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A volta da CAXUMBA, timtim por timtim.

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De  uns tempos para cá, tenho ouvido falar em surtos de caxumba em várias regiões do país. Sendo assim, achei que esse seria um tema interessante de ser tratado aqui no blog e, para isso, chamei o médico pediatra Dr. Flávio Melo, cujo trabalho eu conheci através da sua página no Facebook.

Nesse texto, bem claro e direto, o Dr. Flávio tira as principais dúvidas sobre essa doença que havia desaparecido e que agora, pelo visto, está voltando com força total.

Aproveitem o conteúdo disponibilizado pelo Dr. Flávio e informem-se. Um texto rico e gostoso de ler.

caxumba
Photo Credit: joeymarasek via Compfight cc

A volta da CAXUMBA, timtim por timtim

Dr. Flávio Melo, médico pediatra autor do blog Pediatra do Futuro

Nos últimos tempos, sei que não tem sido fácil a vida das mães, dos pais e dos pediatras.

Desde o início do ano, uma série de “novidades” e junto com elas os já famosos boatos, deixam todos sobressaltados e de cabelo em pé. Fechamos o ano com a “sombra” da Zika, da microcefalia, da Chikungunya e da Dengue.

Quando pensávamos que nada mais pudesse piorar, a Influenza H1N1 resolve se apressar e casos graves que só esperávamos para o inverno (veja o que já escrevi a respeito clicando aqui), começam a se espalhar pelo Brasil, fazendo com que as clínicas de vacina ficassem iguais ao shopping no dia 24 de dezembro.

 

Então, uma certa calmaria se instalou, mas foi por pouco tempo, pois uma doença que provavelmente você só tinha ouvido falar das histórias da sua avó, de repente começou a aparecer aqui e acolá: a agora “desconhecida” caxumba.

Confesso, como pediatra formado há 11 anos, fazia muito tempo que não diagnosticava um caso e o problema também nos causou surpresa.

Mas há motivo para pânico???

De jeito nenhum! Há motivo para precauções e é justamente nesse sentido que escrevo esse texto aqui, a pedido da Shirley, para o blog Macetes de Mãe.

Então, bem diretamente, no esquema perguntas mais comuns e respostas, o que você precisa saber sobre o problema.

1- O que é caxumba?

É uma doença causada por um vírus, o Paramixovírus, cujo sintoma mais marcante é o inchaço das glândulas parótidas e submandibulares, que ficam um pouco à frente do lóbulo das orelhas, no chamado ângulo da mandíbula. Elas inflamam, crescem e você ou seu filho ficam parecendo “bochechudos”.

2- Como meu filho pode pegar?

O vírus é transmitido pelas pessoas doentes, através de gotículas respiratórias e mãos e objetos contaminados com essas secreções, parecido com o vírus da gripe.

3- Quanto tempo depois de pegar o vírus os sintomas podem aparecer?

Cerca de 16 a 18 dias depois do contato.

4- E quais são os sintomas?

Mais comumente o quadro inicia com uma febre, falta de apetite e dores musculares. Logo depois surge o inchaço nas parótidas, com dor local ao mastigar e ao tomar líquidos ácidos ou engolir. A febre dura em torno de 72 horas e a parotidite entre 2 e 10 dias.

As complicações são extremamente raras: em torno de 1% dos meninos podem ter uma inflamação no testículo, a chamada orquite. Essa complicação não parece aumentar significativamente o risco de infertilidade como se pensava, mas com certeza sua avó vai dizer que ela só acontece se o menino não cumprir o “repouso “que a doença exige.

Normalmente, nas pessoas vacinadas, cujos anticorpos diminuíram ao longo do tempo e pegam a doença, ela é bem mais leve, quase sem sintomas.

5- Quais os exames para diagnosticar?

Hemograma, a amilase e a sorologia para caxumba.

6- Qual o tratamento?

O tratamento é apenas sintomático, com repouso (sei o quanto é difícil para crianças), analgésicos e antitérmicos, bastante líquidos e evitar o consumo de alimentos ácidos que podem estimular mais a parótida e aumentar a dor.

7- Pode pegar mais de uma vez?

Regra geral, 99,9% das pessoas que pegam a doença e tem imunidade normal, ficam imunes. Em casos de recorrências, duas situações podem confundir: 1- uma deficiência imunológica, que deve ser investigada; 2-  Há vários outros vírus, bactérias e outras patologias, como o câncer e cálculos, que podem causar parotidites, adenites e o quadro se parece com a caxumba.

8- Quantos dias de afastamento da escola ou trabalho são necessários?

5 dias.

9- Mas a vacina não protege por toda a vida?

Pois é, isso é o que pensávamos… Mas com o surgimento de casos em adolescentes, adultos jovens (viu o caso do jogador Neymar no ano passado?) e idosos – muitos deles só tinham uma dose da vacina – estamos percebendo que a vacina não causa proteção definitiva, pois ela diminui com o tempo.

As crianças que antigamente só tomavam uma dose da vacina com 1 ano de idade, agora tomam duas doses: com 1 ano (tríplice viral) e 1 ano e 3 meses (tetraviral, junto com a varicela).

Não é improvável que futuramente, exista uma dose extra na adolescência, exatamente para aumentar a proteção.

10- O que faço se houver surto na escola ou universidade do meu filho?

Pois é, esses são os locais onde estão acontecendo os surtos. Nessa situação possivelmente serão checados os cartões de vacina do seu filho, em busca de duas doses no mínimo, e vacinados os adultos e idosos sem vacinação recente.

Pode ser recomendada a aplicação de uma terceira dose, a depender da decisão da vigilância em saúde local.

Pois é, como você acabou de ler acima, o problema é menor e menos grave do que se imagina e tomando as devidas precauções, você, seus filhos e sua família estarão protegidos.

Flávio Melo, Médico Pediatra. CRM5239/PB – RQE 3065

Quem sou eu?

Sou médico pediatra há 11 anos, formado em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba e Pediatria no Instituto de Medicina Integral Fernando Figueira (IMIP/Recife-PE). Enxergo que o futuro da prevenção na criança, passa por uma atuação nos hábitos familiares e estilo de vida, desde antes do casal engravidar.

Mantenho um blog chamado Pediatra do Futuro e uma fanpage no Facebook. Não deixem de visitar.

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