Eu participo de alguns grupos de discussão no Facebook e hoje me deparei com um post que mexeu comigo, mesmo, a ponto de me fazer chorar e de vir aqui escrever esse texto.
Nele, uma das participantes mostrava a foto do seu priminho, um bebê lindo, de menos de um ano, e contava que ele nasceu com hidrocefalia e que, depois, descobriram que ele tinha um tumor no cérebro. Segundo o que ela relatou, ele iniciou o tratamento via convênio, no interior de São Paulo, mas agora o convênio afirma que não irá cobrir os custos de tratamento e hospedagem da família pois o seu plano ainda está em período de carência.
O bebê, então, começou o tratamento via SUS, mas a família não tem condições de custear hospedagem em outra cidade e aí surgiu o pedido de ajuda no grupo.
Gente, esse post cortou o meu coração. Me levou ao chão. O fato de eu estar grávida, o fato de eu ser mãe, ou o simples fato de eu ser humana, e ter um coração que bate dentro de mim, me fizeram ficar pensando sobre isso sem parar. E me fizeram, acima de tudo, parar para agradecer imensamente a saúde que o meu filho tem, pois, vamos ser sinceras, essa é a coisa mais valiosa que podemos ter. Mais valiosa mesmo que a nossa própria saúde.
Lembro quando o Leo tinha todos aqueles sintomas da APLV e que não sabíamos ainda que o problema era esse. Deus do céu! Eu fiquei pirada, maluca, fora de mim. Eu percebia que tinha algo errado com meu filho, que ele sofria por isso, que algo estava interferindo na sua saúde e não podia ajudar, porque simplesmente não sabia o que tinha e não conseguia convencer a antiga pediatra de que havia algo a ser investigado (para ela, era só cólica).
Aquela situação, tirou o meu chão, me levou quase a uma depressão, pois para mim era desesperador ver meu filho sofrendo e não poder fazer nada, não poder ajudá-lo, sequer saber o que ele realmente tinha.
Algum tempo depois, com o Leo sendo tratado por outro pediatra, descobrimos o seu problema e ele passou a ser atendido como deveria e se curou, no prazo de alguns meses. E hoje, não é que ele nunca tem nada, pelo contrário, vira e mexe tem alguma encrenca respiratória para tirar o nosso sono, mas ele já leva a vida como qualquer criança da sua idade, é feliz, ativo e cheio de energia. E acredito que isso já seja motivo suficiente para acordar, todo santo dia, e agradecer, agradecer e agradecer. Seja a Deus, seja ao universo, seja a qual for a força divina você acredita. Mas simplesmente agradecer.
E falar sobre isso agora me lembrou uma outra história. Certa vez, fui almoçar com uma amiga em um restaurante e quase que a gente sai de lá sem tocar na comida, de tanto que os nossos pequenos causaram. Quando não era um, era o outro dando escândalo, pois ambos eram pequenos, estavam irritados, estavam cansados e com sono e aí nada flui direito. Lembro que, no meio daquele caos todo, quando tanto eu quanto ela já estávamos perdendo a cabeça, visualizei na mesa em frente à nossa uma criança numa cadeira de rodas. Queita, imóvel, pacata e “comportada” (acredito que ela fosse paraplégica). Nessa hora, me calei. Não abri mais a boca para reclamar do comportamento do Leo, do que ele estava fazendo e do seu jeito super espoleta. Nessa hora, só agradeci em silêncio pela sua saúde e me desculpei por ter me irritado tanto com uma situação normal, banal e corriqueira como a de uma criança irritada em um restaurante (quem nunca passou por isso).
Assim, quero dizer que, de verdade, pouco importa se só temos um filho e queríamos ter dois, se temos um filho que não veio na melhor hora, se temos um filho que é mais espoleta do que a gente queria ou se dorme muito pior do que a gente sonha, o que importa mesmo, mesmo, mesmo é que ele tenha saúde pois nada, nada, nada nesse mundo tem mais valor que isso.
Sempre que você for reclamar de algo, perder a paciência, achar que seu filho tinha que ser assim ou assado, lembre-se que ele é saudável e que há milhares, mas milhares de famílias que dariam tudo para essa ser a realidade delas. Simples assim. Mas tão difícil da gente enxergar muitas vezes.