No texto de hoje, as fisioterapeutas Ale Palazzin e Graziela Faelli, autoras do blog Tempo Mágico, abordam um tema que é de grande interesse de pais e mães: aprendizado. Será que, quando a criança faz algo bem pela primeira vez, isso significa que ela já aprendeu mesmo aquilo?
Venha ver a resposta dessas duas especialistas em desenvolvimento infantil, entender melhor sobre este assunto e descobrir a forma ideal de agir no momento que a criança está aprendendo algo novo.
Aprendizado: ter sucesso uma vez significa que a criança já aprendeu?
Por Ale Palazzin e Graziela Faelli
Você já passou pela seguinte situação?
Seu filho consegue fazer algo que nunca tinha feito antes, como pular corda, por exemplo. Ele fica orgulhoso da sua nova proeza e você como mãe/pai mais ainda. Alguns dias depois, a oportunidade de realizar a mesma brincadeira aparece novamente, mas dessa vez seu filho não consegue ter o mesmo desempenho: erra mais vezes, tropeça na corda, fica desanimado e quer desistir.
O que você responde para ele?:
a) “Filho! Você consegue! você já sabe pular corda! Fez isso outro dia… (e às vezes acrescenta: “Deixa de preguiça”…)
b) “Filho! É assim mesmo, você ainda está aprendendo… uns dias a gente consegue fazer melhor do que em outros…”
Muitas pessoas relacionam a fase de “estar aprendendo” como aquela ANTES da criança ter sucesso em uma atividade pela primeira vez (no nosso caso, pular corda), e acreditam que, a partir do momento que a criança consegue realizar algo pela primeira vez isso significa que ela já aprendeu.
Mas, na verdade, não é bem assim.
O aprendizado de uma habilidade motora é um processo que depende de bastante treino até que seja de fato consolidado no cérebro (ou seja, para que aquele “caminho” das conexões entre os neurônios se fortaleça o bastante para ser acessado com facilidade). Durante esse “período de treinamento”, o desempenho de qualquer pessoa (criança ou adulto) é variável, ou seja, em alguns dias ela será bem sucedida e outros nem tanto. Por outro lado, sabemos que uma pessoa já aprendeu quando ela consegue ter sucesso na maioria das vezes, de forma estável. (Isso não significa, no entanto, que não aconteçam mais erros… todos nós temos dias bons e ruins… o problema é quando isso acontece num final de campeonato né? Deixa todo mundo louco. kkkk).
Mas por que resolvemos falar tudo isso?
Especialmente em relação a crianças um pouco mais velhas, muitas vezes, sem saber, cobramos um desempenho, uma constância, que elas ainda não estão prontas para demonstrar (do ponto de vista de aprendizado), e isso, em muitos momentos, pode acabar inibindo a criança ao invés de estimula-la. Essa cobrança pode estar subentendida numa frase que falamos, numa postura que tomamos ou em outras atitudes que nem percebemos.
Por outro lado, se conseguirmos transmitir paciência e aceitação de que tudo o que aprendemos faz parte de um processo (ou seja, demanda tempo, treino, esforço, dedicação e que, mesmo assim alguns dias são melhores do que outros), isso pode influenciar não apenas no desempenho daquele novo movimento, daquela nova habilidade, mas também em como a criança irá encarar muitas outras situações que farão parte da sua vida.
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Alessandra Palazzin é fisioterapeuta, especializada em neuropediatra, mestre em aprendizado motor e mãe do Pedro. Graziela Faelli também é fisioterapeuta, especializada em neurologia pela USP, mestre em neurociências (UNICID) e mãe do Rafael. As duas são autoras do blog Tempo Mágico, que trata sobre desenvolvimento infantil. Siga o blog Tempo Mágico nas suas redes sociais e fique por dentro de informações interessantes e úteis sobre desenvolvimento infantil: Facebook e Instagram.