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É preciso ter uma alimentação restritiva na gestação?

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Será que precisamos ter uma alimentação restritiva na gestação? Existem muitos mitos e verdades sobre alimentação na gravidez. Principalmente, relacionado a alimentos que devemos restringir. Mesmo com o avanço da tecnologia possibilitando o acesso de informação, muitas mulheres ainda têm dúvidas sobre o que pode ou não comer.

Nesse post, nossa colunista, a Dra. Chiara, médica clínica, faz um texto completo falando sobre alimentação durante a gravidez. Ela vai esclarecer, inclusive, uma dúvida muito comum: gestante pode ou não pode comer peixe cru e verduras cruas?

Confira!!!

É preciso ter uma alimentação restritiva na gestação?

Você está grávida! Alegria, ansiedade, dúvidas e expectativas mil tomam conta de você nesse momento da vida.

Então é chegada a hora de compartilhar a novidade com familiares e amigos. Vamos?

Pronto! Foi dada a largada para os inúmeros conselhos e orientações do que a grávida pode ou não fazer, não é mesmo?

Você já ouviu que a gestante não pode comer peixe cru? Verduras cruas?

Mito ou verdade?

Verdade verdadeira! E hoje vamos ampliar essa lista sobre alimentação restritiva na gestação e conversar para entendermos um dos motivos desse cuidado materno especial.

Ou seja, essa orientação médica é para evitar a infecção por Listeria – uma bactéria encontrada no solo, na água e em alguns animais incluindo o gado e as aves de criação (galinha, codorna e peru).

Quando essa bactéria é ingerida através de alimentos contaminados por ela causa uma doença chamada Listeriose – um dos mais sérios tipos de intoxicação alimentar. O CDC (Centers for Disease Control and Infection) alerta que a infecção por Listeria é a terceira maior causa de morte por alimentos contaminados no mundo.

Na gestação há um cuidado ainda mais especial: a ocorrência de infeção por Listeria durante a gravidez é em média 13 vezes mais elevada que na população geral. E os registros de Listeriose em gestantes ocorreram em mulheres previamente saudáveis, sem nenhum outro fator de risco ou doença associada.

A infeção pode não gerar sintoma algum materno, porém quando há manifestação clínica os sintomas podem aparecer até dois meses após a contaminação e podem sugerir um quadro parecido com a gripe:

  • Febre
  • Dores musculares
  • Calafrios
  • Dor de cabeça

Essas alterações podem ou não terem sido antecedidas por sintomas gastrointestinais como:

  • Náusea
  • Vômito
  • Diarréia
  • Dor no estômago

Podem ainda surgir:

  • Confusão mental
  • Perda de equilíbrio
  • Torcicolo (pescoço endurecido)
  • Convulsão

O que precisamos compreender e estarmos atentas é que a Listeriose durante a gestação é transmitida ao feto, mesmo que a mãe não apresente qualquer sintoma.

Essa transmissão pode, portanto, resultar em abortamento espontâneo, óbito fetal e parto prematuro (nascimento antes de 37 semanas de gestação).

Os bebês que nascem contaminados apresentam a bactéria no sangue e/ou no cérebro e podem apresentar meningite, Sepse (quadro grave de infeção com risco de morte popularmente conhecida como infecção generalizada) e até a morte. Há ainda a possibilidade de causar problemas de saúde sérios a longo prazo como restrição intelectual, paralisia, crises convulsivas e, além disso, cegueira.

Eu sei que não trouxe boas notícias. Eu sei!

Mas quando entendemos o real motivo de uma orientação alimentar tão restritiva fica mais fácil seguirmos a dieta ao longo do desenvolvimento da gestação e puerpério (até 42 dias após o parto) pensando na saúde do bebê que está sendo gerado e na mãe que está em franca transformação.

Vamos agora entender como prevenir a ocorrência dessa intoxicação alimentar. Não é tão difícil, você vai ver.

Ou seja, tudo se baseia em alimentos bem preparados, hábitos de higiene regulares e não se expor consumindo alguns alimentos específicos.

A gestante deve evitar o consumo de:

  • Leite não pasteurizado
  • Cachorro-quente e frios, a menos que tenham sido preparados imediatamente antes de serem consumidos
  • Patês refrigerados de forma geral
  • Frutos do Mar defumados e refrigerados
  • Queijos feitos de leite não pasteurizados como: queijo fresco, queijo branco, queijo Brie, Camembert, Feta
  • Frutas e vegetais crus e não lavados (atenção especial com os brotos)

Na hora de preparar seu alimento esteja atenta para evitar a Listeriose:

  • Cozinhar e Pasteurizar os alimentos são as únicas formas de matar a Listeria!
  • Manter hábitos regulares de higiene básica como lavar as mãos antes e depois de tocar em alimentos, fraldas, animais e ir ao banheiro
  • Manter a cozinha e os utensílios de cozinha limpos. Lave-os com sabão e água quente após serem usados
  • Não lave carne e frango crus e ovos antes de cozinhar. Pois pode espalhar a bactéria por outras superfícies da cozinha
  • Não misturar alimentos crus com os cozidos na hora de armazenar
  • Guarde os ovos na geladeira, e os consuma em até 3-5 semanas
  • Mantenha sua geladeira na temperatura ideal e higienizada

O diagnóstico dessa doença é feito com a coleta de amostra de sangue, líquido cérebro-espinhal, placenta ou fezes e, além disso, a realização de cultura desse material em laboratório para verificar o crescimento dessa bactéria.

Se o material coletado estiver infectado, o laboratório identificará a presença da Listeria.

O tratamento da Listeriose é com o uso de antibiótico (algumas vezes podemos usar até uma associação de dois antibióticos distintos). Assim conseguimos combatê-la e evitar que seu bebê seja afetado. Tratamos por 14 dias em média.

Imagino que agora uma pergunta está na sua mente… “O que fazer quando suspeitar que ingeri alimento contaminado?”

Leia também: mitos e verdades sobre alimentação na gravidez

Você deve procurar atendimento médico e informar sobre a ingestão de alimentos possivelmente contaminados.

Esteja atenta se apresentar febre e, além disso, outros sintomas de uma possível Listeriose dentro de até dois meses após a ingestão destes alimentos suspeitos.

Portanto, se você comeu alimentos possivelmente contaminados com Listeria e não se sente doente, fique tranquila. Pois a maioria dos protocolos médicos considera que você não precisa de testes ou tratamento nesse momento.

Converse com seu médico sempre que tiver dúvidas sobre o que fazer, principalmente depois de comer alimentos suspeitos.

Espero que depois de explicar o motivo da orientação de alimentação restritiva na gestação seja mais fácil resistir ao desejo de romper a dieta. Enfim, desejo que esse momento restritivo seja encarado como mais uma doação de amor consigo mesma e com o bebê que está a caminho.

Esteja atenta!

Um beijo, se cuida.

 

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