Categorias: experiências | Relatos e Impressões pessoais

Ser legal é fácil. Difícil é educar.

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Essa semana, levei o Leo e um amiguinho para brincarem no clube. Sabe como é: férias, gritaria e correria dentro de casa, crianças nos deixando maluca, a solução é fugir para um lugar aberto e, de quebra, ainda levar um amiguinho para fazer companhia e eles se divertirem juntos.

E aí, lá pelas tantas, no meio de uma brincadeira e outra, o amiguinho do Leo solta: “Nossa, Leo, você tem a melhor mãe do mundo!”. Eu, que estava ajudando-o a calçar seu tênis, agachada no chão, levantei meus olhos arregalados e, de susto, quase caí para trás.

Na hora, logo disse para o Leo: “Viu! Eu te disse!” (ahahaha!). E, na sequência, quis saber: “Mas, afinal, por que eu sou a melhor mãe do mundo?”. E aí, com toda simplicidade do mundo, o amiguinho do Leo me respondeu: “Porque você deixa comer bala e picolé no mesmo dia.”.

Nossa, nessa hora, um mar de pensamentos invadiu minha mente, mas o principal e mais marcante deles foi: “Como é fácil a gente ser legal.” Ou melhor: “Ser legal é fácil. Difícil é educar.”.

Pois é, fazer algo que agrade uma criança não é nada, nada complicado. Muitas vezes, basta a gente deixar aquilo que elas querem e a gente não quer. Pronto, está resolvido, elas estão satisfeitas e a gente fica em paz (não sei se com paz de espírito, mas naquela paz de não ter que ficar ouvindo o filho pedir mil vezes a mesma coisa, apurrinhar para fazer a gente dizer sim).

Mas aí, me pergunto: E é isso que a gente quer? É isso que a gente deve fazer? É esse o nosso papel?

Nós somos pais. Somos os formadores, educadores, orientadores dessas crianças que estão por aí. E essas são crianças cheias de demandas, cheias de vontade e com acesso a muita coisa. Tudo na vida delas é pra já, elas vivem num mundo que não precisam esperar (Netflix e Youtube estão aí para fazer com que elas tenham acesso aos desenhos preferidos na hora que bem entendem, e não como nós, que tínhamos que esperar até às 8h do dia seguinte para ver Smurfs de novo). E dizer não, negar algo que se quer, para já, se torna uma tarefa cada vez mais árdua.

E aí, muitos pais se vêem no dilema: deixar tudo e ser o “legalzão” ou comprar algumas (muitas) brigas para ensinar aos filhos o que é certo e o que é errado, o que é regra e o que é exceção?

Eu escolhi o meu caminho: eu compro brigas. Na maior parte das vezes, eu estou bem, mas bem longe de ser “a melhor mãe do mundo” que o coleguinha do Leo falou. Na regra, as coisas são rédea firme por aqui, na excessão, tem 1 balinha e 1 picolé no mesmo dia sim.

E agindo dessa forma eu estou em paz comigo mesma (não com a paz do silêncio, mas com a paz do espírito). Sei que muitas vezes meus filhos me olham como a mãe mais bruxa da face da terra (como quando eu digo que não dá para ir brincar na casa do vizinho naquela hora, ou que não é hora de usar iPad), mas em tantas outras eu também relaxo e faço as suas vontades, afinal, a exceção não é a regra e, desde que eles aprendam isso desde cedo, dá para concordar com eles em alguns momentos e tirar a roupa de bruxa para vestir a fantasia de melhor mãe do mundo.

E então, deixo aqui a minha pergunta: Vocês querem mesmo ser os melhores pais do mundo? Ou vocês preferem ser os melhores pais para os seus filhos? Aqueles que criarão melhores adultos para fazer um mundo melhor? Eu fico com a segunda opção. Nem que isso me custe o título de “melhor mãe do mundo” (aquele que só o amigo do Leo acha que eu tenho. Porque o Leo mesmo sabe que por aqui as coisas são bem diferentes disso).

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