Aprendi a ser uma daquelas mães pouco ansiosas e afobadas em se tratando de introduzir mudanças e novidades na vida dos filhos (falo de trocar banho de banheira por chuveiro, tirar fralda, mudar de berço para cama). Sou mais adepta de respeitar o tempo da criança e de prestar atenção nos sinais de que eles estão prontos para qualquer nova fase em suas vidas, pois acho que isso ajuda muito, torna todo o processo mais fácil.
Assim sendo, não estava nem um pouco preocupada em tirar o Leo do berço (por que? ele estava bem lá, não reclamava, não pulava, não fugia e dormia super bem). Mas aí engravidei, começou a ficar mais difícil levantá-lo para colocá-lo e tirá-lo de lá, e também percebi que precisava fazer a transição para liberar o móvel para o irmãozinho que está para chegar.
Assim, quando o Leo estava com, mais ou menos, 2 anos e 4 meses, resolvi que iria fazer a migração do berço para a cama. E, na verdade, decidimos que iríamos fazer uma mudança um pouquinho maior, ou seja, tirá-lo do quarto que ele estava e passá-lo para um novo quarto que ele iria ficar a partir daquele dia. Ou seja, ele não só mudou de um berço para uma cama como mudou para um quarto completamente novo, em outro cômodo da casa. Explico: a gente havia se mudado para a casa nova um mês antes, mais ou menos. E como eu não queria fazer duas mudanças significativas de uma vez – mudar de casa e ainda tirá-lo do berço – optei por deixá-lo no berço mais um pouco e só depois dele estar acostumado com a casa nova mudá-lo para uma cama).
Nós já tínhamos definido que o quarto dele seria aquele mesmo, só tiraríamos os móveis de bebê (berço e cômoda) e substituiríamos por móveis de criança (cama e criado mudo), mas aí uma amiga deu a sugestão de migrarmos o quarto do Leo para o cômodo menor, pois ele precisaria de menos espaço (só uma cama e um criado mudo, além do guarda-roupa que já estava no quarto), enquanto que o quarto do Caê precisaria de muito mais (berço, cômoda, poltrona amamentação, mesa acessória para a poltrona, blá, blá, blá).
Bom, acatei a sugestão e resolvi fazer dessa forma. E aí comecei a matutar como faria isso de forma tranquila, natural, gostosa e até divertida, para evitar que o Leo estranhasse muito, não quisesse aceitar a nova cama, quisesse voltar para o berço e, o que mais me preocupava, começasse a ter problemas para dormir (ou seja, não aceitasse ficar na cama quando lá colocado, demorasse para pegar no sono, levantasse no meio da noite e viesse para a nossa cama, essas coisas que vocês entendem bem).
O que fiz, para evitar um processo “traumático” de mudança, foi observar o jeito do meu pequeno, o que ele gosta e não gosta, como ele “funciona”, e levar MUITO isso em conta na hora de planejar como tudo seria. E assim, organizei as coisas mais ou menos da seguinte forma:
1. Comecei decidindo fazer uma surpresa para o Leo. Em vez de deixá-lo escolher a nova cama e novos móveis do quarto, como costuma ser bastante comum nesse tipo de mudança e dar muito certo, eu optei por escolher e decidir tudo e só depois apresentar para ele a novidade já pronta. Por que decidi fazer dessa forma, indo um tanto quanto contra o que muita gente prega como sendo a melhor alternativa? Porque conheço o meu filho. O Leo AMA surpresas, adora novidades, fica encantado com coisas novas. E também porque eu tenho consciência que, na sua idade, o processo decisório é algo que, muitas vezes, pode gerar mais ansiedade e até stress do que propriamente prazer. A gente adora escolher algo novo, mas uma criança de 2 anos ou 2 anos e meio fica meio perdida nessas ocasiões, não sabe que alternativa escolher, quer tudo, e aí, em vez de ser algo bacana, vira um problema. Assim sendo, já conhecendo o Leo e como ele funciona, optei por fazer uma surpresa em vez de levá-lo para escolher tudo comigo.
2. Optei por uma cama em vez de mini-cama. Confesso que estava encantada com a ideia de comprar uma mini-cama no formato de um jipe para o Leo, mas aí resolvi ouvir o que meu marido tinha a sugerir sobre o assunto, dei o braço a torcer e tive que concordar com ele. Ele era da teoria que valia muito mais a pena a gente comprar uma cama de solteiro, de preferência uma bicama, do que investir em um móvel que seria provisório. Assim, optei por comprar uma bicama bem baixinha que, além de ser útil nas ocasiões que o Leo receber a visita de amiguinhos, também ajuda a evitar acidentes (nos primeiros dias eu deixava a parte de baixo parcialmente puxada pois, se o Leo rolasse, ele cairia sobre outro colchão. De qualquer forma, também comprei uma grade protetora, acoplei na cama, e nunca tive problemas. Ele nunca rolou para fora (o outro lado da cama fica encostado na parede).
3. Criei uma expectativa saudável no pequeno. Uns 10 dias antes do Leo conhecer o seu quarto novo, eu comecei a falar que ele ia ter uma surpresa muito legal, que iria ganhar um quarto novo, com cama nova, de adulto, e que seria um quarto bem mais legal que o atual. Todos os dias eu tocava no assunto, contava a novidade para outras pessoas na frente dele e ia criando uma expectativa positiva, uma ansiedade gostosa. Mas também cuidei para não começar isso muito cedo, para evitar que ele ficasse muito tempo ansioso e que algo que deveria ser legal se tornasse uma espera frustrante. Considerei 10 dias um bom tempo, pois foi o suficiente para criar a curiosidade, o interesse, sem deixá-lo frustrado esperando muito tempo.
4. Observei suas grandes paixões da época e levei-as para dentro do quarto. Na fase de mudança de quarto Leo estava in love com dois filmes: Madagascar e Toy Story. Ele não tinha nenhum boneco de nenhum desses dois filmes, assim, fui atrás deles para colocar como surpresa dentro do quarto. Acabei comprando o Woody e o Buzz, de ToyStory, e aí, depois, quando ele foi para o quarto novo, eles estavam esperando por ele sentadinhos em cima da cama. Nem preciso dizer que o Leo surtou quando viu. Ficou maluco, feliz, abraçava, beijava os bichinhos e aí, na hora de dormir mesmo, falei que ele tinha que cuidar dos amiguinhos, ficar do ladinho deles, e acho que isso ajudou-o a acostumar com a cama mais facilmente (afinal, tinha companhia lá, não estava sozinho, e era uma companhia querida).
5. Investi em brinquedos, não na decoração. Criança não se liga muito em decoração. Quem curte mesmo, são os pais (na verdade, a mãe). Bom, pelo menos, é isso que eu acho. Assim, em vez de me preocupar com um tema para o novo quarto do Leo, eu me preocupei mais em deixá-lo alegre e divertido, com vários brinquedos para ele curtir o espaço de cara. Sei que isso ajudou por um lado (ele adorou o quarto), mas atrapalhou por outro. Nos primeiros dias, ele queria levar todos os brinquedos para a cama e aí ficava batendo naquele monte de carrinhos e bonecos e tinha mais dificuldade para dormir. Com o tempo, fui tirando alguns brinquedos e só deixando mesmo o que ele mais gostava, para ele ficar menos empolgado para brincar e mais focado em dormir e descansar. Importante: eu não comprei um monte de brinquedos novos para decorar o novo quarto. O que fiz foi comprar só os dois principais, meus queridos colaboradores no processo de mudança (Woody e Buzz), e aproveitar brinquedos antigos, guardados e que o Leo já tinha até esquecido, para decorar o ambiente. Agora, aos poucos, estou colocando quadros, nichos e outros detalhes que agradam a mamãe aqui e nem tanto o pequeno.
6. Fizemos uma “festa” de inauguração do quarto. Como funcionou? Deixamos o Leo na casa da avó por algumas horas para arrumar direitinho tudo nos seus devidos lugares e prender alguns balões do lado de dentro do quarto e também pendurados na porta. Assim, quando ele voltou para casa e se deparou com um quarto todo decorado com balões foi aquela alegria. Estávamos só nós três, eu, Leo e seu pai, mas ele fez aquela festa, queria brincar com todos os balões e se divertiu para caramba. Aqui, uma observação: como tudo isso aconteceu na hora dele ir para a cama, ou seja, no final da tarde, antes do seu banho, ele estava suuuuuuper excitado na hora de efetivamente dormir e aí a primeira noite foi um tanto quanto complicada. Eu deitei com ele na cama, contei uma história, fiquei por ali um pouco e nada do pequeno dormir. Depois, veio o pai que ficou com ele até a hora que ele pegou no sono. Acredito que toda essa novidade um pouco antes dele relaxar e descansar atrapalhou as coisas então, talvez, eu indicaria apresentar o quarto novo mais no início do dia, para ele poder curtir tudo com tempo e aí, à noite, a hora de relaxar e dormir será mais tranquila.
Bom, nesse primeiro post sobre a mudança do berço para a cama eu contei todos os detalhes de como foi a experiência por aqui. Agora, vou fazer mais dois posts sobre o assunto: um com outras dicas que prometem ajudar nessa transição berço – cama (mas que eu não coloquei em prática) e outro com sugestões do que fazer caso a criança não queira ficar cama na hora de dormir ou fique levantando várias vezes durante a noite. Em breve esses posts estarão por aqui. Como sempre, sem trazer verdades universais, mas com dicas do que foi testado e aprovado pela gente ou com sugestões que eu vejo funcionarem para outras pessoas.