colorido para eles. E o que acontece? Eles não querem comer nada ou só dão uma “fuçada” na comida.
Infelizmente, sei que essa realidade não é exclusiva aqui de casa e que muitas mães passam pelo mesmo perrengue (Leo come e sempre comeu bem, mas com Caê, na maior parte das vezes, o caldo engrossa. Sim, ele dá muito trabalho para comer!). O resultado é que, na ansiedade de convencer as crianças a comer, muitas vezes, acabamos dizendo frases “de efeito” ou fazendo coisas (naquele velho e bom “se vira nos 30”) que até funcionam naquele momento, mas que, no longo prazo, podem causar problemas e, inclusive, criar traumas alimentares (parece forte, não é mesmo? Mas é verdade).
Então, hoje, separei uma listinha de frases que você já disse ou coisas que você já fez (por que eu também fiz isso aqui sem perceber) que, idealmente, devem ser evitadas a partir de agora.
Então vamos lá…
Quando se trata de alimentação infantil, algo muito comum é impor situações ou exigências: Por exemplo: “você só vai brincar se comer tudo”, “você só vai comer a sobremesa se comer a verdura”. Existem também situações de comparação: “o seu irmão está comendo, você deveria fazer igual a ele” (faço o mea culpa: essa última frase já rolou por aqui).
Essas frases de “incentivo” criam na cabeça na criança uma relação ruim dela com a comida. Ela associa a refeição com um momento de pressão, que pode ser lembrado por longos anos, já que é normal encontramos adolescentes ou até adultos que não gostem de certos alimentos porque lembram que eram obrigados a comê-lo na infância. Outro problema na comparação, especialmente entre irmãos, é criar o sentimento de inferioridade no seu filho.
Então, o certo é explicar que ele deve comer o legume ou a verdura por que faz bem. E essa explicação sempre deve ser associada às coisas do dia a dia da criança, por exemplo: se você comer alface a barriga não vai doer na hora de ir ao banheiro (lembre-se: se a associação for benéfica tudo bem usá-la!), se você comer, pelo menos um pouquinho de cada alimento você vai crescer forte, e por aí vai…
Caso mesmo assim a criança rejeite, experimente fazer o legume de outra forma e oferecer outro dia novamente. Até que você consiga vencer esta batalha.
Deixar a crianças de castigo por ela não querer comer também é algo super reprovável. Isso não deve acontecer jamais. Fazendo esse tipo de ameaça a criança acaba desenvolvendo um temor, um trauma, um bloqueio com a comida. A comida não deve ser associada a algo ruim (eu não como, eu fico de castigo). A associação deve ser sempre positiva (eu como, eu fico forte e tenho energia para crescer, brincar, etc…).
Mais um fato comum e reprovado é querer que a criança coma tudo que está no prato. Por um lado nos sentimos aliviadas quando isso acontece, mas você já parou para pensar que a quantidade que está no prato pode não ser compatível com o apetite do seu filho? Além do que, não é por que ele comeu tudo isso ontem que hoje ele vai ter a mesma fome (ainda mais se acabou comendo alguma coisa um pouco antes do horário da refeição). A dica aqui é confiar na criança e deixá-la comer o quanto quiser para não interferir na saciedade dela (só ficando de olho para ver se ela não está comendo muito pouco frequentemente, aí é necessário ver alternativas saudáveis para ela comer mais).
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Oferecer guloseimas ou coisas que a criança costuma aceitar mais fácil após a refeição, simplesmente para ela não ficar sem comer também não é indicado. Se você fizer isso, ela irá entender que não comendo o que você quer que ela coma (alimentos saudáveis) ela poderá depois comer o que bem entender (o que nem sempre é bom para ela. Na verdade, quase nunca é). O ideal é, se a criança não quis fazer uma refeição, deixá-la sem comer até a próxima refeição. Parece maldade, mas é o melhor a se fazer e é para o bem dela.
A observação final é sobre distrações na hora da refeição. Brincadeiras como do tipo “olha o aviãozinho” ou incentivos para comer assistindo a um programa “pode comer na sala, vendo televisão”, fazem com que a criança deixe de prestar atenção no alimento, ou seja, no gosto, na cor e na textura, e aí, ela acaba comendo, só por comer, resultando em consequências como obesidade ou anorexia. O certo é a criança saber que a refeição, por si só, pode ser prazerosa. Por isso, o ideal é que a família sempre se reúna para comer e que fique longe de qualquer eletroeletrônico ligado (mas é claro que não vou ser hipócrita e negar que, de vez em quando, todo mundo recorre a isso para dar conta do recado. Não é o ideal, não é o certo, mas como eu sempre digo, no se vira nos 30 a gente faz o que dá e aí, se for a exceção, também não é o fim do mundo).
Apesar de o momento da refeição não ser uma tarefa fácil nos primeiros anos de vida, aos poucos, nosso trabalho vai tendo efeitos benéficos e a gente ela vai colhendo os resultado (assim a gente espera!).